Olhai os Lírios do Campo




OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO 


Olhai os lírios do campo... Como são belos Quando a manhã nasce No coração dos homens... Olhai os lírios do campo... Tão alvos, Tão castos, Tão puros, E procurai imita-los 

Em tudo que fizerdes, Em tudo que virdes, Em tudo que beijardes... Olhai os lírios do campo... Como são felizes Quando dormem resignados Nos dias úmidos do inverno triste... Olhai os lírios do campo... Como são felizes, Como são castos, Como são bons Quando escrevem na “Vida” O poema da “Inocência”... 

Fonte:  Mário Souto. Meus poemas diferentes. Recife: Geração, 1938. p. 1.


Há um beijo que desejamos toda a nossa vida,O toque do espírito no corpo.A água do mar implora á pérola para que ela rompa sua concha.E o lírio, quão apaixonadamente ele precisa de algum querido companheiro selvagem.À noite, abro a janela e peço para a lua vir e apertar seu rosto contra o meu. Respirar dentro de mim.Feche a porta da linguagem e abra a janela do amor. A lua não usará a porta, somente a janela.

Rumi -Quatro poemas




"Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?
É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços.
É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência, e sim com as do amor e da persuasão.
Quando falo em conquistas, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação."

Érico Veríssimo In Olhai os Lírios do Campo



A carta de Olívia a Eugênio

Um dos livros  escrito por Érico Veríssimo. "Olhai os lírios do campo"    há uma grandiosidade, uma generosidade, uma sensibilidade  que hoje poucos sentem. É uma expressão de fé na vida, nas pessoas, a fé


"Meu querido: o Dr. Teixeira Torres acha que a intervenção deve ser feita imediatamente e daqui a pouquinho tenho que ir para o hospital. Não sei por que me veio a idéia de que posso morrer na mesa de operações e aqui estou te escrevendo porque não me perdoaria a mim mesma se fosse embora desta vida sem te dizer umas quantas coisas que não te diria se estivesse viva.



Há pouco sentia dores horríveis, mas agora estou sob ação da morfina e é por isto que encontro alguma tranqüilidade para conversar contigo. Mas estarei mesmo tranqüila? Acho que sim. Decerto é a esperança de que tudo corra bem e que daqui a quinze dias eu esteja de novo no meu quarto, com a nossa filha, e meio rindo e meio chorando venha reler e rasgar esta carta, que então me parecerá muito tola e ao mesmo tempo muito estranha.



Quero falar de ti. Lembra-te daquela tarde em que nos encontramos nas escadas da faculdade? Mal no conhecíamos, tu me cumprimentaste com timidez, eu te sorri um pouco desajeitada e cada qual continuou o seu caminho. Tu naturalmente me esqueceste no instante seguinte, mas eu continuei pensando em ti e não sei por que fiquei com a certeza de que ainda haverias de ter uma grande, uma imensa importância na minha vida. São pressentimentos misteriosos que ninguém sabe explicar.



Hoje tens tudo quanto sonhava: posição social, dinheiro, conforto, mas no fundo te sentes ainda bem como aquele Eugênio indeciso e infeliz, meio desarvorado e amargo que subia as escadas do edifício da faculdade, envergonhado de sua roupa surrada. Continuou em ti a sensação de inferioridade (perdoa que te fale assim), o vazio interior, a falta de objetivos maiores. Começas agora a pensar no passado com uma pontinha de saudade, com um pouquinho de remorso. Tens tido crises de consciência, não é mesmo? Pois ainda passarás horas mais amargas e eu chego até a amar o teu sofrimento, porque dele, estou certa, há de nascer o novo Eugênio.



Uma noite me disseste que Deus não existia porque em mais de vinte anos de vida não O pudeste encontrar. 

Pois até nisso se manifesta a magia de Deus. Um ser que existe mas é invisível para uns, mal e mal perceptível para outros e duma nitidez maravilhosa para os que nasceram simples ou adquiriram simplicidade por meio do sofrimento ou duma funda compreensão da vida. Dia virá em que em alguma volta de teu caminho há de encontrar Deus. Um amigo meu, que se dizia ateu, nas noites de tormenta desafiava Deus, gritava para as nuvens, provocando o raio. Deus é tão poderoso que está presente até nos pensamentos dos que dizem não acreditar na sua existência. Nunca encontrei um ateu sereno. Eles se preocupam tanto com Deus como o melhor dos deístas.



 argumento mais fraco que tenho contra o ateísmo é que ele é absolutamente inútil e estéril; 
não constrói nada, não explica nada, não leva a coisa nenhuma.



Se soubesses como tenho confiança em ti, como tenho certeza na tua vitória final...



