Agostinho de Hipona



Basta olhar para as coisas para ouvi-las dizer isso.
 Tu, Senhor, fizeste essas coisas. 
Porque és belo, elas são belas;
 porque és bom, são boas; porque tu és, elas são.

Os homens viajam para se maravilharem com
a altura das montanhas as ondas imensas do mares,
  longos cursos dos rios vasto âmbito do oceano,do movimento circular das estrelas e passam por si mesmos sem se maravilhar.
Santo Agostinho (354-430), em “Confissões”





“O homem que se espanta é ele mesmo grande maravilha”

Estreita é a casa de minha alma 
para que venhas até ela:
 que seja por ti dilatada. 

Está em ruínas; restaura-a. 

Há nela nódoas que ofendem o teu olhar:
 confesso-o, 

pois eu o sei; porém, quem haverá de purificá-la? 

A quem clamarei senão a ti? 
Livra-me, Senhor, dos pecados ocultos, e perdoa a teu servo os alheios!
Creio, e por isso falo. Tu o sabes, Senhor.
Acaso não confessei diante de ti meus delitos contra mim, ó meu Deus? 
E não me perdoaste a impiedade de meu coração? 
Não quero contender em juízos contigo, que és a verdade, 
e não quero enganar-me a mim mesmo, para que não se engane a si mesma minha iniqüidade.

Não quero contender em juízos contigo, porque, se dás atenção às iniqüidades,
 Senhor, quem, Senhor, subsistirá?


(Confissões, Agostinho de Hipona, capítulo V)



Santo Agostinho



Ama e faz o que quiseres. 
Se calares, calarás com amor; 
se gritares, gritarás com amor; 
se corrigires, corrigirás com amor; 
se perdoares, perdoarás com amor. 
Se tiveres o amor enraizado em ti, 
nada senão o amor serão os teus frutos.
Santo Agostinho



O Amor é o peso da alma, sua lei da gravidade, 
aquilo que leva o movimento
da alma ao repouso”
Sto Agostinho



Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade"
Santo Agostinho


Quem me dera descansar em ti! 
Quem me dera que viesses a meu coração e que o embriagasses, 
para que eu me esqueça de minhas maldades
 e me abrace contigo, meu único bem! 
Que és para mim? 
Tem piedade de mim, para que eu possa falar. 
E que sou eu para ti, 
para que me ordenes amar-te e, se não o fizer,
 irar-te contra mim, ameaçando-me com terríveis castigos? 
Acaso é pequeno o castigo de não te amar? 
Ai de mim! 
Dize-me por tuas misericórdias, meu Senhor e meu Deus, que és para mim? 
Dize a minha alma: Eu sou a tua salvação.
Que eu ouça e siga essa voz e te alcance. 
Não queiras esconder-me teu rosto.
 Morra eu para que possa vê-lo para não morrer eternamente.






Aquele que era Deus fez-se homem, 

assumindo o que não era, 

sem perder o que era; 

e assim Deus fez-se homem. 

Neste mistério encontras o socorro 
para a tua debilidade e encontras 
nEle aquilo de que necessitas 
para alcançar a tua perfeição. 

Cristo te eleve em virtude da sua humanidade; 
te guie em virtude da sua humana divindade, 
e te conduza à sua divindade.
(Comentário ao Evangelho de João 23 6)

Santo Agostinho




A morte não é nada. 
Eu somente passei 
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês, 
eu continuarei sendo.

Me dêem o nome 
que vocês sempre me deram, 
falem comigo 
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo 
no mundo das criaturas, 
eu estou vivendo 
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene 
ou triste, continuem a rir 
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi, 
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo 
o que ela sempre significou, 
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora 
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora 
de suas vistas?

Eu não estou longe, 
apenas estou 
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.
Santo Agostinho




Então será a alegria plena 

e perfeita, a felicidade 

perpétua;

quando já não tivermos 

por alimento o leite 

da esperança,
mas o alimento sólido 
da realidade.

Também agora, antes 
de chegarmos
a essa Ventura 
ou antes
que essa Ventura 
chegue a nós,
alegremo-nos 
no Senhor
porque 
não é pequena 
a alegria
da esperança 
que nos garante
a futura realidade.
(Sermão 21.3)
Santo Agostinho

À minha mesa vos convido.
Nela ninguém morre,
nela está a vida
verdadeiramente feliz,
nela o alimento
não se corrompe,
mas refaz e não se acaba.

