Filosofia de um imperador

Marco Aurélio
“Em ingênua oposição ao cerna da filosofia de Marco Aurélio – a fugacidade de tudo – ouso dizer que suas palavras são eternas.
Marco Aurélio, que comandou o mundo no último grande momento de Roma, personificou o sonho de Platão: o imperador filósofo. Ninguém poderia tornar realidade esse sonho utópico de Platão com tanto esplendor. Como imperador, Marco Aurélio (121-180 d.C.) conduziu uma Roma já ameaçada a um período dourado. Como filósofo, escreveu, em geral em acampamentos de guerra, palavras cuja sabedoria doce e resistente desafia a passagem do tempo – eram reflexões para si próprio, frases curtas e não obstante profundas que giravam, bsicamente, sobre a efemeridade da glória e da vida. Um discípulo, depois da morte de Marco Aurélio, juntou-as num pequeno grande livro ao qual deu o nome de Meditações. Os dias haveriam de converter as Meditações de Marco Aurélio num patrimônio da humanidade.
O pensador francês Ernest Renan, do século XIX, disse que os seres humanos estariam para sempre de luto por Marco Aurélio. Não há exagero aí: conhecer Marco Aurélio é amá-lo. Suas observações são um fabuloso manual de conduta, e o que mais impressiona é que onde poderia haver um tom professoral existe, na verdade, uma imensa e comovedora doçura. Ele não condena a miséria humana, e sim a compreende. Mais do que isso, joga luzes com a força de seu exemplo sobre como lidar com ela. Nos momentos de descrença e desilusão, mas não só neles, é um conforto ter Marco Aurélio por perto.
Releio-o com frequência, e muitas vezes abro as páginas de minha velha edição ao acaso (a melhor tradução de Marco Aurélio para o Brasil é a da série Os Pensadores, da Abril Cultura: um primor). Sugestão do imperador filósofo para o começo de cada dia: “Previna a si mesmo ao amanhecer: vou encontrar um intrometido, um ingrato, um insolente, um astucioso, um invejoso, um avaro”.
Marco Aurélio é útil para uma infinidade de situações cotidianas. Somos extraordinariamente suscetíveis à ideia da glória, e é um convite ao bom senso ouvir, a esse respeito, quem foi o dono do mundo.                                                                                     
A grandeza do espírito de Marco Aurélio legou à posteridade exemplos memoráveis. Descoberta uma conspiração e executado sem seu conhecimento o mentor, ele lamentou a perda da possibilidade de perdoar o traidor. Entregaram-lhe a correspondência do conspirador. Ele a queimou ser lê-la. Sua atitude diante da discórdia é inspiradora. Estamos a toda hora brigando com alguém e sendo tomados por sentimentos de rancor e aversão. Em suas anotações, Marco Aurélio disse com majestosa sabedoria: “Sempre que você se desentender com alguém, lembre que em pouco tempo você e o outro terão desaparecido.” É um dos chamados à paz e à concórdia mais simples e mais eficiente. Em ingênua oposição ao cerna da filosofia de Marco Aurélio – a fugacidade de tudo – ouso dizer que suas palavras são eternas.
Paulo Nogueira
Diário do Centro do Mundo.


Marco Aurélio escreveu os doze livros das Meditações em grego, como uma fonte para sua própria orientação e para se melhorar como pessoa

5 MEDITAÇÕES DE MARCO AURÉLIO: SOBRE A ORDEM NO UNIVERSO, NA NATUREZA, A MORTE E A SEMENTE DO NASCER [LIVRO]

As cinco meditações abaixo foram escritas em 167 d.C. pelo então imperador romano Marco Aurélio (Marcus Aurelius Antoninus Augustus, 121-180), em um caderno de escritos pessoais que ele havia intitulado apenas como “Para Eu Mesmo” (To Myself) e que seriam reunidos postumamente com o nome “Meditações“. É um conjunto de 12 livros que trazem máximas a respeito do auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal de Marco Aurélio, onde ele afirma, por exemplo, que “a única maneira em que um homem pode ser dominado por outros é permitir que sua reação tome conta de si”, e também diz que “uma ordem ou logos permeia o universo”, e ainda que “a racionalidade e a mente clara permite viver em harmonia com esse logos”.
Dono de um governo com fama de bem-sucedido e pacífico, apesar de ter enfrentado guerras e ter realizado perseguições, e considerado um dos “Cinco bons imperadores” de Roma (junto de Nerva, Trajano, Adriano e Antonino Pio), Marco Aurélio era considerado um filósofo estóico e muito culto. Esse livro “Meditações” é comparado a obras como as “Confissões” de Santo Agostinho, e também às “Confissões” de Jean-Jacques Rousseau. Foi um dos livros preferidos do escritor, biólogo e físico alemão Johann Wolfgang Von Goethe (1749-1832), e, mais recentemente, do ex-presidente americano Bill Clinton.
As meditações abaixo fazem parte do Livro 4 e seus números estão indicados no início de cada uma.

