A ARTE DE DESAPRENDER
Muita coisa aprendi,
No decurso da minha vida
Mas só no fim da vida
Aprendi a arte dificílima
De desaprender...
Desaprender os erros sem conta
Que os sentidos percebem
Na sua erudita ignorância...
Aprendera ele que os fatos externos
São a própria Realidade.
Aprendera que este mundo
Que os sentidos percebem
E o intelecto concebe,
São a realíssima
E única Realidade...
E por largos anos
Andei escravizado por essa ilusão.
Pois, que admira?
Se, por tantos séculos e milênios,
Dormira a humanidade nas trevas,
Como poderia eu, em poucos decênios,
Despertar para a luz?
Até que, finalmente, descobri
A Realidade para além das facticidades,
A alma do eterno Ser
No corpo desse efêmero parecer.
Hoje sei que os fatos são meros reflexos
No espelho bidimensional de tempo e espaço,
Reflexos da Realidade,
Que está em sentido oposto
A esses fatos refletidos
No espelho de tempo e espaço.
Mas só Deus sabe quanto esforço,
Quantos sofrimentos,
E quanta agonia me custou
Essa nova atitude,
Essa meia-volta que tive de dar
Ante o espelho do mundo das velhas ilusões,
Para enxergar o novo mundo da verdade!
Esse movimento de 180 graus,
Que dei em face do refletor,
Essa conversão dos conhecidos finitos
Para o desconhecido Infinito
Me custou o holocausto do meu ego,
Esse sangrento egocídio,
Que a verdade me exigiu.
Mas agora, de costas para os fatos
E de rosto para a Realidade,
Me sinto grandemente liberto
E jubilosamente feliz
E, em vez de amar o mundo sem Deus,
Amo o mundo em Deus
Porque vejo em cada fato efêmero
O reflexo da Realidade eterna.
(Do livro: Escalando o Himalaia - Ed. Martin Claret)
Os ensinamentos sufis podem ser transmitidos em rodas sagradas, onde alguém conta uma história pra começar. São metáforas simples, como as que podemos ouvir de um ancião,caboclo,… Têm tantos níveis de compreensão quanto formos capazes de alcançar. Ninguém replica de imediato, sempre se reflete primeiro. Quando alguém tem uma pergunta ou um comentário , qualquer coisa que acha que deva ser compartilhada, a pessoa se manifesta. Uma vez lançada a história ou o comentário, eles não pertencem mais a você. Você dá (doa) a sua impressão. E fica livre pra aprender o que floresce, sem precisar defender suas idéias, porque não são mais suas….
Assim me apaixonei por esta linda estória:
O Conto das Areias
Um rio, vindo da sua fonte de montanhas distantes, ia passando por todas as paisagens até alcancar finalmente as areias do deserto. Assim como ele havia ultrapassado todas as outras barreiras de seu caminho, o rio tentou atravessar mais esta, mas ele descobriu que assim que ele corria pelas areias, suas águas desapareciam.
O rio no entanto, estava convencido que o seu destino era cruzar o deserto, mas ainda assim, não havia jeito. Uma voz escondida, vinda do próprio deserto, sussurou: “o Vento pode atravessar o deserto, então o rio também pode”.
O rio se opôs. Ele estava se lançando nas areias e apenas sendo absorvido: o vento podia voar, e era por isso que ele podia cruzar o deserto.
‘Empurrando-se pela maneira como você está acostumado, você não pode atravessar. Ou você desaparecerá ou se tornará um pântano. Você deve permitir que o vento o carregue ao seu destino. ‘
Mas como isso poderia acontecer? ‘Permitindo a você mesmo que seja absorvido pelo vento.’
A ideia não era aceitável para o rio. Além do mais ele nunca havia sido absorvido antes. Ele não queria perder sua individualidade. E uma vez a perdendo, como alguém poderia saber que ela poderia um dia ser recuperada?
