A Morada da Paz

Frente à Face Divina 

 Tagore





"Dia após dia, desde o início dos tempos, a luz renasce a cada manhã. Os primeiros clarões da alvorada se infiltram nos jardins de flores, espalhando no coração dos botões recém-nascidos uma mensagem de esperança: "Você ainda o ignora, mas logo suas pétalas se abrirão, seu perfume se difundirá e também você se revelará em toda a sua beleza." 






A alvorada derrama igualmente, como bênção, seu brilho dourado sobre os campos de trigo verdejantes e lhes murmura, outra e outra vez: Hoje vocês talvez digam a si mesmos que suas hastes, de delicado verde, nas quais o vento brinca e que encantam os olhos, são tudo que sempre terão a oferecer. 






Contudo um dia, de vocês brotarão, frutos da vida que as anima, pesadas espigas carregadas de grãos. Para cada flor não desabrochada, a claridade da manhãzinha traz a promessa de um pleno desenvolvimento: aos trigos ainda não maduros, ela anuncia as riquezas da futura colheita. Assim, a cada dia, a luz da alvorada faz dançar seus raios de esperança entre as flores e as hastes de trigo.






Todavia, essa luz sempre nova não ilumina apenas os jardins, as florestas e os campos. A cada manhã, quando entreabre para nós as cortinas do sono, ela fala com nossa alma. Ela é, também para nós portadora de esperança. Não nos faz ela pressentir uma realização semelhante à do botão de rosa, ao desabrochar de alguma coisa que amadurece de noite dentro de nós, como espiga fecunda que espera, no íntimo de nosso ser, o instante de se alçar às alturas do céu.






Uma exortação, sempre a mesma, emana da luz: Veja! 


Uma vez ao menos, olhe e veja! 






Nós entreabiremos as pálpebras de distinguimos formas variadas. Na verdade porém, nossas sensações visuais permanecem embrionárias: assim como o botão de rosa ainda fechado, somos fundamentalmente cegos. Ainda não nos foi dado colher os frutos de uma visão perfeita, assim como não colheríamos os grãos de trigo se a espiga não se levantasse para os céus. Nossos olhos ainda não abertos, criam obstáculos a uma autêntica percepção das coisas.






Mas a luz vem, a cada manhã, de sua fonte longínqua, nos incitar a olhar melhor. Esta palavra iniciática: "Veja!", que ela faz vibrar em nossos ouvidos, oculta uma garantia sempre renovadora: em nosso modo de ver limitado, esconde-se o germe de um olhar novo, hoje meio sonolento, inconsciente do que ele será no termo de sua lenta maturação.






Essas não são palavras de pura retórica, palavras de poeta que se embriaga de sons. Também não procuro transmitir algum conhecimento de ordem metafísica, nem fruto de minhas meditações. Trata-se simplesmente de uma evidência que se impões ao olhar.






O Universo que a luz da alvorada desvela não tem a certeza de nosso pequeno mundo pessoal, muito frequentemente limitado ao leito, ao quarto em que nos despertamos. Em todo lugar, sob a abóboda azul dos céus e até os confins do horizonte, o sol nascente, adornando o mundo com seu brilho, nos dá a oportunidade de descobrir uma multidão de seres e de objetos de esplendor inaudito. Longe de iluminar apenas um recanto indispensável à satisfação de nossas necessidades cotidianas, ele torna perceptível uma imensidão sem limites. (...)






A claridade do dia, que promete ao botão de flor, fechado em si mesmo, uma eclosão ainda inconcebível, acaricia nossos olhos com uma esperança também irracional: "Existe um outro modo de ver - total iluminado - em gestão dentro de você. Se, a cada manhã estou aí novamente, é para que você saiba que um dia ele desabrochará plenamente."(...)






Ninguém poderia dizer como nos aparecerão, quando nós os contemplarmos em união com a plena consciência, esses objetos e esses seres que o olho humano hoje distingue. Contudo, uma coisa é certa:a mensagem de esperança que a luz canta quando na alvorada, vem iluminar nosso universo ainda se encontra longe de estar realizada. 






Nosso poder visual é demasiadamente pouco desenvolvido para que possamos reconhecer naquela árvore a materialização da Felicidade divina. Não estamos ainda em grau de entrever a Imortal Beleza através de um rosto humano. "Ele é bem-aventurança, Esplendor e Imortalidade": no dia em que nossos olhos proclamarem essa verdade, sua capacidade latente de visão integral se terá tornado efetiva. 



Nesse momento, quando nosso olhar se voltar para os céus, ele aí descobrirá a Face divina, "A Face da Graça".


Então, nos prostraremos diante de todas as coisas; diante dos animais, ou das plantas nosso sentimento de superioridade se desvanecerá, e poderemos com toda sinceridade, repetir estas palavras dos Upanixades:



"Eu me inclino diante daquele que anima o universo inteiro, tanto o menor fiapo de relva como a mais grandiosa das árvores".


Rabindranath Tagore em A morada da Paz.

