Poema da Índia Antiga
Esta mesma lua ilumina a minha amada
O vento acariciou já o seu rosto
A lua impregnou-se da sua beleza
E o vento do seu perfume
Quem ama de verdade pouco lhe basta
Para suportar a separação
Que ela e eu respiremos o mesmo ar
E que os nossos pés pisem o mesmo chão...
Com a maré da manhã surgiu no céu uma lua.
De lá desceu e fitou-me.
Como o falcão que arrebata o pássaro,
Essa lua agarrou-me e cruzou o céu.
Quando olhei para mim, já não me vi:
Naquela lua meu corpo se tornara,
Por graça, sutil como a alma.
Viajei então em estado de alma
E nada mais vi senão a lua.
Até que o segredo do saber divino
Me foi por inteiro revelado:
As nove esferas celestes fundiram-se na lua
E o vaso do meu ser dissolveu-se inteiro no mar.
Quando o mar quebrou-se em ondas,
A sabedoria divina lançou sua voz ao longe.
Assim tudo ocorreu, assim tudo foi feito.
Logo o mar inundou-se de espumas,
E cada gota de espuma
Tomou forma e corpo.
Ao receber o chamado do mar,
Cada corpo de espuma se desfez
E tornou-se espírito no oceano.
Sem a majestade de Shams de Tabriz
Não se poderia contemplar a lua.
Nem tornar-se mar
(Rûmî In: Carvalho, 1996, p. 27).
Lua Adversa
Tenho fases, como a lua,
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e que vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua...).
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...
Cecília Meireles, in 'Vaga Música'
Quando eu nasci a minha mãe morria
com uma santidade de alma em pena.
Seu corpo era translúcido.
Ela tinha sob sua carne
um luminar de estrelas.
Morreu. Mas eu nasci.
Por isso levo
um invisível rio em minhas veias,
um invencível canto de crepúsculo
que me estimula o riso e me congela.
Ela ajuntou á vida que nascia
o estéril ramalhar de vida enferma.
A palidez das mãos de moribunda
amarelou em mim a lua cheia.
Por isso, irmão,
está tão triste o campo
atrás dessas
vidraças transparentes...
... Esta lua amarela em minha vida
faz com que eu seja um germinar da morte...
Pablo Neruda
Poema da Índia Antiga
Esta mesma lua ilumina a minha amada
O vento acariciou já o seu rosto
A lua impregnou-se da sua beleza
E o vento do seu perfume
Quem ama de verdade pouco lhe basta
Para suportar a separação
Que ela e eu respiremos o mesmo ar
E que os nossos pés pisem o mesmo chão...
Poema da Índia Antiga
e a partir daí começaram a viver um grande amor.
Acontece que o mundo ainda não existia e no dia que Deus resolveu criá-lo, deu-lhes então o toque final... o brilho !
Ficou decidido também que o SOL iluminaria o dia e que a LUA iluminaria a noite, sendo assim,
seriam obrigados a viverem separados.
Abateu-se sobre eles uma grande tristeza quando tomaram conhecimento de que nunca mais se encontrariam.
A LUA foi ficando cada vez mais amargurada, mesmo com o brilho que Deus havia lhe dado,
ela foi se tornando solitária.
Deus então chamou-os e explicou-lhes:
Vocês não devem ficar tristes, ambos agora já possuem um brilho próprio.
Você LUA, iluminará as noites frias e quentes, encantará os enamorados e será diversas vezes motivo de poesias.
Quanto a você SOL, sustentará esse título porque será o mais importante dos astros,
iluminará a terra durante o dia, fornecerá calor para o ser humano e a sua simples presença fará as pessoas mais felizes.
A LUA entristeceu-se muito com seu terrível destino e chorou dias a fio, já o SOL ao vê-la sofrer tanto, decidiu que não poderia deixar-se abater pois teria que dar-lhe forças e ajudá-la a aceitar o que havia sido decidido por Deus.
No entanto sua preocupação era tão grande que resolveu fazer um pedido a ELE:
Senhor, ajude a LUA por favor, ela é mais frágil do que eu, não suportará a solidão,
E Deus em sua imensa bondade criou então as estrelas para fazerem companhia a ela.