Eis para onde vos convido,
para a morada dos anjos,
para a amizade do Pai
e do Espírito Santo,
para a ceia eterna,
para a fraternidade comigo;
enfim, a mim mesmo,
à minha vida eu vos conclamo!
Não quereis crer
que vos darei a minha vida?
Retende, como penhor a minha morte.
Santo Agostinho


É impróprio afirmar que os tempos são três:
 pretérito, presente e futuro.
 Mas talvez fosse próprio dizer que os tempos são três:
 presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas,
 visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras.
Santo Agostinho




Diante de Deus, está sempre a descoberto o abismo da consciência humana: que poderia haver de oculto em mim para Deus, por mais que eu não quisesse dizer a verdade? Conseguiria apenas ocultar Deus aos meus olhos, mas não poderia ocultar-me dos seus”. 

Santo Agostinho



Agostinho de Hipona,
 conhecido como Santo Agostinho (354-430),
foi um filósofo, escritor, bispo e teólogo cristão africano, 
responsável pela elaboração do pensamento cristão.
Deixou uma obra literária gigantesca,
 foram 113 trabalhos, 224 cartas e mais quinhentos sermões

Poesia da Existencia




Poesia da Existência...


"O que está errado com o poeta? Há algo errado com o poeta aos olhos do filósofo - porque o poeta é ilógico, e o poeta permanece em estado de inocência e o poeta confia no mistério da vida, e também não tenta saber, o poeta vive esse mistério da vida. Ele não está preocupado com o porquê dela, ele não se preocupa em analisá-la em dissecá-la.

Quando se encontra uma flor ele a desfruta. Ele a ama. Fala com a flor, comunica, dança ao redor dela, celebra-a. Mas não se preocupa em saber porque essa flor está aí. O porque nunca ocorre ao poeta. Ele aceita as coisas como são- não entra no seu passado, não busca a causa original e não se preocupa com o fim último. Esse momento é tudo para o poeta; ele é absorvido no aqui e no agora.

A religião é a forma máxima de poesia, a forma essencial de poesia. Assim eu digo a vocês é preciso compreender o Ahh!!! das coisas e então tudo é compreendido; lembrem-se compreendido não é conhecimento. Conhecimento é objetivo, compreensão é subjetivo.

Você compreende quando ama. (...)
O poeta compreende, o místico, o religioso compreendem, eles não sabem. E a compreensão só é possível quando você participa - quando não fica de fora, mas quando mergulha.
Compreender uma flor significa se tornar flor, compreender uma mulher, significa se tornar aquela mulher; compreender um homem significa interagir tão totalmente com aquele homem que todos os limites são fundidos, que seus seres começam a se sobrepor um ao outro, que chega um momento de encontro em que é muito difícil dizer quem é quem.

Quando dois seres pulsam em tal uníssono, é quase como se fossem um - quando as batidas de seus corações estão no mesmo ritmo, quando respiram como se houvesse apenas uma alma, talvez dois corpos, mas uma alma - quando a participação for tão total, só então você conhece.

Se você puder fundir-se com a existência, então você é religioso. Esse fundir-se eu chamo de oração. Quando alguém se fundiu tão profundamente com a existência, que não fica diante dela como aquele que conhece, separado do conhecido, mas quando aquele que conhece e o conhecido tornaram-se um- naquele momento são revelados os segredos. Entretanto os mistérios não são destruídos, os mistérios são aprofundados mais e mais.

Lembre-se sempre que, se os mistérios da sua vida continuarem a se aprofundar, você está na trilha certa. Se começar sentindo que não há nenhum mistério na vida e você se torna instruído, está no caminho errado.
Seja tanto quanto possível um poeta - porque o místico é o crescimento do poeta. O poeta está a caminho de ser um místico e só um poeta pode ser um místico.(...)

A poesia significa unidade, o conhecimento significa divisão. A poesia significa fazer pontes e conhecimento significa romper pontes.
Se o homem moderno parece tão triste, vazio, a razão é que a filosofia teve sucesso - a razão é que a filosofia liberou muito conhecimento. E as universidades continuam a encher suas cabeças com conhecimento.(...)
A poesia está muito perto do silêncio, porque ela diz e, no entanto, não diz. Esta é a definição de poesia : ela diz e não diz. Usa as palavras de tal modo que o silêncio não é perturbado.
Usa sons de um modo hábil que o silêncio é aumentado, não destruido.(...)