Somos Convidados


"Havia um rei que todas as noites costumava das umas voltas pela cidade para ver como estavam as coisas - é claro que ele ia disfarçado.
Certa vez ele encontrou um rapaz muito belo, sentado em baixo de uma árvore, e viu que todas as noites o rapaz estava ali, no mesmo lugar.
Até que uma noite ele se aproximou e perguntou ao rapaz: porque você não vai para sua casa dormir?
E o jovem respondeu: As pessoas vão para suas casas dormir porque elas nada têm para guardar. Eu tenho tesouros tão grandes que não posso dormir, preciso guardá-los.
O rei disse: que estranho, não vejo nenhum tesouro por aqui?
O jovem explicou: Esses tesouros estão dentro de mim, o senhor não os pode ver.
Daí que todas as noites os dois conversavam e o rei começou a ver no jovem um santo, um sábio, que emanava uma aura de amor, de compaixão, de silêncio e meditação. A amizade e a confiança cresceram até que uma noite o rei o convidou a ficar hospedado em seu palácio.
Acreditando que o jovem não aceitaria, o jovem aceitou.
Ofereceu-lhe o melhor aposento, acreditando que o jovem recusaria, mas o jovem aceitou.
E ali passou dias, dormindo bem, se alimentando bem...
E isso fez o rei ficar desconfiado; será que ele tinha sido enganado, que o jovem era um oportunista, que a santidade era falsa..
No sétimo dia, o rei ia convidá-lo a se retirar, e ai lhe fez uma pergunta:
Qual a diferença entre você e eu?
O jovem sorriu, e disse venha comigo que lhe responderei.
Os dois tomaram seus cavalos e foram até a fronteira do reino.
O rei disse: bem chegamos a minha fronteira, na outra margem é um outro reino não posso seguir.
As margens do rio, o jovem saltou do cavalo e disse: Bem daqui estou indo. O senhor pode ficar ou se quiser pode vir comigo.
Aonde você vai, perguntou o rei?
O jovem disse: meus tesouros estão comigo, aonde quer que eu vá, os meus tesouros estão comigo. O senhor vem comigo?
Como posso ir, respondeu o rei, meu palácio, minha familia todos estão atrás de mim...
O jovem então disse: está é a diferença entre nós. Eu posso me sentar em baixo da árvore, ou viver em um palácio como um imperador, porque meus tesouros estão dentro de mim. Se é debaixo de uma árvore ou se é dentro de um palácio não faz diferença. O senhor pode voltar, eu estou indo para o outro reino.
O rei se arrependeu, tocou-lhe os pés e pediu perdão..
O jovem sorriu e disse, não me peça desculpas...
Ir ou ficar não faz diferença. Meus tesouros vão comigo aonde eu for...já os seus..."
Osho em Autobiografia de um Mistico Espiritualmente Incorreto.


Plantando amor...


"Você é um convidado. Deixe esta terra um pouco mais bonita, um pouco mais humana, um pouco mais amável, um pouco mais amorosa, um pouco mais perfumada para todos os hóspedes desconhecidos que virão depois de você.

Uma antiga história sufi: o rei de Bagdá costumava dar uma volta pela cidade em seu belo cavalo, só para ver como estavam as coisas — é claro que ele ia disfarçado, e não como rei —, assim ele podia ver como era a realidade. Se ele fosse como rei, então ele veria apenas o que era bonito e a ele não seria mostrada a face verdadeira das coisas — ele veria somente a máscara.

Todos os dias ele via um homem, um homem muito velho, talvez com mais de cem anos, trabalhando no jardim, plantando mudas, mas essas mudas não eram de plantas ornamentais. Se fossem flores ornamentais não haveria nenhum problema. Mas eram mudas de cedros do líbano, que crescem trinta metros, sessenta metros de altura, quase tocando as estrelas, e eles levam centenas de anos para atingir essa altura. Eles vivem mil anos, dois mil anos, três mil anos e são umas das árvores mais bonitas.

O rei ficou perplexo porque aquele velho, que estava com cem anos, não poderia nem mesmo ter esperança de ver a próxima primavera. Suas mãos estavam tremendo, ele era tão frágil, a qualquer momento a morte poderia levá-lo embora. E por que ele estava plantando aqueles cedros? Ele não os veria crescer, não os veria chegar à fase adulta, não veria a beleza deles quando eles começassem a tocar as estrelas.

Por fim, foi impossível para o rei a resistir à tentação. Um dia ele parou seu cavalo, foi em diração ao velho e disse: "Eu não deveria interferir em seu trabalho, mas eu não posso resistir à tentação."

O velho respondeu: "Não há nada com que se preocupar, meu filho. Você pode perguntar o que quiser."

O rei disse: "A minha pergunta é: você nunca será capaz de ver essas árvores tornarem-se adultas, você terá ido muito antes disso ...."

O velho falou: "Isso é verdade."

O rei disse: "Você sabe que é verdade e ainda assim você continua fazendo isso?"

