Akhenaton e Nefertiti
Prece de Akhenaton ao Deus Universal
(XVIII Dinastia Egípcia - 1365 A.C.)
Ó Criador de Toda a Vida,
que apareces na Perfeição da Tua Beleza,
Quão múltiplas são as Tuas obras.
Ó Deus Único, Senhor de toda a Eternidade!
Do Teu Espírito emanam todas as criaturas!
Só o Teu Amor, a Tua Bondade, governam todas as coisas.
Na Natureza estão os Teus Pensamentos,
Pois Tu estás na folha da grama,
no grão de areia,
no raio de luz que flutua no céu,
Assim como no Todo sem fronteiras!
Ó Tu que vives eternamente:
Aspiro novamente o doce aroma
que vem da Tua boca,
Dia após dia, o meu coração
contempla a Tua Beleza.
Tenho desejo incontidos de
novamente ouvir a Tua meiga Voz
e necessito, com todas as forças do meu ser,
que os meus passos sejam guiados
pela beleza da Tua Imorredoura Luz!
Ó Tu que planas acima de todos os firmamentos:
Dá-me as Tuas mãos,
que sustentam o teu Espírito
Que eu possa recebê-Lo
e viver somente por intermédio Dele;
Lembrar Teu nome,
Por toda a Eternidade,
Pois Ele não perecerá jamais!
Faraó AKHENATON
(XVIII Dinastia Egípcia – 1365)
Akhenaton - Um Marco na História da Humanidade se recusava a tomar atitudes de guerra, acreditando poder conquistar seus inimigos com o poder do amor de Aton.
"Akhenaton era um homem inebriado de divindade, cujo espírito respondia com uma sensibilidade e inteligência excepcionais, as manifestações de Deus em si. Um espírito que teve força de disseminar idéias que ultrapassavam o âmbito da compreensão de sua época e dos tempos futuros"
Akhenaton viveu no Egito, há mais de 3300 anos atrás. Foi faraó, tendo exercido seu poder ainda muito jovem. Seu nome real era Amenhotep IV que significava: "Amon está satisfeito". Viveu numa época muito conturbada da história daquela povo: o culto à Amon (um dos múltiplos deuses adorados pelo politeísmo egípcio) tinha adotado posturas degradantes, atribuídas pelos sacerdotes do templo. Estes, que esforçavam-se para obterem mais poder, exploravam as massas através de sua ignorância. Sacrifícios, oferendas de grande vulto, eram todas ofertadas ao deus padroeiro do Egito. Quando tomou o poder, fez questão de esclarecer o povo quanto ao erro que estavam se escravizando. Que o mais simples trabalhador pudesse saber o quão mágica era a vida.Que todos fossem esclarecidos através das Verdades Eternas e que o culto à um Deus único, todo Amor e Misericórdia fosse pregado em todo o Egito e, se possível ao Mundo (foi o primeiro manifesto monoteísta registrado na história), um Deus chamado Aton. O faraó passou a chamar-se, então, Akhenaton que significa "o Espírito atuante de Aton" ou "discípulo de Aton".Representava este Deus através de um disco solar, cheio de braços que estendiam seus raios à fim de abençoar toda a Terra. Obviamente, Akhenaton fora perseguido por aqueles que se sentiam ameaçados com suas idéias renovadoras. Teve, então, que abandonar Tebas, antiga capital, e construir uma nova cidade (Akhet-Aton), hoje conhecida como Tell- el- Amarna. Lá a arte e a ciência se desenvolveram, o esclarecimento através das Verdades Eternas tomou um grande rumo e a bondade e generosidade floriram. Ele propôs um Egito generoso, sem guerras, sem armas, sem escravos
O fim dramático da aventura amarniana é devido a circunstâncias políticas e históricas que não diminuem em nada o valor do ensinamento de Akhenaton. Se é inegável que o fundador da cidade do sol, a cidade da energia criadora, entrou em conflito com os homens que ele queria unir pelo amor de Deus, não é menos verdade que ele abriu uma nova concepção sobre esta luz que a cada instante se oferece aos homens de boa vontade.Sua experiência foi uma tentativa sincera de perceber a Eterna Sabedoria e de torná-la perceptível a todos. A coragem que demonstrou na luta constante por seus ideais, sem dúvida, fez dele um marco eterno na história da humanidade.A história de Akhenaton mostra, mais uma vez, que um homem melhor faz um meio melhor, e que a força de sua convicção em seu objetivo altera a vida do meio, seja ele uma rua, um bairro, uma cidade, um país.... o Universo. Para isto, há de se ter Coragem!
Com o seu lendário carisma, sua beleza venerada e poder, ela é uma das mulheres governantes mais fascinantes do Egito Antigo: Nefertiti.
