Poucas pessoas ousam afirmar que duas criaturas
se apaixonaram porque se entreolharam.
Mas é assim que o amor inicia, e apenas desse modo.
Victor Hugo
"O amor não é uma chama efêmera,
nascida do encontro de dois corpos,
é uma chama eterna nascida
da fusão de duas almas ..."
Nadja Feitosa
O amor é a atração celestial das almas e dos mundos, a potência divina que liga os universos , governa e fecunda . Amor é o olhar de Deus ! Não designados sozinho com tais como a paixão ardente que agita o nome e o carnal deseja. Isto é nada mais do que uma imagem, uma caricatura grosseira de amor. amor é o sentimento superior de que se funde e se harmoniza todas as qualidades do coração, que é o coroamento das virtudes humanas , de ternura , de amor, de bondade , a manifestação na alma de uma força que eleva o significado do amor a alturas divinas , unindo todos os seres e despertando em nós a felicidade mais íntima que se desvia bastante de toda a luxúria .
Leon Denis
O Amor infinito de Pedro e Inês de Portugal
O AMOR DO infante Pedro, futuro rei de Portugal, com a dama de companhia Inês de Castro marcou a história e a cultura portuguesas.
Foi um amor proibido, vivido em atmosfera carregada de disputas de poder. A narrativa baseia-se em registros históricos. Alguns detalhes pertencem ao campo da lenda, fruto da imaginação popular e do talento de artistas.
Inês de Castro Rainha de Portugal (a título póstumo)
D.ª Inês de Castro (Reino da Galiza, ca. 1320/1325 — Coimbra, 7 de Janeiro
D. Inês de Castro,
«aquela que depois de morta foi Rainha»,
esposa de El-Rei D. Pedro IGoverno Vida Nascimento 1320 ou 1325 Galiza Morte 7 de Janeiro de 1355 (35 anos) Quinta das Lágrimas, Coimbra Sepultamento Mosteiro de Alcobaça Pai Pedro Fernandes de Castro Mãe Aldonça Lourenço de Valadares
Em 1320, nasce o infante Pedro. Ele vivia no vale do rio Mondego, em Coimbra, então capital do reino. Das janelas do castelo real, avistava o mosteiro de Santa Clara, do outro lado do rio. Neste local enterram sua avó, Isabel de Aragão, então venerada como uma santa, um reflexo do grande fervor místico da Idade Média.Outro dado do ambiente medieval europeu eram as constantes guerras causadas por disputas entre reinos. No caso, envolvendo tronos da Península Ibérica. Os arranjos políticos, por meio de casamentos entre nobres, eram parte essencial do jogo de poder da época.
D. Pedro I de Portugal (Coimbra, 8 de Abril de 1320 — Estremoz, 18 de
Governo Reinado 8 de março de 1357 —
18 de janeiro de 1367Coroação Lisboa Consorte D. Branca de Castela
D. Constança Manuel
D. Inês de CastroAntecessor D. Afonso IV Herdeiro D. Fernando I Sucessor D. Fernando I Dinastia Borgonha Títulos O Justiceiro Vida Nascimento 8 de Abril de 1320 Coimbra, Portugal Morte 18 de Janeiro de 1367 (46 anos) Estremoz, Portugal Sepultamento Mosteiro de Santa Maria,Alcobaça Filhos Ver descendência Pai D. Afonso IV Mãe D. Beatriz de Castela
Pedro não queria, mas se submeteu ao casamento. Constança lhe deu um herdeiro e outros dois filhos. Quanto ao amor, o príncipe foi buscá-lo em outra mulher, logo a dama de companhia de sua esposa. O nome dela era Inês de Castro, jovem de grande beleza, descrita como loura e elegante. Por esses atributos, era chamada de “colo de garça”.