Mergulhe dentro de si mesmo e tocará aquele âmago de maravilhar-se que ainda está lá.
Você ainda é uma criança, e as vezes essa criança vem à tona. Em momentos de amor, em momentos de alegria, às vezes escutando música ou vendo um por do sol, a criança aparece -e novamente você está correndo atrás de borboletas e novamente seus olhos tem brilho e novamente seu coração está batendo em um ritmo novo. Isso acontece de vez em quando com todo mundo.
A pessoa religiosa faz disso sua própria vida. A pessoa religiosa é aquela que faz disso seu próprio estilo; ela vive em maravilha, ela respira em maravilha, ela caminha em maravilha. Tudo cria maravilha nela - um seixo ou uma folha seca é tão maravilhosa quanto qualquer coisa. Se você tem os olhos para maravilhar-se então o milagre encontra-se em todos os lugares; está espalhado por todo lado.
A existência é feita de um material chamado milagre.
É milagrosa, de uma extremidade a outra - você apenas precisa ter olhos que ainda sejam capazes de maravilhar-se. Os olhos que ainda são capazes de se maravilhar, são jovens e os olhos que não são mais capazes de maravilhar-se são cegos, velhos e mortos.

Limpe a poeira dos seus olhos. Por poeira quero dizer conhecimento. Se você puder aprender só uma coisa aqui comigo, se você puder aprender a maravilhar-se, você aprendeu tudo. Se puder tornar-se inocente novamente, como era em sua infância, você está muito perto de Deus.
Osho em A Revolução, conversa sobre Kabir

A Morada da Paz

Frente à Face Divina 

 Tagore





"Dia após dia, desde o início dos tempos, a luz renasce a cada manhã. Os primeiros clarões da alvorada se infiltram nos jardins de flores, espalhando no coração dos botões recém-nascidos uma mensagem de esperança: "Você ainda o ignora, mas logo suas pétalas se abrirão, seu perfume se difundirá e também você se revelará em toda a sua beleza." 






A alvorada derrama igualmente, como bênção, seu brilho dourado sobre os campos de trigo verdejantes e lhes murmura, outra e outra vez: Hoje vocês talvez digam a si mesmos que suas hastes, de delicado verde, nas quais o vento brinca e que encantam os olhos, são tudo que sempre terão a oferecer. 






Contudo um dia, de vocês brotarão, frutos da vida que as anima, pesadas espigas carregadas de grãos. Para cada flor não desabrochada, a claridade da manhãzinha traz a promessa de um pleno desenvolvimento: aos trigos ainda não maduros, ela anuncia as riquezas da futura colheita. Assim, a cada dia, a luz da alvorada faz dançar seus raios de esperança entre as flores e as hastes de trigo.






Todavia, essa luz sempre nova não ilumina apenas os jardins, as florestas e os campos. A cada manhã, quando entreabre para nós as cortinas do sono, ela fala com nossa alma. Ela é, também para nós portadora de esperança. Não nos faz ela pressentir uma realização semelhante à do botão de rosa, ao desabrochar de alguma coisa que amadurece de noite dentro de nós, como espiga fecunda que espera, no íntimo de nosso ser, o instante de se alçar às alturas do céu.






Uma exortação, sempre a mesma, emana da luz: Veja! 


Uma vez ao menos, olhe e veja! 






Nós entreabiremos as pálpebras de distinguimos formas variadas. Na verdade porém, nossas sensações visuais permanecem embrionárias: assim como o botão de rosa ainda fechado, somos fundamentalmente cegos. Ainda não nos foi dado colher os frutos de uma visão perfeita, assim como não colheríamos os grãos de trigo se a espiga não se levantasse para os céus. Nossos olhos ainda não abertos, criam obstáculos a uma autêntica percepção das coisas.






Mas a luz vem, a cada manhã, de sua fonte longínqua, nos incitar a olhar melhor. Esta palavra iniciática: "Veja!", que ela faz vibrar em nossos ouvidos, oculta uma garantia sempre renovadora: em nosso modo de ver limitado, esconde-se o germe de um olhar novo, hoje meio sonolento, inconsciente do que ele será no termo de sua lenta maturação.