[ 27 ] Ou um universo que é todo ele ordem, ou então uma balbúrdia atirada ao acaso, mas formando um universo. Mas, poderá subsistir alguma ordem em ti próprio e ao mesmo tempo a desordem no Todo mais amplo? E isso quando existe unidade de sentimentos entre todas as partes da natureza, apesar das suas divergências e dispersão?
[ 36 ] Vê como todas as coisas estão sempre a nascer da mudança; ensina-te a ti próprio a ver que a mais elevada felicidade da Natureza reside em mudar as coisas que existem e formar novas coisas da mesma espécie. Tudo aquilo que existe é, em certo sentido, a semente do que irá nascer de si. Não há nada menos próprio de um filósofo do que imaginar que a semente só pode ser alguma coisa que se deita à terra ou no útero.
[ 44 ] Tudo o que acontece é tão normal e já esperado como a rosa na primavera ou o fruto no verão; isto é verdade para a doença, para a morte, para a calúnia, para a intriga e para todas as outras coisas que deliciam ou incomodam os tolos.
[ 45 ] O que acontece a seguir está sempre intimamente relacionado com aquilo que o precedeu; não é um desfile de acontecimentos isolados que obedecem simplesmente às leis da sequência, mas uma continuidade racional. Além disso, tal como as coisas que já existem, estão todos coordenados harmoniosamente, os que se encontram em processo de nascimento exibem a mesma maravilha de concatenação, e não o facto nu e cru da sucessão.
[ 48 ] Lembra-te sempre de todos os médicos, já mortos, que franziam as sobrancelhas perante os males dos seus doentes; de todos os astrólogos que tão solenemente prediziam o fim dos seus clientes; dos filósofos que discorriam incessantemente sobre a morte e a imortalidade; dos grandes chefes que chacinavam aos milhares; dos déspotas que brandiam poderes sobre a vida e a morte com uma terrível arrogância, como se eles próprios fossem deuses que nunca pudessem morrer; de cidades inteiras que morreram completamente, Hélice, Pompeia, Herculano e inúmeras outras. Depois, recorda um a um todos os teus conhecidos; como um enterrou o outro, para depois ser deposto e enterrado por um terceiro, e tudo num tão curto espaço de tempo. Repara, em resumo, como toda a vida mortal é transitória e trivial; ontem, uma gota de sémen, amanhã uma mão cheia de sal e cinzas. Passa, pois, estes momentos fugazes na terra como a Natureza te manda que passes e depois vai descansar de bom grado, como uma azeitona que cai na estação certa, com uma bênção para a terra que a criou e uma acção de graças para a árvore que lhe deu a vida.
POR NANDO PEREIRA

AKHENATON E NEFERTITI

auxilioemocional.blogspot.com.br: Visualizar "AKHENATON E NEFERTITI"

Akhenaton  e Nefertiti

Prece de Akhenaton ao Deus Universal 
(XVIII Dinastia Egípcia - 1365 A.C.) 
Ó Criador de Toda a Vida, 
que apareces na Perfeição da Tua Beleza, 
Quão múltiplas são as Tuas obras.
Ó Deus Único, Senhor de toda a Eternidade!
Do Teu Espírito emanam todas as criaturas!
Só o Teu Amor, a Tua Bondade, governam todas as coisas.
Na Natureza estão os Teus Pensamentos,
Pois Tu estás na folha da grama,
no grão de areia,
no raio de luz que flutua no céu,
Assim como no Todo sem fronteiras!
Ó Tu que vives eternamente:
Aspiro novamente o doce aroma
que vem da Tua boca,
Dia após dia, o meu coração
contempla a Tua Beleza.
Tenho desejo incontidos de
novamente ouvir a Tua meiga Voz
e necessito, com todas as forças do meu ser,
que os meus passos sejam guiados
pela beleza da Tua Imorredoura Luz!
Ó Tu que planas acima de todos os firmamentos:
Dá-me as Tuas mãos,
que sustentam o teu Espírito
Que eu possa recebê-Lo
e viver somente por intermédio Dele;
Lembrar Teu nome,
Por toda a Eternidade,
Pois Ele não perecerá jamais!


