* Do Caminho surge Um, de cuja consciência por sua vez surge o conceito de Dois (Yin e Yang), dos quais o número Três está implicito (Céu,Terra, Humanidade), produzindo a totalidade das coisas que conhecemos, as dez mil coisas, através da Harmonia dos 5 movimentos (wuxing) Terra, Fogo, Água, Madeira e Ar.
*Aja de acordo com a natureza, com sutileza em lugar de força. É a arte do não agir. Exemplo: lutar contra a correnteza é inútil, atrasando apenas. É melhor se deixar guiar pela força da água, e tudo dará certo. Confiando na nossa natureza e não na nossa racionalidade, poderemos encontrar realização e alegria numa vida sem grandes lutas reais ou imaginárias. Viver aquilo que se acredita é melhor do que pregar para que os outros a vivam.
*Unidade: Todos e tudo são interdependentes, uma coisa só, representamos apenas um momento presente. Tudo e todos são reestruturados de acordo com as circunstâncias. Nós apenas somos.
*Dualismo: Yin e Yang, opostos e complementares. Embora opostos, um não existe sem o outro, o movimento é circular, Yin dentro do Yang, e Yang dentro do Yin. Extremo de Yin vira Yang, extremo do Yang vira Yin. Ex: Homem e mulher, dia e noite, sol e lua, luz e sombra, ativo e passivo, vale e montanha, movimento e quietude, branco e preto, etc. Nenhum dos dois é melhor que o outro, são apenas faces do todo. Um sem o outro não existe.
Dra. Jociane Neves
O Tao e seu padrão nos escapam:
Como uma espada que corta mas não consegue cortar a si mesma;
Como um olho que vê mas não consegue ver-se a si mesmo
Observando o núcleo,
mudamos seu comportamento,
e observando as galáxias,
elas fogem de nós -
e, na tentativa de compreender o cérebro,
defrontamo-nos com um obstáculo, qual seja
o de não possuirmos instrumento melhor
do que o próprio cérebro para tal fim.
O maior obstáculo para o conhecimento objetivo
está em nossa própria presença subjetiva.
Assim,
só nos resta confiar
e seguir com o Tao,
só nos resta confiar
e seguir com o Tao,
como fonte
e base
de nosso próprio ser,
o qual
Pode ser alcançado
mas não visto.
Alan Watts
em: Tao, o curso do Rio.
Tao *
Barbara Bossert-Ramsay
O título do Fórum anual de Mt. Abu, Índia, em fevereiro de 1998, foi O espírito do século 21.
Foram três os principais temas do fórum: simplicidade, criatividade e responsabilidade.
Durante o fórum, Robin Ramsay, Barbara Bossert-Ramsay e Tamasin Ramsay adaptaram e
apresentaram O Tao para interligarem os temas, e então, Dadi Janki compartilhou a sabedoria de
toda uma vida sobre cada um dos três tópicos.
Essa é a essência.
Conhecer os outros é sabedoria;
conhecer a si próprio é iluminação,
ter maestria sobre outros requer violência;
ter maestria sobre si próprio requer força.
Estar feliz onde você está é estar contente,
estar contente é estar eternamente presente,
estar eternamente presente é O Caminho.
*
Aqueles que sabem não falam.
Aqueles que falam não sabem.
Mantenha sua boca fechada,
proteja seus sentidos.
Abrande sua rigidez.
Simplifique seus problemas.
Acautele-se sobre qualquer situação
que requeira novas vestimentas.
Aquele que atingiu esse estado é feliz
com amigos e inimigos,
está confortável com o bom ou com o mal,
Este é o mais elevado estágio do homem.
Este é o mais elevado estágio do homem.
*
As cinco cores cegam os olhos.
Os cinco sons ensurdecem os ouvidos.
Os cinco sabores entorpecem o paladar.
Ter e perder irrita a mente.
Coisas preciosas guiam para fora do caminho.
O sábio, portanto, é guiado pelo que sente, e não pelo que vê.