Essas não são palavras de pura retórica, palavras de poeta que se embriaga de sons. Também não procuro transmitir algum conhecimento de ordem metafísica, nem fruto de minhas meditações. Trata-se simplesmente de uma evidência que se impões ao olhar.






O Universo que a luz da alvorada desvela não tem a certeza de nosso pequeno mundo pessoal, muito frequentemente limitado ao leito, ao quarto em que nos despertamos. Em todo lugar, sob a abóboda azul dos céus e até os confins do horizonte, o sol nascente, adornando o mundo com seu brilho, nos dá a oportunidade de descobrir uma multidão de seres e de objetos de esplendor inaudito. Longe de iluminar apenas um recanto indispensável à satisfação de nossas necessidades cotidianas, ele torna perceptível uma imensidão sem limites. (...)






A claridade do dia, que promete ao botão de flor, fechado em si mesmo, uma eclosão ainda inconcebível, acaricia nossos olhos com uma esperança também irracional: "Existe um outro modo de ver - total iluminado - em gestão dentro de você. Se, a cada manhã estou aí novamente, é para que você saiba que um dia ele desabrochará plenamente."(...)






Ninguém poderia dizer como nos aparecerão, quando nós os contemplarmos em união com a plena consciência, esses objetos e esses seres que o olho humano hoje distingue. Contudo, uma coisa é certa:a mensagem de esperança que a luz canta quando na alvorada, vem iluminar nosso universo ainda se encontra longe de estar realizada. 






Nosso poder visual é demasiadamente pouco desenvolvido para que possamos reconhecer naquela árvore a materialização da Felicidade divina. Não estamos ainda em grau de entrever a Imortal Beleza através de um rosto humano. "Ele é bem-aventurança, Esplendor e Imortalidade": no dia em que nossos olhos proclamarem essa verdade, sua capacidade latente de visão integral se terá tornado efetiva. 



Nesse momento, quando nosso olhar se voltar para os céus, ele aí descobrirá a Face divina, "A Face da Graça".


Então, nos prostraremos diante de todas as coisas; diante dos animais, ou das plantas nosso sentimento de superioridade se desvanecerá, e poderemos com toda sinceridade, repetir estas palavras dos Upanixades:



"Eu me inclino diante daquele que anima o universo inteiro, tanto o menor fiapo de relva como a mais grandiosa das árvores".


Rabindranath Tagore em A morada da Paz.

Somos Convidados


"Havia um rei que todas as noites costumava das umas voltas pela cidade para ver como estavam as coisas - é claro que ele ia disfarçado.
Certa vez ele encontrou um rapaz muito belo, sentado em baixo de uma árvore, e viu que todas as noites o rapaz estava ali, no mesmo lugar.
Até que uma noite ele se aproximou e perguntou ao rapaz: porque você não vai para sua casa dormir?
E o jovem respondeu: As pessoas vão para suas casas dormir porque elas nada têm para guardar. Eu tenho tesouros tão grandes que não posso dormir, preciso guardá-los.
O rei disse: que estranho, não vejo nenhum tesouro por aqui?
O jovem explicou: Esses tesouros estão dentro de mim, o senhor não os pode ver.
Daí que todas as noites os dois conversavam e o rei começou a ver no jovem um santo, um sábio, que emanava uma aura de amor, de compaixão, de silêncio e meditação. A amizade e a confiança cresceram até que uma noite o rei o convidou a ficar hospedado em seu palácio.
Acreditando que o jovem não aceitaria, o jovem aceitou.
Ofereceu-lhe o melhor aposento, acreditando que o jovem recusaria, mas o jovem aceitou.
E ali passou dias, dormindo bem, se alimentando bem...
E isso fez o rei ficar desconfiado; será que ele tinha sido enganado, que o jovem era um oportunista, que a santidade era falsa..
No sétimo dia, o rei ia convidá-lo a se retirar, e ai lhe fez uma pergunta:
Qual a diferença entre você e eu?
O jovem sorriu, e disse venha comigo que lhe responderei.
Os dois tomaram seus cavalos e foram até a fronteira do reino.
O rei disse: bem chegamos a minha fronteira, na outra margem é um outro reino não posso seguir.
As margens do rio, o jovem saltou do cavalo e disse: Bem daqui estou indo. O senhor pode ficar ou se quiser pode vir comigo.
Aonde você vai, perguntou o rei?
O jovem disse: meus tesouros estão comigo, aonde quer que eu vá, os meus tesouros estão comigo. O senhor vem comigo?
Como posso ir, respondeu o rei, meu palácio, minha familia todos estão atrás de mim...
O jovem então disse: está é a diferença entre nós. Eu posso me sentar em baixo da árvore, ou viver em um palácio como um imperador, porque meus tesouros estão dentro de mim. Se é debaixo de uma árvore ou se é dentro de um palácio não faz diferença. O senhor pode voltar, eu estou indo para o outro reino.
O rei se arrependeu, tocou-lhe os pés e pediu perdão..
O jovem sorriu e disse, não me peça desculpas...
Ir ou ficar não faz diferença. Meus tesouros vão comigo aonde eu for...já os seus..."
Osho em Autobiografia de um Mistico Espiritualmente Incorreto.


