Além da Luz e da Sombra
"No coração da sombra existe a luz. E no coração da luz existe a sombra.
A experiência do ser é a experiência do círculo que mantém os dois juntos.
O momento de repouso que fazemos é semelhante à nossa respiração.
O inspirar e o expirar é uma não-dualidade.
Se só inspiramos, sufocamos, se só expiramos, morremos.
O sopro contem a inspiração e a expiração e
o que é verdadeiro em nossa vida fisiológica
é também verdadeiro em nossa vida psicológica.
A sombra é o que dá relevo à luz.
Quando amamos alguém,
um dos sinais de amor verdadeiro
é que amamos os seus defeitos.
É fácil amar os defeitos de nossos filhos.
É difícil amar os defeitos dos adultos ou de nossos cônjuges.
Esse amor de que falamos não significa complacência,
não é dizer ao outro que me agrada o que ele tem de desagradável,
pois isso seria mentira e hipocrisia.
O amor de que falamos é dar ao outro o direito de ser diferente.
É dar a ele o direito de experimentar sua liberdade.
De experimentar em mim mesmo esta capacidade de amar o que é amável,
e de amar, também, o que não é amável.
Dessa maneira passaremos, de uma vida submissa para uma vida escolhida.
Nossa vida vale pelo olhar que é posto nela.
Os olhares de juiz nos enchem de culpa.
Há olhares benevolentes, misericordiosos e ao mesmo tempo, justos. Precisamos desses olhares porque todos nós temos necessidade de verdade e de sermos amados. Por vezes, os olhares que encontramos são muito amorosos, muito doces, mas falta a eles a exigência desta verdade.
Outras vezes, os olhares que se colocam sobre nós são plenos de verdade e justiça,
mas falta a eles a misericórdia e o amor.
Há um olhar integral do qual temos necessidade a fim de nos vermos tal e qual somos. Porque a verdade sem amor é inquisição e o amor sem verdade é permissividade.
Estas são reflexões gerais e cada um pode entrar em particularidades que
lhes são próprias, sentindo se existe em sua vida alguém que pode suportar
sua sombra sem julgá-la, apesar de não se mostrar complacente com ela.
Creio que todos nós temos a necessidade, pelo menos uma vez em nossas vidas,
de um tal olhar pousado sobre nós.
Nesse momento não teremos mais necessidade de mentir, de nos iludirmos,
de usarmos máscaras.
Podemos mostrar nossa verdadeira face, nosso verdadeiro corpo,
com seus desejos e seus medos.
Podemos mostrar nossa verdadeira inteligência com seus conhecimentos
e suas ignorâncias.
Mostrar-se com o coração verdadeiro, capaz de muita ternura e também
capaz de dureza e indiferença. Mostrar-se como não-perfeito, mas aperfeiçoável.
Sob este olhar nossa vida pode crescer. Porque o olhar que nos julga e nos
aprisiona em uma imagem faz-nos ficar parados, enquanto que o outro olhar
nos impulsiona a dar um passo adiante desta imagem que os outros
têm de nós."
O que é indissolúvel? O indissolúvel não sou eu nem você, é o terceiro que está entre nós. Enfatizamos isso porque nosso amor não depende só de nós, não depende só de nossos humores, de nossa inteligência, da nossa afeição. O nosso amor deve acolher como uma realidade o que está entre nós, mas que não nos pertence. Aqui encontramos uma experiência do numinoso, além da dualidade e que a física contemporânea chama de “o terceiro incluído”. Este terceiro é o que nos permite estar ao mesmo tempo juntos e diferentes. O amor é o que nos unifica e o que nos diferencia…”
Jean Yves Leloup em Além da Luz e da Sombra
O que é Eterno sempre foi chamado de simplesmente luz. A escuridão vem a vai. Ela é uma ausência temporária da luz. Mas a luz permanece. Escuridão é apenas ausência de luz.
Muitos de nós ainda estamos fora do foco principal da espiritualidade. Sofremos e alimentamos nossos problemas, porque simplesmente não sabemos viver sem eles. Mantemos o foco no mundo relativo do sofrimento, no mundo passageiro, e não olhamos com atenção e carinho para Aquilo que sempre permanece, todo o instante, e é a fonte de tudo que há.
Se escuridão é falta de luz, o que você precisa? Simplesmente aprender uma coisa muito bela e muito simples: aprender a focar o Eterno, exatamente no momento presente, exatamente aqui.
Aprender a focar a fonte da luz é o que mestres e professores espirituais tem chamado de meditação. E esta luz está disponível onde Deus está. Onde Deus estaria senão aqui-agora o tempo inteiro? Mas, então, porque nos sentimos tão separados de Deus e da vida? Porque todos os conceitos de Deus que nós aprendemos na sociedade nos fizeram separar-se Dele, e não aproximar-se Dele.
Nós aprendemos que Deus está distante, em algum lugar, depois da morte, julgando nossos atos bons e maus. Que infantilidade! Nós simplesmente criamos um Deus humano com apegos e aversões, e então vivemos com medo de nós mesmos. Criamos um Deus a partir de nossas neuroses. É por isso que Niesztche disse: “Deus está morto”. É claro que ele estava se referindo ao Deus criado pelo homem, fabricado pela mente humana e sua sede de poder e controle. Sim, temos de enterrar aquele Deus castigador, aquele Deus vingativo ao qual temos de temer. Este Deus não pode ser o Deus real, porque o Deus real não pode ser entendido pelo pensamento. O Deus real é Amor. Pelo pensamento apenas coisas mundanas e culturais podem ser entendidas. Deus não precisa ser entendido, apenas vivido. Você não precisa entender o amor, não precisa escrever tratados sobre o amor. Você tem de viver o amor. Deus é o mistério da sua natureza. Ele não está distante de você, porque em última instância, ele é a única coisa que existe. Os universos vêm e vão, os corpos vêm e vão, a mente vêm e vai, mas aquilo que deu origem a tudo isso permanece. Meu corpo, pensamentos e sentimentos estão sempre mudando. Mas há algo que posso verificar agora que não está mudando e nunca mudará: esse algo é Consciência Pura, ou o Eterno em mim. Reconhecer isto é estar em paz.
Naseeb é terapeuta, professor de meditação, e palestrante.
Swami Sambodh Naseeb
A ciência moderna analisou o mundo exterior; suas penetrações no Universo objetivo são profundas; isso será sua honra e sua glória; mas nada sabe ainda do universo invisível e do mundo interior.
É esse o império ilimitado que lhe resta conquistar. Saber por que laços o homem se liga ao conjunto, descer às sinuosidades misteriosas do ser, onde a sombra e a luz se misturam, como na caverna de Plutão, percorrer-lhe os labirintos, os redutos secretos, auscultar o eu normal e o eu profundo, a consciência e a subconsciência; não há estudo mais necessário.
Enquanto as Escolas e as Academias não o tiverem introduzido em seus programas, nada terão feito pela educação definitiva da Humanidade.
Leon Denis
Grata por sua visita!
Nadja Feitosa
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