‘O vento’, disse a areia, ‘faz esta função’. Ele pega a água, a carrega pelo deserto e a deixa cair de novo. Caindo como chuva, a água de novo se torna um rio.’
‘Como eu posso saber que isso é verdade?’
‘É verdade, e se você não puder acreditar você não pode ser mais do que um brejo, e mesmo para isso, pode levar muitos, muitos anos; e isso não é certamente o mesmo que ser um rio.’
‘Mas eu nao posso permanecer o mesmo que sou hoje?’
‘Você não pode permancer o mesmo em nenhuma das situações’, o sussurro falou. ‘ A sua parte essencial é carregada e forma um rio de novo. Você é chamado pelo que é, até hoje, porque você não sabe qual parte de você é a essencial.’
Quando ele ouviu isso, alguns ecos começaram a aparecer nos pensamentos do rio. De uma maneira turva, ele se lembrou de um estado em que ele ,– ou foi uma parte dele? – era seguro pelos braços do vento. Ele também se lembrou – se lembrou? – que isso era a coisa real , não necessariamente a coisa óbvia, a ser feita.
E o rio elevou seu vapor nos receptivos braços do vento, que gentil e facilmente o sustentou, para cima e para frente, deixando-o cair delicadamente assim que eles alcançaram o topo da montanha, muitas, muitas milhas além. E porque ele tinha tido tantas dúvidas, o rio era capaz de lembrar e gravar mais fortemente em sua mente os detalhes da experiência. Ele refletiu. ‘Sim, agora eu aprendi minha verdadeira identidade’.
O rio estava aprendendo. Mas as areias disseram: “Nós sabemos porque nós vemos isto acontecer dia após dia.: e porque, nós, as areias, nos estendemos desde a lateral dos rios até a montanha.”
E é por isso que é dito que o caminho no qual o Rio da Vida tem que continuar a sua jornada está escrito nas Areias.
o original em inglês pode ser lido aqui: http://www.bluewindproductions.com/sandst
Saskia van Tatenhove-Meijnen(foto)o original em inglês pode ser lido aqui: http://www.bluewindproductions.com/sandst
Procurando o tesouro escondido.Corremos de um lado para o outro esperando descobrir a chave da felicidade.Esperamos que tudo que nos preocupa se resolva num passe de mágica.E achamos que a vida seria tão diferente, se pelo menos fôssemos felizes.E, assim, uns fogem de casa para serem felizes e outros fogem para casa para serem felizes.Uns se casam para serem felizes e outros se divorciam para serem felizes.Uns fazem viagens caríssimas para serem felizes e outros trabalham além do normal para serem felizes.Uma busca infinda.Anos desperdiçados.Nunca a lua está ao alcance da mão, nunca o fruto está maduro, nunca o vinho está no ponto.Sombras, lágrimas. Nunca estamos satisfeitos.Mas, há uma forma melhor de viver!A partir do momento em que decidimos ser felizes, nossa busca da felicidade chegou ao fim.É que percebemos que a felicidade não está na riqueza material, na casa nova, no carro novo, naquela carreira,naquela pessoa.E jamais está à venda.Quando não conseguimos achar satisfação dentro de nós para ter alegria, estamos fadados à decepção.A felicidade não tem nada a ver com conseguir.Consiste em satisfazer-nos com o que temos e com o que não temos.Poucas coisas são necessárias para fazer feliz o homem sábio, ao mesmo tempo tem que nenhuma fortunasatisfaria a um inconformado.As necessidades de cada um de nós são poucas.Enquanto nós tivermos alguma coisa a fazer, alguém a amar, alguma coisa a esperar, seremos felizes.Saiba: A única fonte de felicidade está dentro de você, e deve ser repartida.Repartir suas alegrias é como espalhar perfumes sobre os outros: sempre algumas gotas acabam caindo sobrevocê mesmo.eduardo trask
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