Plantando amor...


"Você é um convidado. Deixe esta terra um pouco mais bonita, um pouco mais humana, um pouco mais amável, um pouco mais amorosa, um pouco mais perfumada para todos os hóspedes desconhecidos que virão depois de você.

Uma antiga história sufi: o rei de Bagdá costumava dar uma volta pela cidade em seu belo cavalo, só para ver como estavam as coisas — é claro que ele ia disfarçado, e não como rei —, assim ele podia ver como era a realidade. Se ele fosse como rei, então ele veria apenas o que era bonito e a ele não seria mostrada a face verdadeira das coisas — ele veria somente a máscara.

Todos os dias ele via um homem, um homem muito velho, talvez com mais de cem anos, trabalhando no jardim, plantando mudas, mas essas mudas não eram de plantas ornamentais. Se fossem flores ornamentais não haveria nenhum problema. Mas eram mudas de cedros do líbano, que crescem trinta metros, sessenta metros de altura, quase tocando as estrelas, e eles levam centenas de anos para atingir essa altura. Eles vivem mil anos, dois mil anos, três mil anos e são umas das árvores mais bonitas.

O rei ficou perplexo porque aquele velho, que estava com cem anos, não poderia nem mesmo ter esperança de ver a próxima primavera. Suas mãos estavam tremendo, ele era tão frágil, a qualquer momento a morte poderia levá-lo embora. E por que ele estava plantando aqueles cedros? Ele não os veria crescer, não os veria chegar à fase adulta, não veria a beleza deles quando eles começassem a tocar as estrelas.

Por fim, foi impossível para o rei a resistir à tentação. Um dia ele parou seu cavalo, foi em diração ao velho e disse: "Eu não deveria interferir em seu trabalho, mas eu não posso resistir à tentação."

O velho respondeu: "Não há nada com que se preocupar, meu filho. Você pode perguntar o que quiser."

O rei disse: "A minha pergunta é: você nunca será capaz de ver essas árvores tornarem-se adultas, você terá ido muito antes disso ...."

O velho falou: "Isso é verdade."

O rei disse: "Você sabe que é verdade e ainda assim você continua fazendo isso?"

O velho disse: "Se meus antepassados não tivessem plantado as sementes — basta ver do outro lado do meu jardim os altos cedros — eu nunca os teria visto. Se os meus antepassados não tivessem sido tão generosos com as crianças que ainda não conheciam, que ainda estavam por vir, que seriam os visitantes, que seriam os hóspedes.... Ainda assim eles trabalharam duro e criaram essas árvores monumentais. Olhando essas árvores eu reuni coragem e trabalhei duro, porque certamente eu não verei o belo crescimento, mas alguém verá. Meus netos, ou talvez até mesmo os filhos deles, poderão ver quando elas chegarem a sua glória plena. É o suficiente para que eu não seja desleal com meus antepassados. Se eles puderam confiar no futuro, no hóspede desconhecido, eu também posso confiar. "

Somos todos hóspedes, mas não use este belo planeta como uma sala de espera de estação ferroviária. Não é uma sala de espera. É a nossa casa, por enquanto, e ainda vai ser a casa de alguém. Não seja tão miserável a ponto de dizer: "Irei embora — daqui a dez minutos o trem chegará, então quem se importa se eu deixar a sala de espera suja?"