Deixo-te Anamaria e fico tranqüila. Já estou vendo vocês dois juntos e muito amigos na nova vida, caminhando de mãos dadas. Pensa apenas nisto: há nela muito de mim e principalmente muito de ti. Anamaria parece trazer escrito no rosto o nome do pai. É uma marca de Deus, Genoca, compreende bem isto. Vais contunuar nela: é como se te fosse dado modelar, com o barro de que foste feito, um novo Eugênio.



Quando eu estava ainda em Nova Itália. Li muitas vezes o teu nome ligado ao do teu sogro em grandes negócios, sindicatos, monopólios e não sei mais quê. Estive pensando muito na fúria cega com que os homens se atiram à caça do dinheiro. É essa a causa principal dos dramas, das injustiças, da incompreensão da nossa época. Eles esquecem o que têm de mais humano e sacrificam o que a vida lhes oferece de melhor: as relações de criatura para criatura. De que serve construir arranha-céus se não há mais almas humanas para morar neles?

Quero que abra os olhos, Eugênio, que acorde enquanto é tempo. Peço-te que pegues a minha Bíblia que está na estante de livros, perto do rádio, leias apenas o Sermão da Montanha. Não te será difícil achar, pois a página está marcada com uma tira de papel. Os homens deviam ler e meditar esse trecho, principalmente no ponto em que Jesus nos fala dos lírios do campo que não trabalham nem fiam, e no entanto nem Salomão em toda sua glória jamais se vestiu como um deles.

Está claro que não devemos tomar as parábolas de Cristo ao pé da letra e ficar deitados à espera de que tudo nos caia do céu. É indispensável trabalhar, pois um mundo de criaturas passivas seria também triste e sem beleza. Precisamos, entretanto, dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.

Não penses que estou fazendo o elogio do puro espírito contemplativo e da renúncia, ou que ache que o povo devia viver narcotizado pela esperança da felicidade na “outra vida”. Há na terra um grande trabalho a realizar. É tarefa para seres fortes, para corações corajosos. Não podemos cruzar os braços enquanto os aproveitadores sem escrúpulos engendram os monopólios ambiciosos, as guerras e as intrigas cruéis. Temos de fazer-lhes frente. É indispensável que conquistemos este mundo, não com as armas do ódio e da violência e sim com as do amor e da persuasão. Considera a vida de Jesus. Ele foi antes de tudo um homem de ação e não um puro contemplativo.

Quando falo em conquista, quero dizer a conquista duma situação decente para todas as criaturas humanas, a conquista da paz digna, através do espírito de cooperação.

E quando falo em aceitar a vida não me refiro à aceitação resignada e passiva de todas as desigualdades, malvadezas, absurdos e misérias do mundo. Refiro-me, sim, à aceitação da luta necessária, do sofrimento que essa luta nos trará, das horas amargas a que ela forçosamente nos há de levar.

Precisamos, portanto, de criaturas de boa vontade. E de homens fortes como esse teu amigo Filipe Lobo, que seria um campeão de nossa causa se orientasse a sua ambição, o seu ímpeto construtor e a sua coragem num sentido social e não apenas egoisticamente pessoal.

Não sei, querido, mas acho que estou febril. Este entusiasmo, portanto, vai por conta da febre.

Ouço agora um ruído. Deve ser a ambulância que vem me buscar. Senti um calafrio e parece que minha coragem teve um pequeno desfalecimento. Estás vendo o tremor de minha letra? É que sou humana, Genoca, profundamente humana, tão humana que te confesso corando um pouco (apesar dos trinta anos e da profissão) que antes de ir para o hospital eu quisera beijar-te muito e muito.

Anamaria fica com D. Frida. Sei que depois, se eu morrer, virás buscá-la para a nova vida.

Reli o que acabo de escrever. Estou fazendo um esforço danado para não chorar. Tolice! Espero que tudo corra bem e que dentro de duas semanas eu esteja queimando esta carta que já agora me parece um pouco melodramática.

Antes que me esqueça: na gaveta da cômoda há um maço de cartas que te escrevi de Nova Itália expressamente para “não te mandar”. Agora pode lê-las todas. Não encontrarás nada do meu passado, do qual nunca te falei e sobre o qual tiveste a delicadeza de não fazer perguntas. É pena. Gostaria que soubesses tudo, que visses como minha vida já foi feia e escura e como lutei e sofri para encontrar a tranqüilidade, a paz de Deus.

Adeus. Sempre aborreci as cartas de romance que terminam de modo patético. Mas permite que eu escreva.

Tua para a eternidade.

Olívia"


"Existem duas espécies de crueldade. A crueldade que se comete por cegueira, por incompreensão, e a crueldade que se comete por prazer. 