O velho disse: "Se meus antepassados não tivessem plantado as sementes — basta ver do outro lado do meu jardim os altos cedros — eu nunca os teria visto. Se os meus antepassados não tivessem sido tão generosos com as crianças que ainda não conheciam, que ainda estavam por vir, que seriam os visitantes, que seriam os hóspedes.... Ainda assim eles trabalharam duro e criaram essas árvores monumentais. Olhando essas árvores eu reuni coragem e trabalhei duro, porque certamente eu não verei o belo crescimento, mas alguém verá. Meus netos, ou talvez até mesmo os filhos deles, poderão ver quando elas chegarem a sua glória plena. É o suficiente para que eu não seja desleal com meus antepassados. Se eles puderam confiar no futuro, no hóspede desconhecido, eu também posso confiar. "

Somos todos hóspedes, mas não use este belo planeta como uma sala de espera de estação ferroviária. Não é uma sala de espera. É a nossa casa, por enquanto, e ainda vai ser a casa de alguém. Não seja tão miserável a ponto de dizer: "Irei embora — daqui a dez minutos o trem chegará, então quem se importa se eu deixar a sala de espera suja?"

Ninguém pertence a este planeta. Mas a partir do momento em que estamos aqui, e neste momento temos que estar aqui totalmente, intensamente, temos que fazer deste momento o mais bonito possível. Temos que viver nossa vida como uma dança, então, quando saímos, quem vier depois de nós vai achar que as pessoas que estiveram aqui não eram pessoas medíocres; "eles deixaram flores e perfumes, eles deixaram os ecos de suas canções e suas danças, eles deixaram as suas pegadas em puro ouro vinte e quatro quilates.

Não é ruim que sejamos hóspedes. É uma grande oportunidade: o planeta, a existência tem sido tão generosa, tão gentil, tão amável, tão receptiva que regozijou-se com o fato de você estar aqui.

Deixe a sua marca. Você pode ter ido, mas o seu riso, o seu amor pode permanecer. Você pode ter ido, mas a sua dança pode permanecer. Você pode ter ido, mas a maneira como você viveu vai continuar criando suas vibrações próprias. No futuro as pessoas lembrarão, com gratidão, de que são herdeiros de um grande planeta e de uma grande raça de seres humanos."
Osho em The Golden Future

DEPENDENCIA QUIMICA e FLORAIS DE BACH

DEPENDENCIA QUIMICA e FLORAIS DE BACH 




OBSERVAÇÃO: estas breves indicações dão uma ideia do objetivo de cada Floral.
Os Florais de Bach Originais não substituem o tratamento médico. 
Eles o complementam.
RESCUE
É uma combinação de cinco essências florais usado por pessoas que sofreram algum trauma ou choque, seja física ou mental. É o floral que você procura para depois de um acidente, uma discussão. Pode ser útil durante períodos de estresse extremo ou agudo, possibilitando que você recupere seu foco mental e a determinação. O floral é útil também se você esta perdendo o controle de si mesmo.
AGRIMONY
É frequentemente usado para pessoas que sofrem de dependência química, de álcool ou drogas. O floral Agrimony é para pessoas que se fazem de bravas, para esconder seus problemas interiores, até de si mesmo. A pessoa que se beneficiara do Agrimony é aquela que a busca  ser feliz o tempo todo. Mostrar que é feliz e buscar a sensação de sentir-se feliz ,transforma-se em vício .Para  tentar criar essa sensação,comerá em demasia inclusive a noite, beberá escondido,usará medicamentos controlados  de forma abusiva, ou usará algum tipo  droga ilícita  afogar suas mágoas.
Ele pode se jogar em atividades, porque estar sozinho obriga-o a confrontar seus sentimentos reais, de forma semelhante, a dependência das substancias químicas toma o lugar do pensamento contemplativo.
Sua tendência de esconder seus sentimentos pode ter começado na infância, quando ele era forçado a participar de convívios sociais. Agrimony pode ajudar a aliviar a sua ansiedade e tensão e aumentar a sua confiança na sua capacidade para enfrentar os problemas da vida.
CHESTNUT BUD
É recomendado para pessoas com dificuldades para conectar a causa com o efeito. E continuam comentando os mesmos erros mais de uma vez, sem aprender com eles.
Pode ajudar pessoas que parece fisicamente presente, mas mentalmente está ausente, que anseia por escapar.
CHERRY PLUM
É recomendado para pessoas que sentem que estão prestes a explodir violentamente, podendo se machucar ou machucar os outros.
CLEMATIS
Pode ser usado por alguém que prefere viver isolado no seu mundo, em vez de lidar com a realidade.
GORSE
Pode ser usado para restaurar um sentimento de esperança.
LARCH
Pode ajudar a restaurar a sua autoconfiança.
HONEYSUCKLE
Pode ajudá-lo a deixar o passado para trás e viver o presente.
OLIVE
Também é restaurador.
STAR OF BETHLEHEM
Ajuda a mover traumas profundos do passado.
WILD ROSE
É usado para ajudar aqueles que se sentem resignados a um destino negativo. E vai desenvolver um novo interesse e paixão pela vida.
WILLOW

É usado para aquelas pessoas que se sentem vitima, com autopiedade.