Nefertiti — por mais de uma década ela foi a mulher mais influente do Egito. Reverenciada pelo seu povo, ela reinou lado a lado de Amenófis IV, governante da 18.ª dinastia do Novo Reino, que mudou seu nome para Akhenaton depois de subir ao trono em 1353 a.C. Entretanto, praticamente nada se sabe sobre a linda rainha. Ela simplesmente desapareceu da história. Isso aconteceu aproximadamennte em 1336 a.C, quando ela devia ter 30 anos de idade.
A beleza de Nefertiti era tal que outros aspectos da sua personalidade foram eclipsados pela sua aparência física. Contudo, a importância política e religiosa dessa rainha se evidencia nas representações de sua imagem.Casada com Akhenaton, que conferiu-lhe o poder, tinha uma influência tão grande que chegava a ser representada com coroa dupla, símbolo do poder do faraó. Hoje é cultuada como semi-deusa. Pouco se sabe do destino da esposa de Akhenaton. Não há registros de sua morte. Nem mesmo a sua tumba — até recentemente não havia sido encontrada.
O AMOR DE AKHENATON E NEFERTITI
Então, até onde a História conta, Akhenaton, em contraste com a maioria dos reis da Antiguidade e da sua própria estirpe, parece ter-se contentado, durante toda a vida, com o amor de uma única mulher, dada a ele como Grande Esposa quando ainda era apenas uma criança.
Nefertiti - Museu Egípcio de Berlim
Akhenaton e Nefertiti amavam-se com fervor. O jovem rei não teria procurado "esposas secundárias", seguindo o costume de seus antepassados, simplesmente porque nessa sua única rainha "o seu coração encontrava a felicidade", tal como ele mesmo declarou em várias inscrições.
Akhenaton
A extraordinária importância que ele atribuiu à sua amada, pode bem ser a prova de tudo quanto ele sentiu. Sendo assim, podemos deduzir que tenha compreendido, melhor do que qualquer outro homem, o valor supremo do amor, da ternura e do prazer.
Akhenaton
"É teu este livro, vida de minha vida, alma de minha alma. Faz dele o que quiseres, mas, permite, ó lua, filha da noite mais bela, cujos raios prateiam as águas do Nilo, em cujas margens, sob seu fulgor, amam-se tantos seres como nós, filhos de Aton, o indivisível, o eterno, como eterno será o nosso amor, que te divinize. Amo-te, donzela de pele alva e macia como o melhor dos melhores papiros, e, perdoa este pobre amante, por amar mais Aton que a ti. Vens, logo em seguida, pois, lírio perfumado, Ele te criou e deuma para mim. Sagrado seja Teu nome, pois, entre as que foram criadas, és a melhor escultura, és Dele a obra-prima.
És uma garça, altiva e serena, e és a graça que tive a ventura de ter. Amo-te, não importando a distância que o tempo nos condenou...
Senhora, que é o tempo para tão grande amor? Demos, ao tempo, tempo para, outra vez, nos unir... Não importa onde, ou quando. Fui rei, quero ser o mais humilde dos párias, a teu lado. Não há tempo, nem espaço, sejam quais forem os desvios do destino, eu te espero. Quero-te como sempre quiz e, o meu amor vencerá toda a eternidade, mais duradouro que os monumentos, por nosso povo, erigidos. Amada maior que a maior das pirâmides, crê- és alma de minha alma, és essência de minha essência, pois que procedemos de um outro mundo, onde as moneras ( menor partícula do espírito ), já existiam...Crê , Esfinge, por mim, tens amor decifrado. As almas gêmeas já existiam antes de nós, Akhenaton e Nefertiti viverem. Pouco importa o corpo no qual, agora, teu espirito anime, o nosso amor independe . Por que? porque somos um pedaço do outro e, então, o que me importa o que seja eu e tu? Os nossos espíritos já se conheciam, mercê de Deus . Pouco importa o tempo que estejamos separados, e que nossas almas conheçam outras... nós, nascidas do mesmo tálamo, estaremos juntas um dia.. O meu Deus, O Onipresente, o Incognicível, jamais criaria um espírito só, para animar um só corpo, mas, sim, dois da mesma essência, para que, em sucessões de vidas, conhecessem tudo; os prazeres, as desditas, para, depois, mercê Dele, juntos, proclamem, abraçando-se e beijando-se- viva o nosso Deus, que nos permitiu andar, viajar pela eternidade, trabalhando, ajudando, sofrendo, gritando, para, enfim, nos encontrarmos, e então, alma de minha alma, estaremos juntos, e estaremos em paz. Sorria, pois que em breve estaremos juntos. Ambos resgatamos o mal a que a nós mesmos fizemos. Viva Deus, meu amor, que nos pôs na escola da vida para aprendermos a amá-lo, enaltecendo e valorizando o nosso amor.
Amo-te."
Extraido do livro:Akhenaton, o filho do sol
De Luiz Carlos Carneiro
Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito
Trecho transcrito do livro: Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito.
Autora: Chiang Sing (pseudônimo de Glycia Modesta de Arroxellas Galvão).