Faraó AKHENATON



(XVIII Dinastia Egípcia – 1365)


Akhenaton - Um Marco na História da Humanidade se recusava a tomar atitudes de guerra, acreditando poder conquistar seus inimigos com o poder do amor de Aton.
"Akhenaton era um homem inebriado de divindade, cujo espírito respondia com uma sensibilidade e inteligência excepcionais, as manifestações de Deus em si. Um espírito que teve força de disseminar idéias que ultrapassavam o âmbito da compreensão de sua época e dos tempos futuros"
Akhenaton viveu no Egito, há mais de 3300 anos atrás. Foi faraó, tendo exercido seu poder ainda muito jovem. Seu nome real era Amenhotep IV que significava: "Amon está satisfeito". Viveu numa época muito conturbada da história daquela povo: o culto à Amon (um dos múltiplos deuses adorados pelo politeísmo egípcio) tinha adotado posturas degradantes, atribuídas pelos sacerdotes do templo. Estes, que esforçavam-se para obterem mais poder, exploravam as massas através de sua ignorância. Sacrifícios, oferendas de grande vulto, eram todas ofertadas ao deus padroeiro do Egito. Quando  tomou o poder, fez questão de esclarecer o povo quanto ao erro que estavam se escravizando. Que o mais simples trabalhador pudesse saber o quão mágica era a vida.Que todos fossem esclarecidos através das Verdades Eternas e que o culto à um Deus único, todo Amor e Misericórdia fosse pregado em todo o Egito e, se possível ao Mundo (foi o primeiro manifesto monoteísta registrado na história), um Deus chamado Aton. O faraó passou a chamar-se, então, Akhenaton que significa "o Espírito atuante de Aton" ou "discípulo de Aton".Representava este Deus através de um disco solar, cheio de braços que estendiam seus raios à fim de abençoar toda a Terra. Obviamente, Akhenaton fora perseguido por aqueles que se sentiam ameaçados com suas idéias renovadoras. Teve, então, que abandonar Tebas, antiga capital, e construir uma nova cidade (Akhet-Aton), hoje conhecida como Tell- el- Amarna. Lá a arte e a ciência se desenvolveram, o esclarecimento através das Verdades Eternas tomou um grande rumo e a bondade e generosidade floriram. Ele propôs um Egito generoso, sem guerras, sem armas, sem escravos
O fim dramático da aventura amarniana é devido a circunstâncias políticas e históricas que não diminuem em nada o valor do ensinamento de Akhenaton. Se é inegável que o fundador da cidade do sol, a cidade da energia criadora, entrou em conflito com os homens que ele queria unir pelo amor de Deus, não é menos verdade que ele abriu uma nova concepção sobre esta luz que a cada instante se oferece aos homens de boa vontade.Sua experiência foi uma tentativa sincera de perceber a Eterna Sabedoria e de torná-la perceptível a todos. A coragem que demonstrou na luta constante por seus ideais, sem dúvida, fez dele um marco eterno na história da humanidade.A história de Akhenaton mostra, mais uma vez, que um homem melhor faz um meio melhor, e que a força de sua convicção em seu objetivo altera a vida do meio, seja ele uma rua, um bairro, uma cidade, um país.... o Universo. Para isto, há de se ter Coragem!






Com o seu lendário carisma, sua beleza venerada e poder, ela é uma das mulheres governantes mais fascinantes do Egito Antigo: Nefertiti.



Nefertiti — por mais de uma década ela foi a mulher mais influente do Egito. Reverenciada pelo seu povo, ela reinou lado a lado de Amenófis IV, governante da 18.ª dinastia do Novo Reino, que mudou seu nome para Akhenaton depois de subir ao trono em 1353 a.C. Entretanto, praticamente nada se sabe sobre a linda rainha. Ela simplesmente desapareceu da história. Isso aconteceu aproximadamennte em 1336 a.C, quando ela devia ter 30 anos de idade.