Para obter um tratamento correto  consulte um TERAPEUTA FLORAL.

Dança Infinita



Sim, o universo é uma dança. E nós somos os dançarinos que participam deste evento mágico. A dança e os dançarinos existem juntos. Como haverá dança sem o dançarino? E como haverá dançarino sem dança? O criador e a criação existem juntos, sempre existiram, e sempre existirão. Universos aparecem, universos desaparecem. Mas Aquilo que deu origem, a fonte de energia principal que deu início ao aparecimento simplesmente não desaparece, porque é Eterna, está fora do tempo, está fora do espaço. Apenas Isto existe independentemente de qualquer coisa. O criador existe além de tudo...  
A criação é passageira aqui e agora..,devendo retornar ao criador...






A dança infinita da vida,
é extraordinária ao som de risos,
gargalhadas, choros e lagrimas.
Ao som de valsas,violinos e almas,
ao som de chuvas trovões e dores,
das ondas dos mares e de grandes amores
 do nascimento a morte linda sinfonia ouço,
 emitida pela dança infinita da vida...

Nadja Feitosa
A DANÇA 

“Eu pertenço à fecundidade
e crescerei enquanto crescem as vidas:
sou jovem com a juventude da água,
sou lento com a lentidão do tempo,
sou puro com a pureza do ar,
escuro com o vinho da noite
e só estarei imóvel quando seja
tão mineral que não veja nem escute,
nem participe do que nasce e cresce.

Quando escolhi a selva
para aprender a ser,
folha por folha,
estendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz, barro profundo,
terra calada, noite cristalina,
e pouco a pouco mais, toda a selva.”

 Pablo NERUDA












“Dance, meu coração! Dance hoje com alegria.
As formas de amor enchem os dias e as noites de música,
e o mundo ouve a melodia
Loucas de alegria, a vida e a morte dançando ao ritmo dessa música.
As montanhas, o mar e a terra dançam.

O mundo do homem dança em riso e lágrimas.”

ღ.¸¸.•´`»ღ
Kabir







Filosofia de um imperador

Marco Aurélio
“Em ingênua oposição ao cerna da filosofia de Marco Aurélio – a fugacidade de tudo – ouso dizer que suas palavras são eternas.
Marco Aurélio, que comandou o mundo no último grande momento de Roma, personificou o sonho de Platão: o imperador filósofo. Ninguém poderia tornar realidade esse sonho utópico de Platão com tanto esplendor. Como imperador, Marco Aurélio (121-180 d.C.) conduziu uma Roma já ameaçada a um período dourado. Como filósofo, escreveu, em geral em acampamentos de guerra, palavras cuja sabedoria doce e resistente desafia a passagem do tempo – eram reflexões para si próprio, frases curtas e não obstante profundas que giravam, bsicamente, sobre a efemeridade da glória e da vida. Um discípulo, depois da morte de Marco Aurélio, juntou-as num pequeno grande livro ao qual deu o nome de Meditações. Os dias haveriam de converter as Meditações de Marco Aurélio num patrimônio da humanidade.
O pensador francês Ernest Renan, do século XIX, disse que os seres humanos estariam para sempre de luto por Marco Aurélio. Não há exagero aí: conhecer Marco Aurélio é amá-lo. Suas observações são um fabuloso manual de conduta, e o que mais impressiona é que onde poderia haver um tom professoral existe, na verdade, uma imensa e comovedora doçura. Ele não condena a miséria humana, e sim a compreende. Mais do que isso, joga luzes com a força de seu exemplo sobre como lidar com ela. Nos momentos de descrença e desilusão, mas não só neles, é um conforto ter Marco Aurélio por perto.
Releio-o com frequência, e muitas vezes abro as páginas de minha velha edição ao acaso (a melhor tradução de Marco Aurélio para o Brasil é a da série Os Pensadores, da Abril Cultura: um primor). Sugestão do imperador filósofo para o começo de cada dia: “Previna a si mesmo ao amanhecer: vou encontrar um intrometido, um ingrato, um insolente, um astucioso, um invejoso, um avaro”.
Marco Aurélio é útil para uma infinidade de situações cotidianas. Somos extraordinariamente suscetíveis à ideia da glória, e é um convite ao bom senso ouvir, a esse respeito, quem foi o dono do mundo.                                                                                     
A grandeza do espírito de Marco Aurélio legou à posteridade exemplos memoráveis. Descoberta uma conspiração e executado sem seu conhecimento o mentor, ele lamentou a perda da possibilidade de perdoar o traidor. Entregaram-lhe a correspondência do conspirador. Ele a queimou ser lê-la. Sua atitude diante da discórdia é inspiradora. Estamos a toda hora brigando com alguém e sendo tomados por sentimentos de rancor e aversão. Em suas anotações, Marco Aurélio disse com majestosa sabedoria: “Sempre que você se desentender com alguém, lembre que em pouco tempo você e o outro terão desaparecido.” É um dos chamados à paz e à concórdia mais simples e mais eficiente. Em ingênua oposição ao cerna da filosofia de Marco Aurélio – a fugacidade de tudo – ouso dizer que suas palavras são eternas.
Paulo Nogueira
Diário do Centro do Mundo.