De família abastada que se arruinou, Érico Veríssimo era filho do farmacêutico Sebastião Veríssimo da Fonseca (1880-1935) e da dona de casa Abegahy Lopes (dita "dona Bega"). Tinha um irmão mais novo, Ênio (1907), e uma irmã adotiva, Maria.1 Quando tinha quatro anos de idade, Érico Veríssimo ficou gravemente doente e, após ser levado a vários médicos, foi finalmente diagnosticado com meningite complicada com broncopneumonia pelo médico Olinto de Oliveira, cujo tratamento salvou sua vida. Durante sua infância, estudou no Colégio Venâncio Aires, em Cruz Alta, onde foi um aluno comportado e quieto, frequentava o cinema e observava o pai trabalhando. Por volta de 1914, com quase dez anos, Érico criou uma "revista", Caricatura, na qual fazia desenhos e escrevia pequenas notas.

Aos treze anos, Érico já lia autores nacionais, como Aluísio Azevedo e Joaquim Manoel de Macedo, e estrangeiros, como Walter Scott, Émile Zola e Fiódor Dostoiévski. Em 1920, ele foi matriculado no extinto Colégio Cruzeiro do Sul (hoje Colégio IPA), um internato de orientação protestante de Porto Alegre, deixando sua namorada Vânia em Cruz Alta. No novo colégio, Veríssimo foi por muito tempo o primeiro aluno de sua turma, embora tivesse aversão à matemática.1 Em seu último ano letivo, o jovem Érico chegou a sofrer de claustrofobia e de pesadelos.Em dezembro de 1922, terminados os estudos de Veríssimo, seus pais se separaram; as diferenças do casal eram notáveis: Sebastião era um homem gastador e mulherengo e dona Bega, uma mulher econômica e mais reclusa. Érico, sua mãe e seus irmãos passaram então a morar na casa dos avós maternos. Deprimido e endividado, o pai perdeu a propriedade da farmácia. No ano seguinte, Érico empregou-se como balconista no armazém do tio Américo Lopes e, depois, no Banco Nacional do Comércio. Durante esse tempo, transcrevia obras de Euclides da Cunha e de Machado de Assis, dentre outros escritores, e tomou gosto pela música lírica. Também aprofundou mais ainda a leitura de escritores nacionais e estrangeiros.Em 1924, para que o irmão Ênio pudesse frequentar o ginásio, a família mudou-se para a capital gaúcha, mas retornou a Cruz Alta após um ano de extrema dificuldade financeira. Em 1926, Érico se tornou sócio da Farmácia Central, junto com um amigo de seu pai, mas o novo empreendimento faliu em 1930, deixando uma dívida que só conseguiria liquidar dezessete anos depois. Além de farmacêutico, Érico também trabalhou como professor de literatura e língua inglesa à época.

Em 1927, Veríssimo conheceu sua futura esposa, Mafalda Halfen Volpe, então com quinze anos, e os dois ficaram noivos em 1929. Nesse mesmo ano, publicou-se o primeiro texto de Veríssimo: Chico: um Conto de Natal, na revista mensal "Cruz Alta em Revista". Em seguida, seu amigo Manuelito de Ornelas enviou os contos Ladrão de Gado e A Tragédia dum Homem Gordo à revista do Globo. E o jornal Correio do Povo publicou o conto A Lâmpada Mágica.


I Fase: Clarissa (1933); Caminhos cruzados (1935); Música ao longe (1935); Um lugar ao sol (1936); Olhai os lírios do campo (1938); Saga (1940); O resto é silêncio (1943).
II Fase: O tempo e o vento (O continente – O retrato – O arquipélago)(1949-1962); Noite (1954); O senhor embaixador (1967); Incidente em Antares (1971); Solo de clarineta (memórias, 1973).
Além dos Livros acima, Érico Veríssimo escreveu relatos de viagens (Gato preto em campo de neve, México, Israel em abril); biografias (A vida de Joana D´Arc); Contos e Literatura infantil. As Obras do escritor Érico Veríssimo foram traduzidos para diversos idiomas, entre eles o alemão, espanhol, finlandês, francês, holandês, húngaro, indonésio, inglês, italiano, japonês, norueguês, polonês, romeno, russo, sueco e tcheco.
Uma das suas Obras mais conhecidas e apreciadas é o Livro Olhai os Lírios do Campo, que realmente é um romance envolvente, inteligente e com muitas lições e reflexões que todas as pessoas deveriam ler para se tornarem melhores, aumentar seu conhecimento, além de rever muitos conceitos sobre a Vida.


Nesse Livro destacam se o lirismo romântico da história de Eugênio, descobrindo que o dinheiro não traz felicidade, aos moldes do romance urbano de 30, de caráter socialista. Há também as Cartas de Olívia, muito profundas que falam sobre a ganância dos homens, ideias revolucionárias de mudanças individuais e coletivas e uma bela visão da Fé e de Deus são relatadas.