A beleza de Nefertiti era tal que outros aspectos da sua personalidade foram eclipsados pela sua aparência física. Contudo, a importância política e religiosa dessa rainha se evidencia nas representações de sua imagem.Casada com Akhenaton, que conferiu-lhe o poder, tinha uma influência tão grande que chegava a ser representada com coroa dupla, símbolo do poder do faraó. Hoje é cultuada como semi-deusa. Pouco se sabe do destino da esposa de Akhenaton. Não há registros de sua morte. Nem mesmo a sua tumba — até recentemente não havia sido encontrada.
 

O AMOR DE AKHENATON E NEFERTITI



Então, até onde a História conta, Akhenaton, em contraste com a maioria dos reis da Antiguidade e da sua própria estirpe, parece ter-se contentado, durante toda a vida, com o amor de uma única mulher, dada a ele como Grande Esposa quando ainda era apenas uma criança.

Nefertiti - Museu Egípcio de Berlim

Akhenaton e Nefertiti amavam-se com fervor. O jovem rei não teria procurado "esposas secundárias", seguindo o costume de seus antepassados, simplesmente porque nessa sua única rainha "o seu coração encontrava a felicidade", tal como ele mesmo declarou em várias  inscrições.

Akhenaton

A extraordinária importância que ele atribuiu à sua amada, pode bem ser a prova de tudo quanto ele sentiu.  Sendo assim, podemos deduzir que tenha compreendido, melhor do que qualquer outro homem, o valor supremo do amor, da ternura e do prazer.

Akhenaton


auxilioemocional.blogspot.com.br: Visualizar "AKHENATON E NEFERTITI""É teu este livro, vida de minha vida, alma de minha alma. Faz dele o que quiseres, mas, permite, ó lua, filha da noite mais bela, cujos raios prateiam as águas do Nilo, em cujas margens, sob seu fulgor, amam-se tantos seres como nós, filhos de Aton, o indivisível, o eterno, como eterno será o nosso amor, que te divinize. Amo-te, donzela de pele alva e macia como o melhor dos melhores papiros, e, perdoa este pobre amante, por amar mais Aton que a ti. Vens, logo em seguida, pois, lírio perfumado, Ele te criou e deuma para mim. Sagrado seja Teu nome, pois, entre as que foram criadas, és a melhor escultura, és Dele a obra-prima. 

És uma garça, altiva e serena, e és a graça que tive a ventura de ter. Amo-te, não importando a distância que o tempo nos condenou...

Senhora, que é o tempo para tão grande amor? Demos, ao tempo, tempo para, outra vez, nos unir... Não importa onde, ou quando. Fui rei, quero ser o mais humilde dos párias, a teu lado. Não há tempo, nem espaço, sejam quais forem os desvios do destino, eu te espero. Quero-te como sempre quiz e, o meu amor vencerá toda a eternidade, mais duradouro que os monumentos, por nosso povo, erigidos. Amada maior que a maior das pirâmides, crê- és alma de minha alma, és essência de minha essência, pois que procedemos de um outro mundo, onde as moneras ( menor partícula do espírito ), já existiam...Crê , Esfinge, por mim, tens amor decifrado. As almas gêmeas já existiam antes de nós, Akhenaton e Nefertiti viverem. Pouco importa o corpo no qual, agora, teu espirito anime, o nosso amor independe . Por que? porque somos um pedaço do outro e, então, o que me importa o que seja eu e tu? Os nossos espíritos já se conheciam, mercê de Deus . Pouco importa o tempo que estejamos separados, e que nossas almas conheçam outras... nós, nascidas do mesmo tálamo, estaremos juntas um dia.. O meu Deus, O Onipresente, o Incognicível, jamais criaria um espírito só, para animar um só corpo, mas, sim, dois da mesma essência, para que, em sucessões de vidas, conhecessem tudo; os prazeres, as desditas, para, depois, mercê Dele, juntos, proclamem, abraçando-se e beijando-se- viva o nosso Deus, que nos permitiu andar, viajar pela eternidade, trabalhando, ajudando, sofrendo, gritando, para, enfim, nos encontrarmos, e então, alma de minha alma, estaremos juntos, e estaremos em paz. Sorria, pois que em breve estaremos juntos. Ambos resgatamos o mal a que a nós mesmos fizemos. Viva Deus, meu amor, que nos pôs na escola da vida para aprendermos a amá-lo, enaltecendo e valorizando o nosso amor.