Marco Aurélio escreveu os doze livros das Meditações em grego, como uma fonte para sua própria orientação e para se melhorar como pessoa

5 MEDITAÇÕES DE MARCO AURÉLIO: SOBRE A ORDEM NO UNIVERSO, NA NATUREZA, A MORTE E A SEMENTE DO NASCER [LIVRO]

As cinco meditações abaixo foram escritas em 167 d.C. pelo então imperador romano Marco Aurélio (Marcus Aurelius Antoninus Augustus, 121-180), em um caderno de escritos pessoais que ele havia intitulado apenas como “Para Eu Mesmo” (To Myself) e que seriam reunidos postumamente com o nome “Meditações“. É um conjunto de 12 livros que trazem máximas a respeito do auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal de Marco Aurélio, onde ele afirma, por exemplo, que “a única maneira em que um homem pode ser dominado por outros é permitir que sua reação tome conta de si”, e também diz que “uma ordem ou logos permeia o universo”, e ainda que “a racionalidade e a mente clara permite viver em harmonia com esse logos”.
Dono de um governo com fama de bem-sucedido e pacífico, apesar de ter enfrentado guerras e ter realizado perseguições, e considerado um dos “Cinco bons imperadores” de Roma (junto de Nerva, Trajano, Adriano e Antonino Pio), Marco Aurélio era considerado um filósofo estóico e muito culto. Esse livro “Meditações” é comparado a obras como as “Confissões” de Santo Agostinho, e também às “Confissões” de Jean-Jacques Rousseau. Foi um dos livros preferidos do escritor, biólogo e físico alemão Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832), e, mais recentemente, do ex-presidente americano Bill Clinton.
As meditações abaixo fazem parte do Livro 4 e seus números estão indicados no início de cada uma.

[ 27 ] Ou um universo que é todo ele ordem, ou então uma balbúrdia atirada ao acaso, mas formando um universo. Mas, poderá subsistir alguma ordem em ti próprio e ao mesmo tempo a desordem no Todo mais amplo? E isso quando existe unidade de sentimentos entre todas as partes da natureza, apesar das suas divergências e dispersão?
[ 36 ] Vê como todas as coisas estão sempre a nascer da mudança; ensina-te a ti próprio a ver que a mais elevada felicidade da Natureza reside em mudar as coisas que existem e formar novas coisas da mesma espécie. Tudo aquilo que existe é, em certo sentido, a semente do que irá nascer de si. Não há nada menos próprio de um filósofo do que imaginar que a semente só pode ser alguma coisa que se deita à terra ou no útero.
[ 44 ] Tudo o que acontece é tão normal e já esperado como a rosa na primavera ou o fruto no verão; isto é verdade para a doença, para a morte, para a calúnia, para a intriga e para todas as outras coisas que deliciam ou incomodam os tolos.
[ 45 ] O que acontece a seguir está sempre intimamente relacionado com aquilo que o precedeu; não é um desfile de acontecimentos isolados que obedecem simplesmente às leis da sequência, mas uma continuidade racional. Além disso, tal como as coisas que já existem, estão todos coordenados harmoniosamente, os que se encontram em processo de nascimento exibem a mesma maravilha de concatenação, e não o facto nu e cru da sucessão.
[ 48 ] Lembra-te sempre de todos os médicos, já mortos, que franziam as sobrancelhas perante os males dos seus doentes; de todos os astrólogos que tão solenemente prediziam o fim dos seus clientes; dos filósofos que discorriam incessantemente sobre a morte e a imortalidade; dos grandes chefes que chacinavam aos milhares; dos déspotas que brandiam poderes sobre a vida e a morte com uma terrível arrogância, como se eles próprios fossem deuses que nunca pudessem morrer; de cidades inteiras que morreram completamente, Hélice, Pompeia, Herculano e inúmeras outras. Depois, recorda um a um todos os teus conhecidos; como um enterrou o outro, para depois ser deposto e enterrado por um terceiro, e tudo num tão curto espaço de tempo. Repara, em resumo, como toda a vida mortal é transitória e trivial; ontem, uma gota de sémen, amanhã uma mão cheia de sal e cinzas. Passa, pois, estes momentos fugazes na terra como a Natureza te manda que passes e depois vai descansar de bom grado, como uma azeitona que cai na estação certa, com uma bênção para a terra que a criou e uma acção de graças para a árvore que lhe deu a vida.
POR NANDO PEREIRA