Ele abandona aquilo e escolhe isto
Se eu tiver algum bom senso,
caminharei na estrada principal e meu único medo será o de me afastar dela.
Manter-se na estrada principal é fácil,
mas as pessoas adoram estar às margens.
Quando a corte é alinhada em esplendor,
os campos estão cheios de ervas,
e os celeiros estão expostos.
Alguns usam vestimentas maravilhosas,
carregam espadas afiadas,
e entregam-se à comida e à bebida;
as pessoas possuem mais do que podem usar.
Este, certamente, não é o caminho.
Santidade, caridade, ingenuidade.
Estes três são apenas formas externas.
Eles não são suficientes por si só.
Desista da santidade.
Renuncie à autojustiça da sabedoria,
e isso será cem vezes melhor para todos.
Desista da caridade.
Renuncie opiniões de o quê deveria ser
e a humanidade redescobrirá o respeito e o amor.
Desista da ingenuidade.
Renuncie à acumulação e o lucro
e bandidos e ladrões desaparecerão.
É mais importante
ver a simplicidade,
desfazer-se do egoísmo
abrandar os desejos
realizar sua verdadeira natureza.
Isso é contentamento.
Nisso está a felicidade.
*
Esvazie-se.
Deixe a sua mente descansar.
Todas as coisas do mundo sobem e descem
enquanto a alma observa o retorno.
Tudo cresce e floresce e, então, retorna à sua origem.
Retornar à origem é quietude.
Isso é imutável, eterno.
Conhecer essa constância libera a mente.
Uma mente livre gera um coração aberto.
Com o coração aberto, você agirá com realeza.
Sendo real você alcançará o divino.
editorabk.org.br
Tao Te Ching edição Wang Bi, Japão 1770
Lao Tzi
Lao Zi
Imagem pesquisada na web, havendo direitos autorais, favor nos avisar para darmos os devidos créditos.
Tao Te Ching edição Wang Bi, Japão 1770
O Tao de que se pode falar não é o verdadeiro e eterno Tao.
O nome que pode ser dito não é o verdadeiro nome.
O que não tem nome é a origem do Céu e da Terra
E o nomear é a mãe de todas as coisas.
Sem a intenção de o considerar,
Podemos apreender o mistério e as suas subtilezas,
Através da sua ausência de forma.
Tentando considerá-lo, só podemos ver a sua manifestação
Nas formas que definem o limite das coisas.
Ambos provêm da mesma fonte e são o mesmo.
Diferem apenas devido ao aparecimento dos nomes.
São o mistério mais profundo,
a porta para todos os mistérios.
Cap.40
As dez mil coisas nascem a partir do que existe (e tem nome)
E o que existe nasce do que não existe (e não tem nome).
Cap.4
O Tao é como o espaço vazio dentro de um vaso;
Mas, por mais que o enchamos, nunca ficará cheio.
É incomensurável, como se fosse o Antepassado de todas as coisas.
Cap.41
Quando um estudioso mais sábio ouve falar no Tao,
Abraça-o com zelo.
Quando um estudioso médio ouve falar no Tao,
Pensa nele de vez em quando.
Quando um estudioso inferior ouve falar no Tao,
Ri-se às gargalhadas.
Se ele não risse
O Tao não seria o Tao (o Caminho).
Cap.11
Trinta raios convergem para o meio de uma roda
Mas é o buraco em que vai entrar o eixo que a torna útil.
Molda-se o barro para fazer um vaso;
É o espaço dentro dele que o torna útil.
Fazem-se portas e janelas para um quarto;
São os buracos que o tornam útil.
Por isso, a vantagem do que está lá
Assenta exclusivamente
na utilidade do que lá não está.
Cap.48
Na busca do conhecimento, todos os dias algo é adquirido,
Na busca do Tao, todos os dias algo é deixado para trás.
E cada vez menos é feito
até se atingir a perfeita não-acção.
Quando nada é feito, nada fica por fazer.