A paixão do príncipe foi correspondida. Mas o nada discreto caso de amor incomodou a Corte. “O escândalo tomou tais proporções que a esposa, d. Constança, decidiu chamar Inês para ser a madrinha da criança que estava esperando, já que esse tipo de parentesco espiritual tornava impossível a união que se esboçava, mais intensa a cada dia”, escreveu a historiadora portuguesa Maria Zulmira Furtado Marques, em A tragédia de Pedro e Inês.Como os amantes seguiam com o romance adúltero, o pai do infante, o rei Afonso IV, ordenou o afastamento de Inês. Ela deixou o país e se exilou em Albuquerque, em Castela. Mesmo separados, Pedro e Inês continuaram a trocar cartas inflamadas.Em 1345, Constança morreu num parto, e o príncipe se viu liberto das amarras do casamento de conveniência aos 24 anos de idade.
Depois de alguns anos no Norte de Portugal, Pedro e Inês tinham regressado aCoimbra e instalaram-se no Paço de Santa Clara. Mandado construir pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, foi neste Paço que esta Rainha vivera os últimos anos, deixando expresso o desejo que se tornasse na habitação exclusiva de Reis e Príncipes seus descendentes, com as suas esposas legítimas.Havia boatos de que o Príncipe tinha se casado secretamente com D. Inês. Na Família Real um incidente deste tipo assumia graves implicações políticas. Sentindo-se ameaçados pelos irmãos Castro, os fidalgos da corte portuguesa pressionavam o rei D. Afonso IV para afastar esta influência do seu herdeiro. O rei D. Afonso IV decidiu que a melhor solução seria matar a dama galega. Na tentativa de saber a verdade o Rei ordenou a dois conselheiros seus que dissessem a D. Pedro que ele podia se casar livremente com D. Inês se assim o pretendesse. D. Pedro percebeu que se tratava de uma cilada e respondeu que não pensava casar-se nunca com D.ª Inês.
Em 1347, Inês deu à luz ao primeiro de quatro filhos com o infante.
Mas o povo comentava e condenava o adultério, enquanto
a peste negra, considerada sinal da cólera de Deus,
chegava à região. I
indiferentes a tudo, Pedro e Inês viviam seu grande amor.
Fonte dos Amores, onde os amantes trocavam confidências,atualmente é ponto turístico em Coimbra
Consta que ele a visitava a alguns passos de seu palácio,
na Fonte dos Amores. O local ficava ao abrigo do sol
e possuía uma parede coberta de hera, aberta em dois arcos,
propícia para o romance e a troca de confidências.
A famosa fonte continua hoje a jorrar na quinta das Lágrimas,
onde funciona um hotel. Assim, historiadores e turistas podem
conhecer o local do mítico romance .
A 7 de janeiro de 1355, o rei cedeu às pressões dos seus conselheiros e aproveitando a ausência de D. Pedro, numa excursão de caça, foi com Pêro Coelho, Álvaro Gonçalves, Diogo Lopes Pacheco e outros para executarem Inês de Castro em Santa Clara, conforme fora decidido em conselho. Segundo a lenda, as lágrimas derramadas no rio Mondego pela morte de Inês teriam criado a Fonte das Lágrimas da Quinta das Lágrimas, e algumas algas avermelhadas que ali crescem seriam o seu sangue derramado.A morte de D. Inês provocou a revolta de D. Pedro contra D. Afonso IV. Após meses de conflito, a Rainha D. Beatriz conseguiu intervir e fez selar a paz, em agosto de 1355.D. Pedro tornou-se no oitavo rei de Portugal como D. Pedro I em 1357. Em junho de 1360 fez a declaração de Cantanhede, legitimando os filhos ao afirmar que se tinha casado secretamente com D. Inês, em 1354, em Bragança «em dia que não se lembrava». A palavra do rei, do seu capelão e de um seu criado foram as provas necessárias para legalizar esse casamento.