Ninguém pertence a este planeta. Mas a partir do momento em que estamos aqui, e neste momento temos que estar aqui totalmente, intensamente, temos que fazer deste momento o mais bonito possível. Temos que viver nossa vida como uma dança, então, quando saímos, quem vier depois de nós vai achar que as pessoas que estiveram aqui não eram pessoas medíocres; "eles deixaram flores e perfumes, eles deixaram os ecos de suas canções e suas danças, eles deixaram as suas pegadas em puro ouro vinte e quatro quilates.

Não é ruim que sejamos hóspedes. É uma grande oportunidade: o planeta, a existência tem sido tão generosa, tão gentil, tão amável, tão receptiva que regozijou-se com o fato de você estar aqui.

Deixe a sua marca. Você pode ter ido, mas o seu riso, o seu amor pode permanecer. Você pode ter ido, mas a sua dança pode permanecer. Você pode ter ido, mas a maneira como você viveu vai continuar criando suas vibrações próprias. No futuro as pessoas lembrarão, com gratidão, de que são herdeiros de um grande planeta e de uma grande raça de seres humanos."
Osho em The Golden Future

DEPENDENCIA QUIMICA e FLORAIS DE BACH

DEPENDENCIA QUIMICA e FLORAIS DE BACH 




OBSERVAÇÃO: estas breves indicações dão uma ideia do objetivo de cada Floral.
Os Florais de Bach Originais não substituem o tratamento médico. 
Eles o complementam.
RESCUE
É uma combinação de cinco essências florais usado por pessoas que sofreram algum trauma ou choque, seja física ou mental. É o floral que você procura para depois de um acidente, uma discussão. Pode ser útil durante períodos de estresse extremo ou agudo, possibilitando que você recupere seu foco mental e a determinação. O floral é útil também se você esta perdendo o controle de si mesmo.
AGRIMONY
É frequentemente usado para pessoas que sofrem de dependência química, de álcool ou drogas. O floral Agrimony é para pessoas que se fazem de bravas, para esconder seus problemas interiores, até de si mesmo. A pessoa que se beneficiara do Agrimony é aquela que a busca  ser feliz o tempo todo. Mostrar que é feliz e buscar a sensação de sentir-se feliz ,transforma-se em vício .Para  tentar criar essa sensação,comerá em demasia inclusive a noite, beberá escondido,usará medicamentos controlados  de forma abusiva, ou usará algum tipo  droga ilícita  afogar suas mágoas.
Ele pode se jogar em atividades, porque estar sozinho obriga-o a confrontar seus sentimentos reais, de forma semelhante, a dependência das substancias químicas toma o lugar do pensamento contemplativo.
Sua tendência de esconder seus sentimentos pode ter começado na infância, quando ele era forçado a participar de convívios sociais. Agrimony pode ajudar a aliviar a sua ansiedade e tensão e aumentar a sua confiança na sua capacidade para enfrentar os problemas da vida.
CHESTNUT BUD
É recomendado para pessoas com dificuldades para conectar a causa com o efeito. E continuam comentando os mesmos erros mais de uma vez, sem aprender com eles.
Pode ajudar pessoas que parece fisicamente presente, mas mentalmente está ausente, que anseia por escapar.
CHERRY PLUM
É recomendado para pessoas que sentem que estão prestes a explodir violentamente, podendo se machucar ou machucar os outros.
CLEMATIS
Pode ser usado por alguém que prefere viver isolado no seu mundo, em vez de lidar com a realidade.
GORSE
Pode ser usado para restaurar um sentimento de esperança.
LARCH
Pode ajudar a restaurar a sua autoconfiança.
HONEYSUCKLE
Pode ajudá-lo a deixar o passado para trás e viver o presente.
OLIVE
Também é restaurador.
STAR OF BETHLEHEM
Ajuda a mover traumas profundos do passado.
WILD ROSE
É usado para ajudar aqueles que se sentem resignados a um destino negativo. E vai desenvolver um novo interesse e paixão pela vida.
WILLOW

É usado para aquelas pessoas que se sentem vitima, com autopiedade.

Para obter um tratamento correto  consulte um TERAPEUTA FLORAL.

Dança Infinita



Sim, o universo é uma dança. E nós somos os dançarinos que participam deste evento mágico. A dança e os dançarinos existem juntos. Como haverá dança sem o dançarino? E como haverá dançarino sem dança? O criador e a criação existem juntos, sempre existiram, e sempre existirão. Universos aparecem, universos desaparecem. Mas Aquilo que deu origem, a fonte de energia principal que deu início ao aparecimento simplesmente não desaparece, porque é Eterna, está fora do tempo, está fora do espaço. Apenas Isto existe independentemente de qualquer coisa. O criador existe além de tudo...  
A criação é passageira aqui e agora..,devendo retornar ao criador...