Domina-se o mundo deixando as coisas seguirem o seu curso.
E não interferindo.
Cap.3
Não exaltar os homens com habilidade superior
Evita que as pessoas rivalizem entre si;
Não dar valor às coisas raras
Evita que surjam ladrões;
Não lhes mostrar o que pode excitar os seus desejos
É o modo de manter os seus corações em paz.
Por isso, o sábio governa simplificando-lhes as mentes,
Enchendo-lhes a barriga,
Enfraquecendo-lhes a ambição
Fortalecendo-lhes os ossos,
Mantendo-os sem conhecimentos e desejos que os desviem do Caminho,
De modo a que os que têm nunca ousem sequer interferir.
Se nada for feito, tudo estará bem.
Cap.60
Governa-se um estado
Como se frita um peixe pequeno.
(Para fritar um peixe pequeno, é só deixá-lo fritar; não é preciso virá-lo ou interferir de outro modo qualquer. E usa-se lume brando.)
Lao Tzi
Lao Zi
A dificuldade de traduzir a língua chinesa
A língua chinesa (e sobretudo a mais antiga) é muito concisa. São frequentes frases sem verbos como "eu grande tu pequeno" ou "eu grande tu" (= sou maior do que tu). Para a traduzir, é necessário compor a frase com pronomes, advérbios, preposições, conjunções, que não estão na língua original.
Enquanto nas línguas ocidentais a gramática é uma estrutura sólida com a qual se podem construir períodos e parágrafos complexos, a gramática chinesa é fluida e flexível. Hoje usam-se sinais de pontuação, mas isso é muito recente. Por isso, como não existem maiúsculas, é, por vezes, complicado perceber onde começa cada frase. No estilo clássico, utilizavam-se as rimas de palavras para indicar o fim das frases.
Os caracteres são elementos que formam frases com grande versatilidade. Cada caractere (ou palavra) é um elemento móvel na estrutura e influencia o significado e a função dos outros e é influenciada por eles. Só quando se percorreu e analisou toda uma frase de um texto chinês antigo se "decifra" o seu significado. Dependendo do contexto, a palavra «mestre» pode significar também "para servir o mestre", "para seguir o mestre" etc. Uma palavra antes de um verbo pode constituir o tema de uma frase mas pode também ser um determinante do verbo, como, por exemplo, em "dez andar", que significa "andar dez passos". A palavra "eu" pode significar eu, me, mim, o meu, a minha. O plural só é indicado em caso de necessidade, quando não se entende pelo sentido de uma frase.
"Bom chá" é um chá que é bom, mas a "chá bom" segue-se um termo de comparação (bom, nessa posição, significa maior do que). "Cão carne" pode significar duas coisas diferentes conforme o contexto: carne de cão ou carne para o cão. Mas "vaca carne" é carne de vaca, porque a vaca é um animal herbívoro.
Na língua escrita de estilo antigo, cada palavra, em geral, era escrita usando um único caractere (monossilábico); era um estilo muito mais conciso e literário do que é a língua falada. (Por isso, os europeus julgaram, inicialmente, que o chinês era uma língua monossilábica. Mas a língua falada é mais dissilábica e polissilábica.)
Como o Tao Te Ching foi escrito usando a escrita de estilo antigo, o texto é extremamente conciso e não é de interpretação fácil mesmo para um chinês. O significado de cada monossílabo, no meio de uma série continua de caracteres sem pontuação, não surge espontaneamente; as frases têm uma estrutura mais difícil de detectar. As palavras que rimam sugerem as frases que estão presentes; mas nem sempre elas estão lá e nem sempre a estrutura fica perfeitamente clara. Sabe-se também que na época de Lao Tzi não havia uma escrita unificada, porque a China não estava ainda politicamente unificada, e que o significado e pronúncia de muitos caracteres se foi alterando com o tempo
Imagem pesquisada na web, havendo direitos autorais, favor nos avisar para darmos os devidos créditos.
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