De seguida perseguiu os assassinos de D. Inês, que tinham fugido para o Reino de Castela. Pêro Coelho e Álvaro Gonçalves foram apanhados e executados em Santarém (segundo a lenda o Rei mandou arrancar o coração de um pelo peito e o do outro pelas costas, assistindo à execução enquanto se banqueteava). Diogo Lopes Pacheco conseguiu escapar para a França e, posteriormente, seria perdoado pelo Rei no seu leito de morte.D. Pedro mandou construir os dois esplêndidos túmulos de D. Pedro I e de D. Inês de Castro no mosteiro de Alcobaça, para onde trasladou o corpo da sua amada Inês, em 1361 ou 1362. Juntar-se-ia a ela em 1367. A posição primeira dos túmulos foi lado a lado, de pés virados a nascente, em frente da primeira capela do transepto sul, então dedicada a São Bento. Na década de 80 do século dezoito os túmulos foram mudados para o recém construído panteão real, onde foram colocados frente a frente. Em 1956 foram mudados para a sua actual posição, D. Pedro no transepto sul e D. Inês no transepto norte, frente a frente. Quando os túmulos, no século XVIII, foram colocados frente a frente apareceu a lenda que assim estavam para que D. Pedro e D. Inês «possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final». A tétrica cerimónia da coroação e do beija mão à Rainha D. Inês, já morta, que D. Pedro pretensamente teria imposto à sua corte e que tornar-se-ia numa das imagens mais vívidas no imaginário popular, terá sido inserida pela primeira vez nas narrativas espanholas do final do século XVI.
O episódio inspirou o francês Henry de Montherlant a escrever, em 1942, a peça de teatro A rainha morta. Montherlant foi um entre muitos escritores, poetas e dramaturgos que se inspiraram na história. Celebre Luís de Camões a recontou em versos em Os lusíadas.Também Garcia de Resende publicou, em 1515, suas Trovas à morte de Inês de Castro. Antônio Ferreira tratou do tema na peçaTragédia mui sentida de dona Inês de Castro, também no século XVI.
Pedro, ordenou a execução de dois túmulos (verdadeiras obras-primas da escultura gótica em Portugal), os quais foram colocados no transepto da igreja do Mosteiro de Alcobaça Pedro I também mandou esculpir sua história em detalhes no próprio túmulo. E quando ele morreu, em janeiro de 1367, seu corpo foi enterrado próximo da bem-amada. Os corpos não foram colocados lado a lado, como seria mais natural, mas um de frente para o outro, para que no dia da ressurreição pudessem se levantar e cair nos braços um do outro.
Os suntuosos túmulos de pedra branca dos trágicos amantes podem ser visitados no mosteiro de Santa Maria de Alcobaça. Sobre o de Pedro, está escrito que os dois permanecerão juntos “até o fim do mundo...”.
Jaz no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.CRONOLOGIA
1320Nasce o infante Pedro, filho do rei Afonso IV
1336Pedro casa-se com dona Constança
1344Afonso IV manda Inês de Castro para o exílio, para dar fim ao caso extraconjugal dela com Pedro
1345Dona Constança morre no parto. Viúvo, Pedro assume seu romance com Inês
Em 1347, Inês deu à luz ao primeiro de quatro filhos com o infante.
1355Três assassinos enviados por Afonso IV matam Inês de Castro no dia 7 de janeiro. Depois de saber da morte da amada, Pedro lidera uma revolta contra o rei. A guerra entre pai e filho termina com um acordo, em agosto do mesmo ano
1357Afonso IV morre e Pedro assume o poder em Portugal
1360Pedro declara ter se casado secretamente com Inês de Castro, legitimando assim seus quatro filhos, e transporta o corpo da “rainha morta” para o mosteiro Real de Alcobaça
1367Morte de Pedro I. Sua tumba é colocada de frente para a de Inês
UMA IMPRESSIONANTE DESCENDÊNCIAOs nascidos do amor de Inês de Castro e Pedro I se espalharam pelas casas reais européias, o que levou o pesquisador Jorge de Sena a constatar que, na virada do século XV para XVI, “a maior parte da Europa coroada descendia de Inês”.