AKHENATON E NEFERTITI

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Akhenaton  e Nefertiti

Prece de Akhenaton ao Deus Universal 
(XVIII Dinastia Egípcia - 1365 A.C.) 
Ó Criador de Toda a Vida, 
que apareces na Perfeição da Tua Beleza, 
Quão múltiplas são as Tuas obras.
Ó Deus Único, Senhor de toda a Eternidade!
Do Teu Espírito emanam todas as criaturas!
Só o Teu Amor, a Tua Bondade, governam todas as coisas.
Na Natureza estão os Teus Pensamentos,
Pois Tu estás na folha da grama,
no grão de areia,
no raio de luz que flutua no céu,
Assim como no Todo sem fronteiras!
Ó Tu que vives eternamente:
Aspiro novamente o doce aroma
que vem da Tua boca,
Dia após dia, o meu coração
contempla a Tua Beleza.
Tenho desejo incontidos de
novamente ouvir a Tua meiga Voz
e necessito, com todas as forças do meu ser,
que os meus passos sejam guiados
pela beleza da Tua Imorredoura Luz!
Ó Tu que planas acima de todos os firmamentos:
Dá-me as Tuas mãos,
que sustentam o teu Espírito
Que eu possa recebê-Lo
e viver somente por intermédio Dele;
Lembrar Teu nome,
Por toda a Eternidade,
Pois Ele não perecerá jamais!


Faraó AKHENATON



(XVIII Dinastia Egípcia – 1365)


Akhenaton - Um Marco na História da Humanidade se recusava a tomar atitudes de guerra, acreditando poder conquistar seus inimigos com o poder do amor de Aton.
"Akhenaton era um homem inebriado de divindade, cujo espírito respondia com uma sensibilidade e inteligência excepcionais, as manifestações de Deus em si. Um espírito que teve força de disseminar idéias que ultrapassavam o âmbito da compreensão de sua época e dos tempos futuros"
Akhenaton viveu no Egito, há mais de 3300 anos atrás. Foi faraó, tendo exercido seu poder ainda muito jovem. Seu nome real era Amenhotep IV que significava: "Amon está satisfeito". Viveu numa época muito conturbada da história daquela povo: o culto à Amon (um dos múltiplos deuses adorados pelo politeísmo egípcio) tinha adotado posturas degradantes, atribuídas pelos sacerdotes do templo. Estes, que esforçavam-se para obterem mais poder, exploravam as massas através de sua ignorância. Sacrifícios, oferendas de grande vulto, eram todas ofertadas ao deus padroeiro do Egito. Quando  tomou o poder, fez questão de esclarecer o povo quanto ao erro que estavam se escravizando. Que o mais simples trabalhador pudesse saber o quão mágica era a vida.Que todos fossem esclarecidos através das Verdades Eternas e que o culto à um Deus único, todo Amor e Misericórdia fosse pregado em todo o Egito e, se possível ao Mundo (foi o primeiro manifesto monoteísta registrado na história), um Deus chamado Aton. O faraó passou a chamar-se, então, Akhenaton que significa "o Espírito atuante de Aton" ou "discípulo de Aton".Representava este Deus através de um disco solar, cheio de braços que estendiam seus raios à fim de abençoar toda a Terra. Obviamente, Akhenaton fora perseguido por aqueles que se sentiam ameaçados com suas idéias renovadoras. Teve, então, que abandonar Tebas, antiga capital, e construir uma nova cidade (Akhet-Aton), hoje conhecida como Tell- el- Amarna. Lá a arte e a ciência se desenvolveram, o esclarecimento através das Verdades Eternas tomou um grande rumo e a bondade e generosidade floriram. Ele propôs um Egito generoso, sem guerras, sem armas, sem escravos
O fim dramático da aventura amarniana é devido a circunstâncias políticas e históricas que não diminuem em nada o valor do ensinamento de Akhenaton. Se é inegável que o fundador da cidade do sol, a cidade da energia criadora, entrou em conflito com os homens que ele queria unir pelo amor de Deus, não é menos verdade que ele abriu uma nova concepção sobre esta luz que a cada instante se oferece aos homens de boa vontade.Sua experiência foi uma tentativa sincera de perceber a Eterna Sabedoria e de torná-la perceptível a todos. A coragem que demonstrou na luta constante por seus ideais, sem dúvida, fez dele um marco eterno na história da humanidade.A história de Akhenaton mostra, mais uma vez, que um homem melhor faz um meio melhor, e que a força de sua convicção em seu objetivo altera a vida do meio, seja ele uma rua, um bairro, uma cidade, um país.... o Universo. Para isto, há de se ter Coragem!






Com o seu lendário carisma, sua beleza venerada e poder, ela é uma das mulheres governantes mais fascinantes do Egito Antigo: Nefertiti.