Um Doce Olhar


A Vida Continua (Paulo Kronemberger)

  


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Hoje, de algum lugar longe dessas terras

Há um doce olhar só para você...

Um olhar especial

De alguém especial, de distantes origens

Um olhar de um justo coração que pulsa só a vida...

Que sorri porque ama plenamente

Sem julgamentos, preconceitos nem prisões

Hoje, como ontem, longe desses Céus
Há um encantado olhar só pra você
Nesse olhar vai para você a magia da luz
A simplicidade do perdão
A força para comungar com a vida
A esperança de dias mais radiantes de paz
Hoje, de algum lugar dentro de você,
Alguém que já o amou muito e ainda o ama
Diz para você que valeu a pena ter estado nessas Terras...
Sob estes Céus...
Falando de união, paz, amor e perdão
Poder sentir a força que faz você sorrir
E continuar o caminho
Que um dia aquele doce olhar iniciou pra você
Tudo isso, só para você saber,
que A VIDA CONTINUA...
E A MORTE É UMA VIAGEM.

Paulo Kronemberger




O Semeador

amazonas




Amazonas
Eu posso ouvi-lo chamando
Como um estranho Eu estou voltando para casa.
Amazonas
Eu posso ouvi-lo chamando
Como um estranho Eu estou voltando para casa.
Amazonas
quando a noite está caindo
Eu começo a sonhar com a terra que eu conheço.

Amazonas
Eu posso ouvir você chamando. . .

 Ó rio lento
ó
o quanto eu perdi você
No deserto do néon-luz.
Eu sei que algum dia eu vou ficar com você

Veja o O SOL  nascer e suaS históriaS de noites.

Amazonas
Eu posso ouvir você chamando. . .

Rios lentos
eles nunca vão domar você
E seus segredos que nunca saberemos.
Inferno ou céu
quem poderia planície você?
Água interminável ir em movimento lento.

Amazonas
Eu posso ouvir o chamando
Como um estranho
Eu estou voltando para casa casa.
Amazonas
Eu posso ouvir você chamando. . .






O Brasil possui a maior parte da AMAZÔNIA (5,217 milhões de km2), o que significa 1/3 das florestas do mundo, ar e água doce abundantes.  


A Amazônia Legal se estende por 9 Estados e ocupa 61 % do território brasileiro – sua área eqüivale à metade do continente europeu e nela cabem 12 Países, incluindo Alemanha e França. É 7 vezes maior que a França. 
Ela seria assim o 6º maior País do mundo, com uma população de 25 milhões de pessoas. A região faz fronteira de 11 mil km com Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela.


O rio Amazonas é o mais longo, tem o maior volume de água e possui 1/5 de toda a água doce da Terra. Possui mais de 500 afluentes, formando um volume de água de mais de 80 mil metros cúbicos. 

Segundo avaliações da ONU, o Século 21 será marcado por graves conflitos entre as Nações, com origem numa única causa :

 a escassez de água potável.

É isso que torna a Amazônia ainda mais estratégica, pois em seus rios estão 21 % da água doce mundial, sendo a maior reserva hídrica do mundo, o que já lhe confere valor incalculável. Somente o Rio Amazonas despeja, diariamente, mais de 10 % de toda a escassa água doce do planeta no Oceano Atlântico.




Entrevista do legendário indigenita Orlando Villas Boas, que
preconizou há anos a tomada das terras Yanomanis com
chancela da ONU, por causa de suas inúmeras riquezas.

 Ignora-se o potencial real mineral do subsolo e detalhes do ecossistema.

É uma reconhecida fonte de minérios, a qual é estimada em mais de US$ 50 trilhões, com depósitos de ouro, estanho, cobre, bauxita, urânio, potássio, terras raras, nióbio, enxofre, manganês, diamantes e outras pedras preciosas, e petróleo. 


Muitos depósitos de 
minério ferrosos (minério de ferro e suas pelotas, e manganês, entre outros) e não-ferrosos (níquel e cobre, entre outros) de toda monta ainda serão descobertos.
Em Nova Olinda, no Amazonas, existe uma reserva de Cloreto de Potássio (KCl, importante fertilizante de solos) estimada em 340 milhões  de toneladas. O governo Collor extinguiu a Petromisa, deixando esta importante reserva abandonada. E o País hoje começa a acordar para os explosivos preços das importações dos fertilizantess e a dependência de sua agricultura para crescer para o mundo e até para conter a inflação dos alimentos.

Entretanto, a Amazônia também é rica do mais estratégico minério para o futuro da humanidade, o NIÓBIO, e a maior mina de Nióbio do mundo está em São Gabriel da Cachoeira, Amazonas, superior até à de Araxá, em Minas Gerais. Fala-se ainda de gigantesca ocorrência dentro da Reserva Raposa Tavares do Sol, que seria o real motivo de tanta disputa internacional.

