Rubem Alves é um de meus autores prediletos. Seus livros nos convidam a lê-los novamente para não somente entender o que ele diz, mas para tentar viver. Por falar em vida, postarei aqui alguns dos seus pensamentos sobre vida e morte, tirados do seu livro “Desfiz 75 anos”. Claro, que com 75 anos você se torna muito mais sábio, prioriza a essência das coisas. Por isto, vale a pena ouvir o que este homem tem a nos dizer, e…se possível tentar interiorizar e praticar: “…as crianças falam sobre a morte com naturalidade. Não são como os adultos que não sabem o que fazer com a palavra e procuram sempre não dizê-la.(…) Todos os homens devem morrer. Todo mundo sabe disso. A única dúvida é sobre o ‘quando’. mas os grandes não querem e não sabem falar sobre a morte porque todos têm medo dela. Esses todos que devem morrer se dividem em dois grupos. Primeiro é o grupo daqueles que vão morrer, mas vivem como se fossem viver para sempre. Esses são os tolos. O outro é o grupo, daqueles que vão morrer, sabem que vão morrer e, por isso mesmo, cuidam do tempo de vida que lhes resta. Esses ficam sábios. (…) Assim, vou morrer. O que não quer dizer que muitos que não receberam o aviso não venham a morrer antes de mim. A morte é traiçoeira.(…) Sabe de uma coisa, minha neta? (…) Todos aqui em casa me amam. Eles sofrem por saber que estou com câncer,(…) mas, eu não quero palavras de consolo. Eu gostaria mesmo é que eles viessem até mim como você veio com a sua pergunta franca, e conversássemos sobre a vida que me resta – e a vida que resta para eles também… Você foi a única…E assim você ficou muito mais perto de mim….(…) mas, vovô, qual a vantagem de conversar sobre a morte? A morte é nossa eterna companheira. Está sempre à nossa esquerda, à distância de um braço (…)O que se deve fazer quando se é impaciente é virar-se para a esquerda e pedir conselhos a sua morte. Você perderá uma quantidade enorme de mesquinhez se sua morte lhe fizer um gesto, ou se a vir de relance, ou se, ao menos, tiver a sensação de que sua companheira está ali, vigiando-o. (…) A morte é a única conselheira sábia que possuímos, (…) Ela lhe dirá que nada importa realmente, além do toque dela. Sua morte lhe dirá: “Ainda não o toquei.” A morte nunca fala sobre si mesma. Ela só fala sobre a vida. Basta pensar nela para que a gente ouça a sua voz silenciosa nos perguntando: “E a sua vida como vai? O que você está fazendo com o tempo que lhe resta?” Quem ouve essa PERGUNTA ESTÁ A CAMINHO DE TORNAR-SE SÁBIO