Nefertiti — por mais de uma década ela foi a mulher mais influente do Egito. Reverenciada pelo seu povo, ela reinou lado a lado de Amenófis IV, governante da 18.ª dinastia do Novo Reino, que mudou seu nome para Akhenaton depois de subir ao trono em 1353 a.C. Entretanto, praticamente nada se sabe sobre a linda rainha. Ela simplesmente desapareceu da história. Isso aconteceu aproximadamennte em 1336 a.C, quando ela devia ter 30 anos de idade.


A beleza de Nefertiti era tal que outros aspectos da sua personalidade foram eclipsados pela sua aparência física. Contudo, a importância política e religiosa dessa rainha se evidencia nas representações de sua imagem.Casada com Akhenaton, que conferiu-lhe o poder, tinha uma influência tão grande que chegava a ser representada com coroa dupla, símbolo do poder do faraó. Hoje é cultuada como semi-deusa. Pouco se sabe do destino da esposa de Akhenaton. Não há registros de sua morte. Nem mesmo a sua tumba — até recentemente não havia sido encontrada.
 

O AMOR DE AKHENATON E NEFERTITI



Então, até onde a História conta, Akhenaton, em contraste com a maioria dos reis da Antiguidade e da sua própria estirpe, parece ter-se contentado, durante toda a vida, com o amor de uma única mulher, dada a ele como Grande Esposa quando ainda era apenas uma criança.

Nefertiti - Museu Egípcio de Berlim

Akhenaton e Nefertiti amavam-se com fervor. O jovem rei não teria procurado "esposas secundárias", seguindo o costume de seus antepassados, simplesmente porque nessa sua única rainha "o seu coração encontrava a felicidade", tal como ele mesmo declarou em várias  inscrições.

Akhenaton

A extraordinária importância que ele atribuiu à sua amada, pode bem ser a prova de tudo quanto ele sentiu.  Sendo assim, podemos deduzir que tenha compreendido, melhor do que qualquer outro homem, o valor supremo do amor, da ternura e do prazer.

Akhenaton


auxilioemocional.blogspot.com.br: Visualizar "AKHENATON E NEFERTITI""É teu este livro, vida de minha vida, alma de minha alma. Faz dele o que quiseres, mas, permite, ó lua, filha da noite mais bela, cujos raios prateiam as águas do Nilo, em cujas margens, sob seu fulgor, amam-se tantos seres como nós, filhos de Aton, o indivisível, o eterno, como eterno será o nosso amor, que te divinize. Amo-te, donzela de pele alva e macia como o melhor dos melhores papiros, e, perdoa este pobre amante, por amar mais Aton que a ti. Vens, logo em seguida, pois, lírio perfumado, Ele te criou e deuma para mim. Sagrado seja Teu nome, pois, entre as que foram criadas, és a melhor escultura, és Dele a obra-prima. 

És uma garça, altiva e serena, e és a graça que tive a ventura de ter. Amo-te, não importando a distância que o tempo nos condenou...

Senhora, que é o tempo para tão grande amor? Demos, ao tempo, tempo para, outra vez, nos unir... Não importa onde, ou quando. Fui rei, quero ser o mais humilde dos párias, a teu lado. Não há tempo, nem espaço, sejam quais forem os desvios do destino, eu te espero. Quero-te como sempre quiz e, o meu amor vencerá toda a eternidade, mais duradouro que os monumentos, por nosso povo, erigidos. Amada maior que a maior das pirâmides, crê- és alma de minha alma, és essência de minha essência, pois que procedemos de um outro mundo, onde as moneras ( menor partícula do espírito ), já existiam...Crê , Esfinge, por mim, tens amor decifrado. As almas gêmeas já existiam antes de nós, Akhenaton e Nefertiti viverem. Pouco importa o corpo no qual, agora, teu espirito anime, o nosso amor independe . Por que? porque somos um pedaço do outro e, então, o que me importa o que seja eu e tu? Os nossos espíritos já se conheciam, mercê de Deus . Pouco importa o tempo que estejamos separados, e que nossas almas conheçam outras... nós, nascidas do mesmo tálamo, estaremos juntas um dia.. O meu Deus, O Onipresente, o Incognicível, jamais criaria um espírito só, para animar um só corpo, mas, sim, dois da mesma essência, para que, em sucessões de vidas, conhecessem tudo; os prazeres, as desditas, para, depois, mercê Dele, juntos, proclamem, abraçando-se e beijando-se- viva o nosso Deus, que nos permitiu andar, viajar pela eternidade, trabalhando, ajudando, sofrendo, gritando, para, enfim, nos encontrarmos, e então, alma de minha alma, estaremos juntos, e estaremos em paz. Sorria, pois que em breve estaremos juntos. Ambos resgatamos o mal a que a nós mesmos fizemos. Viva Deus, meu amor, que nos pôs na escola da vida para aprendermos a amá-lo, enaltecendo e valorizando o nosso amor.

Amo-te."

Extraido do livro:Akhenaton, o filho do sol

De Luiz Carlos CarneiroO período do reinado de Akhenaton e Nefertiti:

   Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito


Trecho transcrito do livro: Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito.