A dança infinita da vida,
é extraordinária ao som de risos,
gargalhadas, choros e lagrimas.
Ao som de valsas,violinos e almas,
ao som de chuvas trovões e dores,
das ondas dos mares e de grandes amores
 do nascimento a morte linda sinfonia ouço,
 emitida pela dança infinita da vida...

Nadja Feitosa
A DANÇA 

“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

 Pablo NERUDA












“Dance, meu coração! Dance hoje com alegria.
As formas de amor enchem os dias e as noites de música,
e o mundo ouve a melodia
Loucas de alegria, a vida e a morte dançando ao ritmo dessa música.
As montanhas, o mar e a terra dançam.

O mundo do homem dança em riso e lágrimas.”

ღ.¸¸.•´`»ღ
Kabir







Filosofia de um imperador

Marco Aurélio
“Em ingênua oposição ao cerna da filosofia de Marco Aurélio – a fugacidade de tudo – ouso dizer que suas palavras são eternas.
Marco Aurélio, que comandou o mundo no último grande momento de Roma, personificou o sonho de Platão: o imperador filósofo. Ninguém poderia tornar realidade esse sonho utópico de Platão com tanto esplendor. Como imperador, Marco Aurélio (121-180 d.C.) conduziu uma Roma já ameaçada a um período dourado. Como filósofo, escreveu, em geral em acampamentos de guerra, palavras cuja sabedoria doce e resistente desafia a passagem do tempo – eram reflexões para si próprio, frases curtas e não obstante profundas que giravam, bsicamente, sobre a efemeridade da glória e da vida. Um discípulo, depois da morte de Marco Aurélio, juntou-as num pequeno grande livro ao qual deu o nome de Meditações. Os dias haveriam de converter as Meditações de Marco Aurélio num patrimônio da humanidade.
O pensador francês Ernest Renan, do século XIX, disse que os seres humanos estariam para sempre de luto por Marco Aurélio. Não há exagero aí: conhecer Marco Aurélio é amá-lo. Suas observações são um fabuloso manual de conduta, e o que mais impressiona é que onde poderia haver um tom professoral existe, na verdade, uma imensa e comovedora doçura. Ele não condena a miséria humana, e sim a compreende. Mais do que isso, joga luzes com a força de seu exemplo sobre como lidar com ela. Nos momentos de descrença e desilusão, mas não só neles, é um conforto ter Marco Aurélio por perto.
Releio-o com frequência, e muitas vezes abro as páginas de minha velha edição ao acaso (a melhor tradução de Marco Aurélio para o Brasil é a da série Os Pensadores, da Abril Cultura: um primor). Sugestão do imperador filósofo para o começo de cada dia: “Previna a si mesmo ao amanhecer: vou encontrar um intrometido, um ingrato, um insolente, um astucioso, um invejoso, um avaro”.
Marco Aurélio é útil para uma infinidade de situações cotidianas. Somos extraordinariamente suscetíveis à ideia da glória, e é um convite ao bom senso ouvir, a esse respeito, quem foi o dono do mundo.                                                                                     
A grandeza do espírito de Marco Aurélio legou à posteridade exemplos memoráveis. Descoberta uma conspiração e executado sem seu conhecimento o mentor, ele lamentou a perda da possibilidade de perdoar o traidor. Entregaram-lhe a correspondência do conspirador. Ele a queimou ser lê-la. Sua atitude diante da discórdia é inspiradora. Estamos a toda hora brigando com alguém e sendo tomados por sentimentos de rancor e aversão. Em suas anotações, Marco Aurélio disse com majestosa sabedoria: “Sempre que você se desentender com alguém, lembre que em pouco tempo você e o outro terão desaparecido.” É um dos chamados à paz e à concórdia mais simples e mais eficiente. Em ingênua oposição ao cerna da filosofia de Marco Aurélio – a fugacidade de tudo – ouso dizer que suas palavras são eternas.
Paulo Nogueira
Diário do Centro do Mundo.