A LUA sempre que está muito triste recorre as estrelas que fazem de tudo para consolá-la, mas quase sempre não conseguem.
Hoje eles vivem assim... separados, o SOL finge que é feliz, a LUA não consegue esconder que é triste.
O SOL ainda esquenta de paixão pela LUA e ela ainda vive na escuridão da saudade.
Dizem que a ordem de Deus era que a LUA deveria ser sempre cheia e luminosa, mas ela não consegue isso, porque ela é mulher, e uma mulher tem fases.
Quando feliz consegue ser cheia, mas quando infeliz é minguante e quando minguante, nem sequer
é possível ver o seu brilho.
LUA e SOL seguem seu destino, ele solitário mas forte, ela acompanhada das estrelas, mas fraca.
Humanos tentam a todo instante conquistá-la, como se isso fosse possível.
Vez por outra alguns deles vão até ela e voltam sempre sozinhos, nenhum deles jamais conseguiu trazê-la até a terra, nenhum deles realmente conseguiu conquistá-la, por mais que achem que sim.
Acontece que Deus decidiu que nenhum amor nesse mundo seria de todo impossível, nem mesmo o da LUA e o do SOL, e foi aí então que ele criou o eclipse.
Hoje SOL e LUA vivem da espera desse instante, desses raros momentos que lhes foram concedidos e que custam tanto a acontecer.
Quando você olhar para o céu a partir de agora e ver que o SOL encobriu a LUA é porque ele deitou-se sobre ela e começaram a se amar e é ao ato desse amor que se deu o nome de eclipse. Importante lembrar que o brilho do êxtase deles é tão grande que aconselha-se não olhar para o céu nesse momento, seus olhos podem cegar de ver tanto amor.
Bem, mas na terra também existe sol e lua, e portanto existe eclipse, mas essa era a única parte da história que você já sabia, não era?
A LUA E O SOL
Disse um dia a lua: "Por amor ao sol, inundarei o mundo de luz".
Responderam-lhe: "Se és sincera, haverás de evoluir noite e dia,
Até que estejas em conjunção com ele; então, perder-te-ás nele e te farás invisível.
Te consumirás no ardor de seus raios e te humilharás diante de sua elevação;
Logo, saindo de seus raios, tua beleza maravilhará as criaturas; com o olhar fixo em teu rosto, indicar-te-ão com o dedo".
Qual é, então, esse mistério? A lua, após perder-se no sol, reaparece fora de seus raios;
Errante aceita a aniquilação, despreocupada de si mesma, se oferece à vista do globo terrestre, que sempre se apega a seu próprio Eu.
Tem se consumido para o sol, tem encontrado o amado após a separação.
A lua cheia da décima quarta noite, apesar de todo o seu esplendor, não se compara ao menor dos crentes.
A lua cheia ostenta a sua beleza, e como é vaidosa, ninguém a busca.
Mas quando, na fase crescente, a lua está bem fina, todos põem-se a buscá-la, com um sorriso nos lábios.
Permanecer aprisionado ao próprio Eu é perpetuar a própria desgraça.
Responderam-lhe: "Se és sincera, haverás de evoluir noite e dia,
Até que estejas em conjunção com ele; então, perder-te-ás nele e te farás invisível.
Te consumirás no ardor de seus raios e te humilharás diante de sua elevação;
Logo, saindo de seus raios, tua beleza maravilhará as criaturas; com o olhar fixo em teu rosto, indicar-te-ão com o dedo".
Qual é, então, esse mistério? A lua, após perder-se no sol, reaparece fora de seus raios;
Errante aceita a aniquilação, despreocupada de si mesma, se oferece à vista do globo terrestre, que sempre se apega a seu próprio Eu.
Tem se consumido para o sol, tem encontrado o amado após a separação.
A lua cheia da décima quarta noite, apesar de todo o seu esplendor, não se compara ao menor dos crentes.
A lua cheia ostenta a sua beleza, e como é vaidosa, ninguém a busca.
Mas quando, na fase crescente, a lua está bem fina, todos põem-se a buscá-la, com um sorriso nos lábios.
Permanecer aprisionado ao próprio Eu é perpetuar a própria desgraça.
(Farid ud-Din Attar, O Livro Divino)
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