Autora: Chiang Sing (pseudônimo de Glycia Modesta de Arroxellas Galvão). 



Em seus passeios matinais, quando o orvalho ainda brilhava nas folhas e nas flores do jardim real, Nefertiti e Akhnaton, tocados pelo seu idealismo religioso, costumavam iniciar as princesinhas nos segredos da natureza, por meio de histórias singelas de um mundo de maravilhas.

(...) 

O rei emergiu lentamente da profundeza de seus pensamentos, e começou a falar:

- Bem longe, lá pelas bandas do Eufrates, perto das terras de Shutarna, rei de Mitani, viviam sete sábios muito velhos na corte de um rei muito bom e muito rico. Um dia, os sábios se reuniram no palácio e o rei contou-lhes que uma estrela maravilhosa lhe aparecera em sonhos, sob a forma de uma donzela, formosa como a primeira névoa da manhã. E ela disse ao rei: “Gostaria de viver entre o seu povo, ó rei, pois amo a sua terra e a sua gente. Pergunte aos sete sábios da corte qual a forma que devo tomar e onde devo surgir para viver tranqüila entre aqueles a quem amo!”

(...)

- Os sábios pensaram um pouco e responderam: “Deixemos que a donzela estrela faça a escolha. Ela será bem-vinda sob qualquer forma e em qualquer lugar onde apareça”. E naquela noite, o rei olhou para o céu tentando distinguir qual daquelas estrelas tinha lhe aparecido em sonhos. Como era impossível saber, ele orou para a donzela estrela e foi dormir. E assim, naquela mesma noite, a estrela desceu do céu e pousou mansamente sobre as águas frias do lago que havia no Palácio Real. Na manhã seguinte, quando o rei acordou e olhou para o lago ficou deslumbrado. Seu coração descompassadamente e seus olhos encheram-se de lágrimas. O ago estava todo florido de lótus brancos, azuis e rosados. Os pássaros cantavam. As borboletas voavam alegres por entre os juncais e o ouro das acácias, mas nenhuma ousava pousar nas flores de lótus, cujas pétalas delicadas lembravam a forma de uma estrela. As raízes dessas flores celestiais estavam fincadas no lodo que havia bem no fundo do lago, mas suas hastes verdes atravessavam o cristal sereno das águas, suas folhas se abriam para o beijo da brisa e suas flores emergiam na superfície para receber a bênção dos raios divinos do Sol, o divino Aton, de quem eram mensageiras.

(...)
Mas logo, levado pela emoção, Akhnaton esqueceu de que estava falando para um público infantil e sua memória evocou as palavras iniciáticas da Casa da Luz:
- A estrela-flor era o emblema dos poderes criadores, da ideação divina do senhor do disco. Representava também o ser humano que, enraizado no lodo de suas paixões, eleva a haste dos seus ideais acima das águas nebulosas do astral e da atmosfera diáfana de sua mente, para abrir a corola de seu coração aos eflúvios da essência divina do Cosmo.
Toda a existência da estrela-flor se desenrolou no fundo das águas, numa espécie de sonolência, até o momento nupcial, em que passou a viver uma nova vida. Então, ela desenvolveu lentamente a larga espiral de seu pistilo, subiu, emergiu das águas e abriu-se na superfície clara do lago. Da margem vizinha, assim que a viu, um lótus-príncipe sentiu-se enamorado, atraído para um novo mundo de sonhos pela mágica sucessão daquela estrela-flor.
O lótus-príncipe foi se aproximando, mas, no meio do caminho, teve de parar porque o talo que sustentava era curto e não lhe permitia chegar até onde resplandecia maravilhosamente a estrela-flor. Seu coração sentiu o drama terrível do desejo inatingível, da fatalidade transparente. Semelhante drama era quase tão insolúvel como o nosso próprio drama sobre a Terra.
Mas eis que de repente surge uma nova e inesperada circunstância. Com um esforço galante, ele rompeu heroicamente o laço que o ligava à vida para voar até as alturas do seu ideal sublime. Cortou sua própria haste, e num incomparável impulso, entre pérolas de alegria, suas pétalas surgiram na superfície das águas... feridas de morte; porém livres e rutilantes, elas flutuam um instante ao lado de sua amorosa esposa. 
A união das duas flores se realiza, mas logo após o lótus-príncipe desmaia sobre as águas e morre, enquanto a brisa leva o seu corpo até a margem do lago. A estrela-flor, já fecundada pelo amor do lótus-príncipe, cerra suas pétalas, onde ainda pairavam os amantes eflúvios do lótus-príncipe, enrola seu pistilo e volta a descer até o fundo do lago, para chorar sua mágoa e amadurecer o fruto de um amor heróico e sem limites.
Existem homens que, tal como a estrela-flor, fazem descer os frutos do espírito até o lodo de sua vida inferior. Todo homem, e toda mulher, é uma estrela...
Akhnaton calou-se. Seus olhos sonhadores estavam fixos no horizonte, onde brilhavam os raios divinos do Sol.