Marco Aurélio escreveu os doze livros das Meditações em grego, como uma fonte para sua própria orientação e para se melhorar como pessoa

5 MEDITAÇÕES DE MARCO AURÉLIO: SOBRE A ORDEM NO UNIVERSO, NA NATUREZA, A MORTE E A SEMENTE DO NASCER [LIVRO]

As cinco meditações abaixo foram escritas em 167 d.C. pelo então imperador romano Marco Aurélio (Marcus Aurelius Antoninus Augustus, 121-180), em um caderno de escritos pessoais que ele havia intitulado apenas como “Para Eu Mesmo” (To Myself) e que seriam reunidos postumamente com o nome “Meditações“. É um conjunto de 12 livros que trazem máximas a respeito do auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal de Marco Aurélio, onde ele afirma, por exemplo, que “a única maneira em que um homem pode ser dominado por outros é permitir que sua reação tome conta de si”, e também diz que “uma ordem ou logos permeia o universo”, e ainda que “a racionalidade e a mente clara permite viver em harmonia com esse logos”.
Dono de um governo com fama de bem-sucedido e pacífico, apesar de ter enfrentado guerras e ter realizado perseguições, e considerado um dos “Cinco bons imperadores” de Roma (junto de Nerva, Trajano, Adriano e Antonino Pio), Marco Aurélio era considerado um filósofo estóico e muito culto. Esse livro “Meditações” é comparado a obras como as “Confissões” de Santo Agostinho, e também às “Confissões” de Jean-Jacques Rousseau. Foi um dos livros preferidos do escritor, biólogo e físico alemão Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832), e, mais recentemente, do ex-presidente americano Bill Clinton.
As meditações abaixo fazem parte do Livro 4 e seus números estão indicados no início de cada uma.

[ 27 ] Ou um universo que é todo ele ordem, ou então uma balbúrdia atirada ao acaso, mas formando um universo. Mas, poderá subsistir alguma ordem em ti próprio e ao mesmo tempo a desordem no Todo mais amplo? E isso quando existe unidade de sentimentos entre todas as partes da natureza, apesar das suas divergências e dispersão?
[ 36 ] Vê como todas as coisas estão sempre a nascer da mudança; ensina-te a ti próprio a ver que a mais elevada felicidade da Natureza reside em mudar as coisas que existem e formar novas coisas da mesma espécie. Tudo aquilo que existe é, em certo sentido, a semente do que irá nascer de si. Não há nada menos próprio de um filósofo do que imaginar que a semente só pode ser alguma coisa que se deita à terra ou no útero.
[ 44 ] Tudo o que acontece é tão normal e já esperado como a rosa na primavera ou o fruto no verão; isto é verdade para a doença, para a morte, para a calúnia, para a intriga e para todas as outras coisas que deliciam ou incomodam os tolos.
[ 45 ] O que acontece a seguir está sempre intimamente relacionado com aquilo que o precedeu; não é um desfile de acontecimentos isolados que obedecem simplesmente às leis da sequência, mas uma continuidade racional. Além disso, tal como as coisas que já existem, estão todos coordenados harmoniosamente, os que se encontram em processo de nascimento exibem a mesma maravilha de concatenação, e não o facto nu e cru da sucessão.
[ 48 ] Lembra-te sempre de todos os médicos, já mortos, que franziam as sobrancelhas perante os males dos seus doentes; de todos os astrólogos que tão solenemente prediziam o fim dos seus clientes; dos filósofos que discorriam incessantemente sobre a morte e a imortalidade; dos grandes chefes que chacinavam aos milhares; dos déspotas que brandiam poderes sobre a vida e a morte com uma terrível arrogância, como se eles próprios fossem deuses que nunca pudessem morrer; de cidades inteiras que morreram completamente, Hélice, Pompeia, Herculano e inúmeras outras. Depois, recorda um a um todos os teus conhecidos; como um enterrou o outro, para depois ser deposto e enterrado por um terceiro, e tudo num tão curto espaço de tempo. Repara, em resumo, como toda a vida mortal é transitória e trivial; ontem, uma gota de sémen, amanhã uma mão cheia de sal e cinzas. Passa, pois, estes momentos fugazes na terra como a Natureza te manda que passes e depois vai descansar de bom grado, como uma azeitona que cai na estação certa, com uma bênção para a terra que a criou e uma acção de graças para a árvore que lhe deu a vida.
POR NANDO PEREIRA