O Nióbio será a chave na geração 
de energia em grande escala no
futuro da humanidade !


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O Semeador





"Disse Jesus:

Eis que o semeador saiu a semear.
Encheu a mão e lançou as sementes.
Algumas caíram no caminho e tornaram-se alimento para os pardais.
Outras caíram entre os espinhos que sufocaram a semente e o verme a devorou.
Outras caíram em terreno pedregoso; aí não puderam lançar raízes na terra.
Outras caíram em
 terra excelente e produziram bom fruto em direção ao Céu.
Produziram sessenta em cento e vinte por medida."
  Evangelho de Tomé

Este faz lembrar a importância do terreno que recebe a semente. 
O crescimento do germe divino semeado 
em cada um de nós depende de nossa maneira de receber. 
O sentido da palavra varia segundo o ouvido que a escuta.
A semente, isto é, a informação criadora - é a mesma para todos; 
a variedade dos frutos deve-se ao terreno que a recebe.
O caminho simboliza a "vida habitual", a rua principal com suas atrações.

 A informação criadora recebida por uma consciência dispersa, distraída, não pode desabrochar, no homem não chega ao íntimo, não habita nossa profundidade; pode-se reduzir o Evangelho a uma conversação de salão, a uma tagarelice, a um produto de consumo ou diversão como outro qualquer..
A semente pode, igualmente cair entre os espinhos. O espinheiro simboliza a consciência crítica, analítica que caracteriza certos espíritos contemporâneos e que sufoca a espontaneidade da vida. Aí também, a informação criadora não pode se encarnar e se expandir.
O conhecimento de si, mencionado no Evangelho, não é introspecção, auto-análise perpétua que nos inibe e esteriliza. Trata-se de um estado de atenção ao que é - sem julgamento, "sem por que" dizia Meister Eckhart. O verme no meio dos espinhos que ameaça devorar é o narcisismo. A consciência, incessantemente voltada para si mesma, nos impede o próprio movimento do Logos em seu desenvolvimento essencial.
O terreno pedregoso no qual a semente não consegue penetrar simboliza a dureza do coração. - "O coração de pedra", aquele que se fecham que recusa as informações criadoras. A coisa mais grave que nos pode acontecer é "que nosso coração de carne se torne um coração de pedra". Muitas vezes, somos empedernidos porque temos medo. O próprio corpo se contrai, se fecha, se defende e segrega nos músculos uma estranha couraça. Confunde-se a dureza com força. A dureza exterior oculta a fragilidade ou moleza interior como a carapaça do camarão. Aquele que é sólido interiormente - que tem uma coluna vertebral - não precisa "brincar de durão"; pelo contrário, pode até mesmo mostrar-se terno, vulnerável, e acolher sem receio a informação criadora. Torna-se, assim, uma terra boa.

A terra boa é o coração lavrado
-esse tema será tomado no Evangelho segundo Tomé.

Lavrado pela ascese ou pelas provocações da vida, tornou-se menos empedernido, menos distraído, menos egocentrado. Esse longo trabalho retirou dele os espinhos e as pedras. Daqui em diante, está aberto as essencial e torna-se capaz de escutar e meditar a Palavra de Deus, a informação criadora que murmura em suas veias; então, o bom fruto do Despertar começa a se erguer."
Jean-Yves Leloup em O Evangelho de Tomé

Gratidão.

RIO NEGRO

Da minha varanda vejo entre árvores e telhados...
o Rio Negro!
Com sua imensidão e beleza no horizonte
a lua ilumina aquelas águas caudalosas e escuras...
as estrelas brilham como tapetes luminosos
no céu...resplandecente...
Nas areias pequenas espumas que lentamente
vão desaparecendo em movimentos
uniformes e sussurrantes...
O mistério...a fascinação
de todas as lendas contadas pelos velhos indígenas...
a crença irreal..no sobrenatural!
A tentação da longa travessia
deslizando em suas águas calmas e doces...
quentes...faltava apenas um trovador!
celina Vasques in blog

Música - A Eterna música

DA MÚSICA (Kahlil Gibran)


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Divina Música !
Filha da Alma e do Amor.

Cálice da Amargura 
E do Amor.

Sonho do coração humano,
Fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragância
E desabrochar dos sentimentos.

Linguagem dos amantes,
Confidenciadora de segredos.

Mãe das lágrimas do amor oculto
Inspiradora de poetas, de compositores
E dos grandes realizadores.

Unidade de pensamento 
Dentro dos fragmentos das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.

Vinho do coração.

Que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros,
Fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.

Ó música.
Em tuas profundezas
Depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações.
Da Música - Poema de Casimiro de Brito


A musica derrama-se
no corpo terroso
da palavra. Inclina-se
no mundo em mutação
do poema.

A música traz na bagagem
a memória do sangue; o caminho
do sol: Lume e cume
de palavras polidas.

A música rompe um rio de lava
por si mesmo criado. Lágrima
endurecida
onde cabem o mar
e a morte.

Casimiro de Brito

Foto

           A Música tem a primazia de mudar nosso estado de espírito..


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 DA MÚSICA 

Sentei-me ao pé daquela que meu coração ama, e ouvi suas palavras. Minha alma começou a vaguear pelos espaços infinitos onde o universo aparecia como um sonho, e o corpo como uma prisão acanhada.
A voz encantadora de minha Amada penetrou em meu coração.
Isto é música, amigos, pois eu a ouvi através dos suspiros daquela que amo, e pelas palavras balbuciadas por seus lábios.
Com os olhos de meus ouvidos, vi o coração de minha Amada.
Meus amigos: a Música é a linguagem dos espíritos. Sua melodia é como uma brisa saltitante que faz nossas cordas estremecerem de amor. Quando os dedos suaves da música tocam à porta de nossos sentimentos, acordam lembranças que há muito jaziam escondidas nas profundezas do Passado. Os acordes tristes da Música trazem-nos dolorosas recordações; e seus acordes suaves nos trazem alegres lembranças. A sonoridade de suas cordas faz-nos chorar à partida de um ente querido ou nos faz sorrir diante da paz que Deus nos concedeu.
A alma da Música nasce do espírito e sua mensagem brota do Coração.
Quando Deus criou o Homem, deu-lhe a Música como uma linguagem diferente de todas as outras. Mesmo em seu primarismo, o homem primitivo curvou-se à glória da música; ela envolveu os corações dos reis e os elevou além de seus tronos.
Nossas almas são como flores tenras à mercê dos ventos do Destino. Elas tremulam à brisa da manhã e curvam as cabeças sob o orvalho cadente do céu.
A canção dos pássaros desperta o Homem de sua insensibilidade, e o convida a participar dos salmos de glória à Sabedoria Eterna, que criou a melodia de suas notas.
Tal música nos faz perguntar a nós mesmos o significado dos mistérios contidos nos velhos livros.
Quando os pássaros cantam, estarão chamando as flores nos campos, ou estão falando às árvores, ou apenas fazem eco ao murmúrio dos riachos? Pois o Homem, mesmo com seus conhecimentos, não consegue saber o que canta o pássaro, nem o que murmura o riacho, nem o que sussurram as ondas quando tocam as praias vagarosa e suavemente.
Mesmo com sua percepção, o homem não pode entender o que diz a chuva quando cai sobre as folhas das árvores, ou quando bate lentamente nos vidros das janelas. Ele não pode saber o que a brisa segreda às flores nos campos.
Mas o coração do homem pode pressentir e entender o significado dessas melodias que tocam seus sentidos. A Sabedoria Eterna sempre lhe fala numa linguagem misteriosa; a Alma e a Natureza conversam entre si, enquanto o Homem permanece mudo e confuso.
Mas o Homem já não chorou com esses sons? E suas lágrimas não são, porventura, uma eloquente demonstração?
Divina Música!
Filha da Alma e do Amor.
Cálice da amargura
E do Amor.
Sonho do coração humano,
Fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragrância
E desabrochar dos sentimentos.
Linguagem dos amantes,
Confidenciadora de segredos.
Mãe das lágrimas do amor oculto.
Inspiradora de poetas, de compositores
E dos grandes realizadores.
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos
Das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.
Vinho do coração
Que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros,
Fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música.
Em tuas profundezas
Depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações.
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  • A música nada mais nada menos é que o anseio da alma
  •  em expressar a beleza que existe em si.
  • Se todos voltassemos nossos sentidos a ouvir a grandeza interior,
  • chegariámos a perfeição de uma linda melodia.
  • A musica está atraindo-nos nas ondas do mar,
  • no vento e suas mudanças durante as estações,
  • nas chuvas tempestades,raios e trovões.
  •  Esta em cada ser,na  beleza da flor, no amor. 
  • E precisa manifestar-se em expressão suave de 
  •  notas musicais... 
  • Tornando-se Melodias ...
  • notas de gratidão quase oração,
  • seja compondo ou simplesmente ouvindo...
  • ... esta no som ritmado do coração, 
  • da respiração,  do verbo.
  • Quão lindo coral somos:corações uníssonos 
  • batendo na alegre canção da vida em hino ao criador. 
  • Nadja Feitosa

Aceitação

"No que me diz respeito, minha aceitação de cada um é total. Seja você quem for, seja você o que for, eu não quero impor nenhum ideal sobre você de que você tem de ser alguma outra coisa. Se você desenvolver-se em algo além, isso é uma outra coisa, mas eu não lhe quero dar quaisquer “deveres” - que você deve ser isto, que você deve ser aquilo, que “a menos que você atinja este certo ideal você não é digno de ser chamado humano”. Não; como você é você é perfeitamente digno. 

A existência o aceita, a vida o aceita - e eu não sou contra a vida, não sou contra a existência; eu simplesmente sigo do jeito que o rio da vida corre. Se a vida o aceita, eu o aceito.

As pessoas têm condições quando aceitam...
Pequenas coisas são suficientes para criar barreiras, e estamos todos vivendo com as nossas defesas, de modo que os outros não podem saber exatamente o que nós somos.
Nós lhes permitimos conhecer apenas aquela parte do nosso ser que é aceitável a eles. 
Esse é um dos fundamentos da nossa miséria. As pessoas são diferentes e nós deveríamos nos alegrar e regozijar em suas diferenças, eu suas variedades. Seu
julgamento não vai mudar ninguém; talvez seu julgamento possa criar uma teimosia na outra pessoa em não mudar. Quem é você para mudar a pessoa?

Esses são os segredos da vida. Se você aceita alguém com totalidade, ele começa a mudar, porque você lhe dá total liberdade de ele ser ele mesmo. E a pessoa que lhe dá total liberdade de você ser você mesmo... - você gostaria que aquela pessoa fosse feliz; no que lhe diz respeito, ele lhe deu a dignidade e a honra de aceitá-lo. É muito natural que, se você vê algo em você que não está certo - embora a outra pessoa o aceite como você é - você deseje ser até melhor, por causa dela; ser mais meigo, mais amoroso, mais delicado por causa dela.
Eu o aceito como você é

Eu não tenho nenhuma expectativa sobre você - eu não quero que você seja modelado dentro de uma certa ideia, dentro de um certo ideal. Não quero fazer de você uma estátua morta.

Quero que você fique vivo, mais vivo... e você pode ser vivo somente se a sua
totalidade for aceita - não apenas aceita, mas respeitada.

Eu quero que cada pessoa do meu povo seja simplesmente ela mesma, absolutamente natural... e permitindo que o outro também seja natural, aceitando uns aos outros, tentando compreender o mistério de cada um e ajudando de todas as maneiras de modo que o outro possa se tornar cada vez mais autêntico.

Somente seres humanos autênticos podem criar uma sociedade que seja alegre,
extasiada e, no sentido verdadeiro, humana."
Osho em The Hidden Splendor




Solidão Amiga








A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, "parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis". A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: "Como se comporta a Sua Solidão?" Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo:
 "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." 
Pare. Leia de novo.
 E pense.
 Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. 
Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: 

Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga.
 Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim: "Por muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje não a lastimo./ Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim./ E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/ que rio e danço e invento exclamações alegres,/ porque a ausência, essa ausência assimilada,/ ninguém a rouba mais de mim.!"

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que "o inferno é o outro." Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

"Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz - ela me fala com ternura e felicidade!

Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas.

Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos/poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar."

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, "certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa - garrafa, prato, facão - era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia."

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: "As obras de arte são de uma solidão infinita." É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

"...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília..."

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.
Rubens Alves

Paramahansa Yogananda - Ser Imortal

 



Quando se perde um ente querido, em vez de desesperar-se irracionalmente, 
compreenda que ele foi para um plano mais elevado, segundo a vontade divina, e que Deus sabe o que é melhor. 
Alegre-se por ele estar livre. Reze para que seu amor e boa-vontade sejam mensageiros de estímulo que você envia para ele, em seu caminho para diante. 
Essa atitude ajudará muito mais. Naturalmente, não seríamos humanos se não sentíssemos falta dos entes queridos mas, ao sentirmos a solidão provocada por sua ausência, não devemos permitir que apegos egoístas 
prendam os outros à terra. A tristeza excessiva impede que a alma que partiu continue progredindo em direção à paz e liberdade maiores.
A maioria das pessoas que hoje vive na Terra não estava aqui há cem anos. Outras estavam aqui antes de nós. E nós, que agora caminhamos pelas ruas do mundo, não estaremos aqui dentro de cem anos. Tudo terá terminado para nós e a nova geração nem se preocupará conosco. Ela sentirá, como nós agora, que o mundo lhe pertence; mas, um por um, todos também serão levados daqui. 

A morte deve ser boa, ou Deus não teria ordenado que acontecesse a todos. Por que viver com medo dela?

Os que temem a morte não podem conhecer a verdadeira natureza de sua alma. "Os covardes morrem muitas vezes antes da morte; o valente prova seu gosto só uma vez." 
O covarde vive em sua mente, repetidas vezes, um filme de dor e morte. O valente morre de causas naturais ou é espiritualmente avançado, o corpo das sensações simplesmente adormece e, quando a consciência volta a despertar em outro plano, tem todas as sensações do corpo sem a forma física. Toda a consciência está na mente, exatamente como nos sonhos. Não é difícil imaginar isso. Quem morre, apenas se desfaz do corpo físico denso, que é apenas uma forma inferior da mente e a causa de todos os problemas para a alma.

Na morte, você esquece todas as limitações do corpo físico e compreende o quanto é livre. Nos primeiros segundos existe uma sensação de medo - medo do desconhecido, de algo estranho à consciência. 
Em seguida, porém, vem uma grande compreensão: a alma experimenta uma alegre sensação de alívio e liberdade. 
Você percebe que existe separado do corpo mortal.

Todos nós vamos morrer um dia, portanto é inútil ter medo da morte. Você não se sente infeliz com a perspectiva de perder a consciência do corpo no sono; aceita o sono como um desejável estado de liberdade. 

Assim é a morte: um estado de repouso, uma aposentadoria desta vida. 
Não há o que temer. Quando a morte chegar, ria dela. 
A morte é apenas uma experiência a que você está destinado para aprender 
uma grande lição: você não pode morrer.

Nosso ser real, a alma, é imortal. Podemos ficar por 
algum tempo adormecidos neste estado chamado "morte", porém nunca seremos destruídos. Nós existimos e essa existência é eterna. 

A onda alcança a praia, depois volta ao mar, mas não se perde. Ela se torna una com o oceano, ou retorna, na forma de outra onda. este corpo veio e desaparecerá, mas a essência da alma que traz dentro dele jamais deixará de existir. 
Nada poderá extinguir essa consciência eterna."
Paramahansa Yogananda em Onde existe luz


Janela da eternidade...


"Cada minuto é uma eternidade porque a eternidade pode ser experimentada em cada minuto.
Cada dia, hora ou minuto é uma janela através da qual você pode ver a eternidade.

A vida é breve e, entretanto, sem fim. A alma é eterna, mas na curta estação desta vida você deve colher o máximo da imortalidade.

Tudo é Deus.

Tanto esta sala quanto todo o universo estão flutuando como num filme na tela da minha consciência... Eu olho para esta sala e vejo nada mais do que Espírito puro, Luz pura, Alegria pura.
A figura de meu corpo e de seus corpos - e de todas as coisas desse mundo – são apenas raios de luz provenientes daquela única Luz Sagrada.

Olhando esta Luz, não vejo nada além do Espírito puro.

A eternidade se estende à minha volta, embaixo, acima, à esquerda, à direita, à frente, atrás, dentro e fora.
De olhos abertos, vejo-me como um pequeno corpo.
De olhos fechados, percebo-me como o centro cósmico ao redor do qual gira a esfera da eternidade, da bem-aventurança do onisciente espaço vivente.
Enquanto estivermos imersos na consciência do corpo, seremos como estranhos num país desconhecido.

Nossa terra natal é a onipresença.

Eu O sinto transbordando em meu coração e em todos os corações, através dos poros da terra, do céu, de todas as coisas criadas.
Ele é o eterno movimento da alegria. Ele é o espelho de silêncio no qual está refletida toda a criação.
Aprenda a ver Deus em todas as pessoas, de qualquer raça ou credo.
Somente quando começar a sentir sua unidade com todos os seres humanos é que você saberá o que é o amor divino; não antes.
O Oceano do Espírito se transformou na pequena bolha da minha alma.
Seja flutuando no nascimento ou desaparecendo na morte, a pequena bolha da minha alma não pode morrer no oceano da percepção cósmica.
Eu sou consciência indestrutível, protegida no seio imortal do Espírito.

Certo dia vi uma pequenina formiga subindo um monte de areia. E pensei:
"A formiga deve estar pensando que está escalando os Himalayas!"
O montinho deve ter parecido gigantesco para a formiga, mas não para mim.
Analogamente, um milhão de anos solares podem representar menos de um minuto na mente de Deus.

Devemos aprender a pensar em grandes termos: Eternidade! Infinito!

Ó Espírito, ensina-nos a curar o corpo, revitalizando-o com Tua energia cósmica; a curar a mente com a concentração e alegria; a curar a doença da ignorância da alma com o bálsamo divino da meditação em Ti.

O método mais eficaz para uma cura instantânea é a fé em Deus, absoluta e incondicional. Empenha-se constantemente para despertar este tipo de fé é a maior e mais gratificante obrigação do homem.
A Fonte Infinita é um dínamo infinito que embebe a alma sem cessar, com força, felicidade e poder. É por isto que é tão importante você confiar o máximo que puder na fonte infinita."
Paramahansa Yogananda em Meditações