Em seus passeios matinais, quando o orvalho ainda brilhava nas folhas e nas flores do jardim real, Nefertiti e Akhnaton, tocados pelo seu idealismo religioso, costumavam iniciar as princesinhas nos segredos da natureza, por meio de histórias singelas de um mundo de maravilhas.
(...)
O rei emergiu lentamente da profundeza de seus pensamentos, e começou a falar:
- Bem longe, lá pelas bandas do Eufrates, perto das terras de Shutarna, rei de Mitani, viviam sete sábios muito velhos na corte de um rei muito bom e muito rico. Um dia, os sábios se reuniram no palácio e o rei contou-lhes que uma estrela maravilhosa lhe aparecera em sonhos, sob a forma de uma donzela, formosa como a primeira névoa da manhã. E ela disse ao rei: “Gostaria de viver entre o seu povo, ó rei, pois amo a sua terra e a sua gente. Pergunte aos sete sábios da corte qual a forma que devo tomar e onde devo surgir para viver tranqüila entre aqueles a quem amo!”
(...)
- Os sábios pensaram um pouco e responderam: “Deixemos que a donzela estrela faça a escolha. Ela será bem-vinda sob qualquer forma e em qualquer lugar onde apareça”. E naquela noite, o rei olhou para o céu tentando distinguir qual daquelas estrelas tinha lhe aparecido em sonhos. Como era impossível saber, ele orou para a donzela estrela e foi dormir. E assim, naquela mesma noite, a estrela desceu do céu e pousou mansamente sobre as águas frias do lago que havia no Palácio Real. Na manhã seguinte, quando o rei acordou e olhou para o lago ficou deslumbrado. Seu coração descompassadamente e seus olhos encheram-se de lágrimas. O ago estava todo florido de lótus brancos, azuis e rosados. Os pássaros cantavam. As borboletas voavam alegres por entre os juncais e o ouro das acácias, mas nenhuma ousava pousar nas flores de lótus, cujas pétalas delicadas lembravam a forma de uma estrela. As raízes dessas flores celestiais estavam fincadas no lodo que havia bem no fundo do lago, mas suas hastes verdes atravessavam o cristal sereno das águas, suas folhas se abriam para o beijo da brisa e suas flores emergiam na superfície para receber a bênção dos raios divinos do Sol, o divino Aton, de quem eram mensageiras.
(...)
Mas logo, levado pela emoção, Akhnaton esqueceu de que estava falando para um público infantil e sua memória evocou as palavras iniciáticas da Casa da Luz:
- A estrela-flor era o emblema dos poderes criadores, da ideação divina do senhor do disco. Representava também o ser humano que, enraizado no lodo de suas paixões, eleva a haste dos seus ideais acima das águas nebulosas do astral e da atmosfera diáfana de sua mente, para abrir a corola de seu coração aos eflúvios da essência divina do Cosmo.
Toda a existência da estrela-flor se desenrolou no fundo das águas, numa espécie de sonolência, até o momento nupcial, em que passou a viver uma nova vida. Então, ela desenvolveu lentamente a larga espiral de seu pistilo, subiu, emergiu das águas e abriu-se na superfície clara do lago. Da margem vizinha, assim que a viu, um lótus-príncipe sentiu-se enamorado, atraído para um novo mundo de sonhos pela mágica sucessão daquela estrela-flor.
O lótus-príncipe foi se aproximando, mas, no meio do caminho, teve de parar porque o talo que sustentava era curto e não lhe permitia chegar até onde resplandecia maravilhosamente a estrela-flor. Seu coração sentiu o drama terrível do desejo inatingível, da fatalidade transparente. Semelhante drama era quase tão insolúvel como o nosso próprio drama sobre a Terra.
Mas eis que de repente surge uma nova e inesperada circunstância. Com um esforço galante, ele rompeu heroicamente o laço que o ligava à vida para voar até as alturas do seu ideal sublime. Cortou sua própria haste, e num incomparável impulso, entre pérolas de alegria, suas pétalas surgiram na superfície das águas... feridas de morte; porém livres e rutilantes, elas flutuam um instante ao lado de sua amorosa esposa.
A união das duas flores se realiza, mas logo após o lótus-príncipe desmaia sobre as águas e morre, enquanto a brisa leva o seu corpo até a margem do lago. A estrela-flor, já fecundada pelo amor do lótus-príncipe, cerra suas pétalas, onde ainda pairavam os amantes eflúvios do lótus-príncipe, enrola seu pistilo e volta a descer até o fundo do lago, para chorar sua mágoa e amadurecer o fruto de um amor heróico e sem limites.
Existem homens que, tal como a estrela-flor, fazem descer os frutos do espírito até o lodo de sua vida inferior. Todo homem, e toda mulher, é uma estrela...
Akhnaton calou-se. Seus olhos sonhadores estavam fixos no horizonte, onde brilhavam os raios divinos do Sol.