Uma das filhas do romance, a princesa Beatriz (1347-1381), casou com um filho bastardo do rei de Castela, chamado Sancho de Albuquerque (1339- 1374). Leonor Urraca (1374-1435), filha do casal e neta de Inês, virou esposa de d. Fernando (1380-1416), o poderoso rei de Aragão, Sicília, Nápoles, Valência e Maiorca.
A partir daí, a lista de descendentes de Inês de Castro se torna mais impressionante. Por volta de 1500, passa a incluir o imperador da Germânia Maximiliano I (1459-1519) e d. Manuel I (1469-1521), que reinou em Portugal durante as descobertas marítimas.
O trovador Garcia de Rezende viu nisso uma vitória póstuma de Inês. Pelo sucesso dos frutos da sua relação com Pedro, ela teria vencido o trágico destino, porque o amor daria “galardão” (recompensa). Concluía o poeta, como conselho para as jovens do século XVI: “Não deixe ninguém de amar”.
Tumbas de Inês de Castro e Pedro I, esculturas em pedra, escola portuguesa, Século XIV, Santa Maria de Alcobaça, Estremadur
Casal real: a arte tumular união em vida, tumulos juntos na morte.
Amor Eterno
Te amei de tantas maneiras e de tantas formas...
de vida em vida, de época em época, sempre...
Meu coração enfeitiçado fez uma e outras vezes
um colar de canções que tomas-te como um presente
e usaste em torno de teu pescoço, do teu jeito
e de tantas formas....
de vida em vida, de época em época, sempre...
Onde quer que escute as velhas histórias de amor,
sua antiga dor e esse velho conto de estar juntos ou separados,
me detenho e uma vez ou outra, olho o passado
e ao final de tudo, emerge você,
revestida com a luz de uma estrela polar
trespassando a escuridão do tempo,
e deste modo te convertes em uma imagem
que recordarei para sempre.
Tu e eu flutuamos ali, na corrente que flui
de um coração cheio de amor, um pelo outro.
Jogamos o amor ao lado de milhões de amantes,
compartilhamos a tímida doçura do primeiro encontro,
as mesmas lágrimas de angustia em cada despedida.
O velho amor...que se renova uma ou outra vez,
Sempre...
Hoje este amor está a teus pés, encontrou sua morada em ti.
Esse amor, o amor cotidiano de todos os homens,
o amor do passado, o amor de sempre...
o regozijo universal, a dor universal, a mesma vida,
a memória de todos amores,
as canções de todos os poetas do passado e de sempre
se fundem neste Amor que é o nosso.
Rabindranath Tagore
de "Amor Eterno"
Poeta Indú 1861-1941
Premio Nobel de Literatura
Fontes:wikipedia/Internet/livros historicos
Voa sem parar
Viaja pra longe
Te encontrarei
Em algum lugar
Permaneço em ti
Como sempre fui
Mais perfeito e mais fiel
Mesmo sozinho sei que estás perto de mim
Quando triste olho pro céu...
Quando eu te vi o sonho aconteceu
Quando eu te vi meu mundo amanheceu
Mas você partiu sem mim
E sei que estás em algum jardim
Entre as flores...
Anjo meu tão amado anjo
Bem sei que estás
E eu do brando sono hei de acordar
Para os teus olhos ver uma vez mais
O verdadeiro amor espera uma vez mais
Quando eu te vi o sonho aconteceu
Quando eu te vi meu mundo amanheceu
Quando eu te vi o sonho aconteceu
Quando eu te vi meu mundo amanheceu
Mas você partiu sem mim
E sei que estás em algum jardim
entre as flores
A Coroação de Inês de Castro em 1361 (c. 1849), por Pierre-Charles Comte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário