Aceitação

"No que me diz respeito, minha aceitação de cada um é total. Seja você quem for, seja você o que for, eu não quero impor nenhum ideal sobre você de que você tem de ser alguma outra coisa. Se você desenvolver-se em algo além, isso é uma outra coisa, mas eu não lhe quero dar quaisquer “deveres” - que você deve ser isto, que você deve ser aquilo, que “a menos que você atinja este certo ideal você não é digno de ser chamado humano”. Não; como você é você é perfeitamente digno. 

A existência o aceita, a vida o aceita - e eu não sou contra a vida, não sou contra a existência; eu simplesmente sigo do jeito que o rio da vida corre. Se a vida o aceita, eu o aceito.

As pessoas têm condições quando aceitam...
Pequenas coisas são suficientes para criar barreiras, e estamos todos vivendo com as nossas defesas, de modo que os outros não podem saber exatamente o que nós somos.
Nós lhes permitimos conhecer apenas aquela parte do nosso ser que é aceitável a eles. 
Esse é um dos fundamentos da nossa miséria. As pessoas são diferentes e nós deveríamos nos alegrar e regozijar em suas diferenças, eu suas variedades. Seu
julgamento não vai mudar ninguém; talvez seu julgamento possa criar uma teimosia na outra pessoa em não mudar. Quem é você para mudar a pessoa?

Esses são os segredos da vida. Se você aceita alguém com totalidade, ele começa a mudar, porque você lhe dá total liberdade de ele ser ele mesmo. E a pessoa que lhe dá total liberdade de você ser você mesmo... - você gostaria que aquela pessoa fosse feliz; no que lhe diz respeito, ele lhe deu a dignidade e a honra de aceitá-lo. É muito natural que, se você vê algo em você que não está certo - embora a outra pessoa o aceite como você é - você deseje ser até melhor, por causa dela; ser mais meigo, mais amoroso, mais delicado por causa dela.
Eu o aceito como você é

Eu não tenho nenhuma expectativa sobre você - eu não quero que você seja modelado dentro de uma certa ideia, dentro de um certo ideal. Não quero fazer de você uma estátua morta.

Quero que você fique vivo, mais vivo... e você pode ser vivo somente se a sua
totalidade for aceita - não apenas aceita, mas respeitada.

Eu quero que cada pessoa do meu povo seja simplesmente ela mesma, absolutamente natural... e permitindo que o outro também seja natural, aceitando uns aos outros, tentando compreender o mistério de cada um e ajudando de todas as maneiras de modo que o outro possa se tornar cada vez mais autêntico.

Somente seres humanos autênticos podem criar uma sociedade que seja alegre,
extasiada e, no sentido verdadeiro, humana."
Osho em The Hidden Splendor




Solidão Amiga








A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir, música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Faço-lhe uma sugestão: leia o livro A chama de uma vela, de Bachelard. É um dos livros mais solitários e mais bonitos que jamais li. A chama de uma vela, por oposição às luzes das lâmpadas elétricas, é sempre solitária. A chama de uma vela cria, ao seu redor, um círculo de claridade mansa que se perde nas sombras. Bachelard medita diante da chama solitária de uma vela. Ao seu redor, as sombras e o silêncio. Nenhum falatório bobo ou riso fácil para perturbar a verdade da sua alma. Lendo o livro solitário de Bachelard eu encontrei comunhão. Sempre encontro comunhão quando o leio. As grandes comunhões não acontecem em meio aos risos da festa. Elas acontecem, paradoxalmente, na ausência do outro. Quem ama sabe disso. É precisamente na ausência que a proximidade é maior. Bachelard, ausente: eu o abracei agradecido por ele assim me entender tão bem. Como ele observa, "parece que há em nós cantos sombrios que toleram apenas uma luz bruxoleante. Um coração sensível gosta de valores frágeis". A vela solitária de Bachelard iluminou meus cantos sombrios, fez-me ver os objetos que se escondem quando há mais gente na cena. E ele faz uma pergunta que julgo fundamental e que proponho a você, como motivo de meditação: "Como se comporta a Sua Solidão?" Minha solidão? Há uma solidão que é minha, diferente das solidões dos outros? A solidão se comporta? Se a minha solidão se comporta, ela não é apenas uma realidade bruta e morta. Ela tem vida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo:
 "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." 
Pare. Leia de novo.
 E pense.
 Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. 
Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: 

Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga.
 Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim: "Por muito tempo achei que a ausência é falta./ E lastimava, ignorante, a falta./ Hoje não a lastimo./ Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim./ E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,/ que rio e danço e invento exclamações alegres,/ porque a ausência, essa ausência assimilada,/ ninguém a rouba mais de mim.!"

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não vêem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que "o inferno é o outro." Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

"Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz - ela me fala com ternura e felicidade!

Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas.

Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos/poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar."

E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, "certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa - garrafa, prato, facão - era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia."

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: "As obras de arte são de uma solidão infinita." É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

E me lembro também de Cecília Meireles, tão lindamente descrita por Drummond:

"...Não me parecia criatura inquestionavelmente real; e por mais que aferisse os traços positivos de sua presença entre nós, marcada por gestos de cortesia e sociabilidade, restava-me a impressão de que ela não estava onde nós a víamos... Distância, exílio e viagem transpareciam no seu sorriso benevolente? Por onde erraria a verdadeira Cecília..."

Sim, lá estava ela delicadamente entre os outros, participando de um jogo de relações gregárias que a delicadeza a obrigava a jogar. Mas a verdadeira Cecília estava longe, muito longe, num lugar onde ela estava irremediavelmente sozinha.

O primeiro filósofo que li, o dinamarquês Soeren Kiekeggard, um solitário que me faz companhia até hoje, observou que o início da infelicidade humana se encontra na comparação. Experimentei isso em minha própria carne. Foi quando eu, menino caipira de uma cidadezinha do interior de Minas, me mudei para o Rio de Janeiro, que conheci a infelicidade. Comparei-me com eles: cariocas, espertos, bem falantes, ricos. Eu diferente, sotaque ridículo, gaguejando de vergonha, pobre: entre eles eu não passava de um patinho feio que os outros se compraziam em bicar. Nunca fui convidado a ir à casa de qualquer um deles. Nunca convidei nenhum deles a ir à minha casa. Eu não me atreveria. Conheci, então, a solidão. A solidão de ser diferente. E sofri muito. E nem sequer me atrevi a compartilhar com meus pais esse meu sofrimento. Seria inútil. Eles não compreenderiam. E mesmo que compreendessem, eles nada podiam fazer. Assim, tive de sofrer a minha solidão duas vezes sozinho. Mas foi nela que se formou aquele que sou hoje. As caminhadas pelo deserto me fizeram forte. Aprendi a cuidar de mim mesmo. E aprendi a buscar as coisas que, para mim, solitário, faziam sentido. Como, por exemplo, a música clássica, a beleza que torna alegre a minha solidão...

A sua infelicidade com a solidão: não se deriva ela, em parte, das comparações? Você compara a cena de você, só, na casa vazia, com a cena (fantasiada ) dos outros, em celebrações cheias de risos... Essa comparação é destrutiva porque nasce da inveja. Sofra a dor real da solidão porque a solidão dói. Dói uma dor da qual pode nascer a beleza. Mas não sofra a dor da comparação. Ela não é verdadeira.

Mas essa conversa não acabou: vou falar depois sobre os companheiros que fazem minha solidão feliz.
Rubens Alves

Paramahansa Yogananda - Ser Imortal

 



Quando se perde um ente querido, em vez de desesperar-se irracionalmente, 
compreenda que ele foi para um plano mais elevado, segundo a vontade divina, e que Deus sabe o que é melhor. 
Alegre-se por ele estar livre. Reze para que seu amor e boa-vontade sejam mensageiros de estímulo que você envia para ele, em seu caminho para diante. 
Essa atitude ajudará muito mais. Naturalmente, não seríamos humanos se não sentíssemos falta dos entes queridos mas, ao sentirmos a solidão provocada por sua ausência, não devemos permitir que apegos egoístas 
prendam os outros à terra. A tristeza excessiva impede que a alma que partiu continue progredindo em direção à paz e liberdade maiores.
A maioria das pessoas que hoje vive na Terra não estava aqui há cem anos. Outras estavam aqui antes de nós. E nós, que agora caminhamos pelas ruas do mundo, não estaremos aqui dentro de cem anos. Tudo terá terminado para nós e a nova geração nem se preocupará conosco. Ela sentirá, como nós agora, que o mundo lhe pertence; mas, um por um, todos também serão levados daqui. 

A morte deve ser boa, ou Deus não teria ordenado que acontecesse a todos. Por que viver com medo dela?

Os que temem a morte não podem conhecer a verdadeira natureza de sua alma. "Os covardes morrem muitas vezes antes da morte; o valente prova seu gosto só uma vez." 
O covarde vive em sua mente, repetidas vezes, um filme de dor e morte. O valente morre de causas naturais ou é espiritualmente avançado, o corpo das sensações simplesmente adormece e, quando a consciência volta a despertar em outro plano, tem todas as sensações do corpo sem a forma física. Toda a consciência está na mente, exatamente como nos sonhos. Não é difícil imaginar isso. Quem morre, apenas se desfaz do corpo físico denso, que é apenas uma forma inferior da mente e a causa de todos os problemas para a alma.

Na morte, você esquece todas as limitações do corpo físico e compreende o quanto é livre. Nos primeiros segundos existe uma sensação de medo - medo do desconhecido, de algo estranho à consciência. 
Em seguida, porém, vem uma grande compreensão: a alma experimenta uma alegre sensação de alívio e liberdade. 
Você percebe que existe separado do corpo mortal.

Todos nós vamos morrer um dia, portanto é inútil ter medo da morte. Você não se sente infeliz com a perspectiva de perder a consciência do corpo no sono; aceita o sono como um desejável estado de liberdade. 

Assim é a morte: um estado de repouso, uma aposentadoria desta vida. 
Não há o que temer. Quando a morte chegar, ria dela. 
A morte é apenas uma experiência a que você está destinado para aprender 
uma grande lição: você não pode morrer.

Nosso ser real, a alma, é imortal. Podemos ficar por 
algum tempo adormecidos neste estado chamado "morte", porém nunca seremos destruídos. Nós existimos e essa existência é eterna. 

A onda alcança a praia, depois volta ao mar, mas não se perde. Ela se torna una com o oceano, ou retorna, na forma de outra onda. este corpo veio e desaparecerá, mas a essência da alma que traz dentro dele jamais deixará de existir. 
Nada poderá extinguir essa consciência eterna."
Paramahansa Yogananda em Onde existe luz


Janela da eternidade...


"Cada minuto é uma eternidade porque a eternidade pode ser experimentada em cada minuto.
Cada dia, hora ou minuto é uma janela através da qual você pode ver a eternidade.

A vida é breve e, entretanto, sem fim. A alma é eterna, mas na curta estação desta vida você deve colher o máximo da imortalidade.

Tudo é Deus.

Tanto esta sala quanto todo o universo estão flutuando como num filme na tela da minha consciência... Eu olho para esta sala e vejo nada mais do que Espírito puro, Luz pura, Alegria pura.
A figura de meu corpo e de seus corpos - e de todas as coisas desse mundo – são apenas raios de luz provenientes daquela única Luz Sagrada.

Olhando esta Luz, não vejo nada além do Espírito puro.

A eternidade se estende à minha volta, embaixo, acima, à esquerda, à direita, à frente, atrás, dentro e fora.
De olhos abertos, vejo-me como um pequeno corpo.
De olhos fechados, percebo-me como o centro cósmico ao redor do qual gira a esfera da eternidade, da bem-aventurança do onisciente espaço vivente.
Enquanto estivermos imersos na consciência do corpo, seremos como estranhos num país desconhecido.

Nossa terra natal é a onipresença.

Eu O sinto transbordando em meu coração e em todos os corações, através dos poros da terra, do céu, de todas as coisas criadas.
Ele é o eterno movimento da alegria. Ele é o espelho de silêncio no qual está refletida toda a criação.
Aprenda a ver Deus em todas as pessoas, de qualquer raça ou credo.
Somente quando começar a sentir sua unidade com todos os seres humanos é que você saberá o que é o amor divino; não antes.
O Oceano do Espírito se transformou na pequena bolha da minha alma.
Seja flutuando no nascimento ou desaparecendo na morte, a pequena bolha da minha alma não pode morrer no oceano da percepção cósmica.
Eu sou consciência indestrutível, protegida no seio imortal do Espírito.

Certo dia vi uma pequenina formiga subindo um monte de areia. E pensei:
"A formiga deve estar pensando que está escalando os Himalayas!"
O montinho deve ter parecido gigantesco para a formiga, mas não para mim.
Analogamente, um milhão de anos solares podem representar menos de um minuto na mente de Deus.

Devemos aprender a pensar em grandes termos: Eternidade! Infinito!

Ó Espírito, ensina-nos a curar o corpo, revitalizando-o com Tua energia cósmica; a curar a mente com a concentração e alegria; a curar a doença da ignorância da alma com o bálsamo divino da meditação em Ti.

O método mais eficaz para uma cura instantânea é a fé em Deus, absoluta e incondicional. Empenha-se constantemente para despertar este tipo de fé é a maior e mais gratificante obrigação do homem.
A Fonte Infinita é um dínamo infinito que embebe a alma sem cessar, com força, felicidade e poder. É por isto que é tão importante você confiar o máximo que puder na fonte infinita."
Paramahansa Yogananda em Meditações

amar é oração

AMOR



“Lógica é um exercício da mente, de discutir minúcias, de argumentar com palavras. Ela pode criar belos edifícios de palavras, mas são apenas castelos de areia, não servem para nada.


Eles mantêm você ocupado, têm o mesmo propósito de quando você está sentado na praia e começa a brincar com a areia e fazer castelos, só para passar o tempo. Você pode gostar da ocupação, mas não é benéfica, é infantil.



Os teólogos nunca são pessoas maduras. Jesus não é teólogo, nem Buda. Nenhum mestre verdadeiro jamais foi teólogo, e sim um amante, um tremendo amante. Ele ama toda a existência. O amor é sua oração, o amor é sua adoração, e por meio do amor ele pode se comunicar com a existência - pode ter um diálogo. Só o que é preciso é um profundo caso de amor, um louco caso de amor...



Se não for assim, tudo o que é vivo em você morre. Evite a lógica e escolha sempre o amor.



Se começa sentindo que não há nenhum mistério na vida e você se torna instruído, está no caminho errado.



Evite a filosofia e dê um grande mergulho na poesia. Seja tanto quanto possível um poeta - porque o místico é o crescimento do poeta.


O poeta está a caminho de ser um místico, e só um poeta pode ser um místico.”
                                       
                                  ***


Não desperdice a sua vida com aquilo que lhe vai ser tirado. Confie na vida. Se você confiar, só então, será capaz de abandonar o seu conhecimento, só então, poderá colocar de lado a sua mente. E com a confiança, algo imenso tem início. Esta vida deixa de ser uma vida comum, torna-se plena de Deus, transbordante.

                                  ***

Quando o coração se torna inocente e as paredes desaparecem, você fica ligado ao infinito. E você não terá sido enganado; não existirá nada que lhe possa ser tomado. Aquilo que pode ser tirado de você, não vale a pena guardar; e aquilo que não há como ser tirado de você, por que haveria alguém de ter medo que lhe seja tirado? -- não pode ser levado, não há possibilidade. Você não pode perder o seu tesouro verdadeiro."


                                                                                         Osho - 

Agostinho de Hipona



Basta olhar para as coisas para ouvi-las dizer isso.
 Tu, Senhor, fizeste essas coisas. 
Porque és belo, elas são belas;
 porque és bom, são boas; porque tu és, elas são.

Os homens viajam para se maravilharem com
a altura das montanhas as ondas imensas do mares,
  longos cursos dos rios vasto âmbito do oceano,do movimento circular das estrelas e passam por si mesmos sem se maravilhar.
Santo Agostinho (354-430), em “Confissões”





“O homem que se espanta é ele mesmo grande maravilha”

Estreita é a casa de minha alma 
para que venhas até ela:
 que seja por ti dilatada. 

Está em ruínas; restaura-a. 

Há nela nódoas que ofendem o teu olhar:
 confesso-o, 

pois eu o sei; porém, quem haverá de purificá-la? 

A quem clamarei senão a ti? 
Livra-me, Senhor, dos pecados ocultos, e perdoa a teu servo os alheios!
Creio, e por isso falo. Tu o sabes, Senhor.
Acaso não confessei diante de ti meus delitos contra mim, ó meu Deus? 
E não me perdoaste a impiedade de meu coração? 
Não quero contender em juízos contigo, que és a verdade, 
e não quero enganar-me a mim mesmo, para que não se engane a si mesma minha iniqüidade.

Não quero contender em juízos contigo, porque, se dás atenção às iniqüidades,
 Senhor, quem, Senhor, subsistirá?


(Confissões, Agostinho de Hipona, capítulo V)



Santo Agostinho



Ama e faz o que quiseres. 
Se calares, calarás com amor; 
se gritares, gritarás com amor; 
se corrigires, corrigirás com amor; 
se perdoares, perdoarás com amor. 
Se tiveres o amor enraizado em ti, 
nada senão o amor serão os teus frutos.
Santo Agostinho



O Amor é o peso da alma, sua lei da gravidade, 
aquilo que leva o movimento
da alma ao repouso”
Sto Agostinho



Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade"
Santo Agostinho


Quem me dera descansar em ti! 
Quem me dera que viesses a meu coração e que o embriagasses, 
para que eu me esqueça de minhas maldades
 e me abrace contigo, meu único bem! 
Que és para mim? 
Tem piedade de mim, para que eu possa falar. 
E que sou eu para ti, 
para que me ordenes amar-te e, se não o fizer,
 irar-te contra mim, ameaçando-me com terríveis castigos? 
Acaso é pequeno o castigo de não te amar? 
Ai de mim! 
Dize-me por tuas misericórdias, meu Senhor e meu Deus, que és para mim? 
Dize a minha alma: Eu sou a tua salvação.
Que eu ouça e siga essa voz e te alcance. 
Não queiras esconder-me teu rosto.
 Morra eu para que possa vê-lo para não morrer eternamente.






Aquele que era Deus fez-se homem, 

assumindo o que não era, 

sem perder o que era; 

e assim Deus fez-se homem. 

Neste mistério encontras o socorro 
para a tua debilidade e encontras 
nEle aquilo de que necessitas 
para alcançar a tua perfeição. 

Cristo te eleve em virtude da sua humanidade; 
te guie em virtude da sua humana divindade, 
e te conduza à sua divindade.
(Comentário ao Evangelho de João 23 6)

Santo Agostinho




A morte não é nada. 
Eu somente passei 
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês, 
eu continuarei sendo.

Me dêem o nome 
que vocês sempre me deram, 
falem comigo 
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo 
no mundo das criaturas, 
eu estou vivendo 
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene 
ou triste, continuem a rir 
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi, 
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo 
o que ela sempre significou, 
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora 
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora 
de suas vistas?

Eu não estou longe, 
apenas estou 
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.
Santo Agostinho




Então será a alegria plena 

e perfeita, a felicidade 

perpétua;

quando já não tivermos 

por alimento o leite 

da esperança,
mas o alimento sólido 
da realidade.

Também agora, antes 
de chegarmos
a essa Ventura 
ou antes
que essa Ventura 
chegue a nós,
alegremo-nos 
no Senhor
porque 
não é pequena 
a alegria
da esperança 
que nos garante
a futura realidade.
(Sermão 21.3)
Santo Agostinho

À minha mesa vos convido.
Nela ninguém morre,
nela está a vida
verdadeiramente feliz,
nela o alimento
não se corrompe,
mas refaz e não se acaba.

Eis para onde vos convido,
para a morada dos anjos,
para a amizade do Pai
e do Espírito Santo,
para a ceia eterna,
para a fraternidade comigo;
enfim, a mim mesmo,
à minha vida eu vos conclamo!
Não quereis crer
que vos darei a minha vida?
Retende, como penhor a minha morte.
Santo Agostinho


É impróprio afirmar que os tempos são três:
 pretérito, presente e futuro.
 Mas talvez fosse próprio dizer que os tempos são três:
 presente das coisas passadas, presente das presentes, presente das futuras. Existem, pois, estes três tempos na minha mente que não vejo em outra parte: lembrança presente das coisas passadas,
 visão presente das coisas presentes e esperança presente das coisas futuras.
Santo Agostinho




Diante de Deus, está sempre a descoberto o abismo da consciência humana: que poderia haver de oculto em mim para Deus, por mais que eu não quisesse dizer a verdade? Conseguiria apenas ocultar Deus aos meus olhos, mas não poderia ocultar-me dos seus”. 

Santo Agostinho



Agostinho de Hipona,
 conhecido como Santo Agostinho (354-430),
foi um filósofo, escritor, bispo e teólogo cristão africano, 
responsável pela elaboração do pensamento cristão.
Deixou uma obra literária gigantesca,
 foram 113 trabalhos, 224 cartas e mais quinhentos sermões

Poesia da Existencia




Poesia da Existência...


"O que está errado com o poeta? Há algo errado com o poeta aos olhos do filósofo - porque o poeta é ilógico, e o poeta permanece em estado de inocência e o poeta confia no mistério da vida, e também não tenta saber, o poeta vive esse mistério da vida. Ele não está preocupado com o porquê dela, ele não se preocupa em analisá-la em dissecá-la.

Quando se encontra uma flor ele a desfruta. Ele a ama. Fala com a flor, comunica, dança ao redor dela, celebra-a. Mas não se preocupa em saber porque essa flor está aí. O porque nunca ocorre ao poeta. Ele aceita as coisas como são- não entra no seu passado, não busca a causa original e não se preocupa com o fim último. Esse momento é tudo para o poeta; ele é absorvido no aqui e no agora.

A religião é a forma máxima de poesia, a forma essencial de poesia. Assim eu digo a vocês é preciso compreender o Ahh!!! das coisas e então tudo é compreendido; lembrem-se compreendido não é conhecimento. Conhecimento é objetivo, compreensão é subjetivo.

Você compreende quando ama. (...)
O poeta compreende, o místico, o religioso compreendem, eles não sabem. E a compreensão só é possível quando você participa - quando não fica de fora, mas quando mergulha.
Compreender uma flor significa se tornar flor, compreender uma mulher, significa se tornar aquela mulher; compreender um homem significa interagir tão totalmente com aquele homem que todos os limites são fundidos, que seus seres começam a se sobrepor um ao outro, que chega um momento de encontro em que é muito difícil dizer quem é quem.

Quando dois seres pulsam em tal uníssono, é quase como se fossem um - quando as batidas de seus corações estão no mesmo ritmo, quando respiram como se houvesse apenas uma alma, talvez dois corpos, mas uma alma - quando a participação for tão total, só então você conhece.

Se você puder fundir-se com a existência, então você é religioso. Esse fundir-se eu chamo de oração. Quando alguém se fundiu tão profundamente com a existência, que não fica diante dela como aquele que conhece, separado do conhecido, mas quando aquele que conhece e o conhecido tornaram-se um- naquele momento são revelados os segredos. Entretanto os mistérios não são destruídos, os mistérios são aprofundados mais e mais.

Lembre-se sempre que, se os mistérios da sua vida continuarem a se aprofundar, você está na trilha certa. Se começar sentindo que não há nenhum mistério na vida e você se torna instruído, está no caminho errado.
Seja tanto quanto possível um poeta - porque o místico é o crescimento do poeta. O poeta está a caminho de ser um místico e só um poeta pode ser um místico.(...)

A poesia significa unidade, o conhecimento significa divisão. A poesia significa fazer pontes e conhecimento significa romper pontes.
Se o homem moderno parece tão triste, vazio, a razão é que a filosofia teve sucesso - a razão é que a filosofia liberou muito conhecimento. E as universidades continuam a encher suas cabeças com conhecimento.(...)
A poesia está muito perto do silêncio, porque ela diz e, no entanto, não diz. Esta é a definição de poesia : ela diz e não diz. Usa as palavras de tal modo que o silêncio não é perturbado.
Usa sons de um modo hábil que o silêncio é aumentado, não destruido.(...)

Mergulhe dentro de si mesmo e tocará aquele âmago de maravilhar-se que ainda está lá.
Você ainda é uma criança, e as vezes essa criança vem à tona. Em momentos de amor, em momentos de alegria, às vezes escutando música ou vendo um por do sol, a criança aparece -e novamente você está correndo atrás de borboletas e novamente seus olhos tem brilho e novamente seu coração está batendo em um ritmo novo. Isso acontece de vez em quando com todo mundo.
A pessoa religiosa faz disso sua própria vida. A pessoa religiosa é aquela que faz disso seu próprio estilo; ela vive em maravilha, ela respira em maravilha, ela caminha em maravilha. Tudo cria maravilha nela - um seixo ou uma folha seca é tão maravilhosa quanto qualquer coisa. Se você tem os olhos para maravilhar-se então o milagre encontra-se em todos os lugares; está espalhado por todo lado.
A existência é feita de um material chamado milagre.
É milagrosa, de uma extremidade a outra - você apenas precisa ter olhos que ainda sejam capazes de maravilhar-se. Os olhos que ainda são capazes de se maravilhar, são jovens e os olhos que não são mais capazes de maravilhar-se são cegos, velhos e mortos.

Limpe a poeira dos seus olhos. Por poeira quero dizer conhecimento. Se você puder aprender só uma coisa aqui comigo, se você puder aprender a maravilhar-se, você aprendeu tudo. Se puder tornar-se inocente novamente, como era em sua infância, você está muito perto de Deus.
Osho em A Revolução, conversa sobre Kabir