Amo-te."

Extraido do livro:Akhenaton, o filho do sol

De Luiz Carlos CarneiroO período do reinado de Akhenaton e Nefertiti:

   Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito


Trecho transcrito do livro: Nefertiti e os Mistérios Sagrados do Egito.

Autora: Chiang Sing (pseudônimo de Glycia Modesta de Arroxellas Galvão). 



Em seus passeios matinais, quando o orvalho ainda brilhava nas folhas e nas flores do jardim real, Nefertiti e Akhnaton, tocados pelo seu idealismo religioso, costumavam iniciar as princesinhas nos segredos da natureza, por meio de histórias singelas de um mundo de maravilhas.

(...) 

O rei emergiu lentamente da profundeza de seus pensamentos, e começou a falar:

- Bem longe, lá pelas bandas do Eufrates, perto das terras de Shutarna, rei de Mitani, viviam sete sábios muito velhos na corte de um rei muito bom e muito rico. Um dia, os sábios se reuniram no palácio e o rei contou-lhes que uma estrela maravilhosa lhe aparecera em sonhos, sob a forma de uma donzela, formosa como a primeira névoa da manhã. E ela disse ao rei: “Gostaria de viver entre o seu povo, ó rei, pois amo a sua terra e a sua gente. Pergunte aos sete sábios da corte qual a forma que devo tomar e onde devo surgir para viver tranqüila entre aqueles a quem amo!”

(...)

- Os sábios pensaram um pouco e responderam: “Deixemos que a donzela estrela faça a escolha. Ela será bem-vinda sob qualquer forma e em qualquer lugar onde apareça”. E naquela noite, o rei olhou para o céu tentando distinguir qual daquelas estrelas tinha lhe aparecido em sonhos. Como era impossível saber, ele orou para a donzela estrela e foi dormir. E assim, naquela mesma noite, a estrela desceu do céu e pousou mansamente sobre as águas frias do lago que havia no Palácio Real. Na manhã seguinte, quando o rei acordou e olhou para o lago ficou deslumbrado. Seu coração descompassadamente e seus olhos encheram-se de lágrimas. O ago estava todo florido de lótus brancos, azuis e rosados. Os pássaros cantavam. As borboletas voavam alegres por entre os juncais e o ouro das acácias, mas nenhuma ousava pousar nas flores de lótus, cujas pétalas delicadas lembravam a forma de uma estrela. As raízes dessas flores celestiais estavam fincadas no lodo que havia bem no fundo do lago, mas suas hastes verdes atravessavam o cristal sereno das águas, suas folhas se abriam para o beijo da brisa e suas flores emergiam na superfície para receber a bênção dos raios divinos do Sol, o divino Aton, de quem eram mensageiras.

(...)
Mas logo, levado pela emoção, Akhnaton esqueceu de que estava falando para um público infantil e sua memória evocou as palavras iniciáticas da Casa da Luz:
- A estrela-flor era o emblema dos poderes criadores, da ideação divina do senhor do disco. Representava também o ser humano que, enraizado no lodo de suas paixões, eleva a haste dos seus ideais acima das águas nebulosas do astral e da atmosfera diáfana de sua mente, para abrir a corola de seu coração aos eflúvios da essência divina do Cosmo.
Toda a existência da estrela-flor se desenrolou no fundo das águas, numa espécie de sonolência, até o momento nupcial, em que passou a viver uma nova vida. Então, ela desenvolveu lentamente a larga espiral de seu pistilo, subiu, emergiu das águas e abriu-se na superfície clara do lago. Da margem vizinha, assim que a viu, um lótus-príncipe sentiu-se enamorado, atraído para um novo mundo de sonhos pela mágica sucessão daquela estrela-flor.
O lótus-príncipe foi se aproximando, mas, no meio do caminho, teve de parar porque o talo que sustentava era curto e não lhe permitia chegar até onde resplandecia maravilhosamente a estrela-flor. Seu coração sentiu o drama terrível do desejo inatingível, da fatalidade transparente. Semelhante drama era quase tão insolúvel como o nosso próprio drama sobre a Terra.
Mas eis que de repente surge uma nova e inesperada circunstância. Com um esforço galante, ele rompeu heroicamente o laço que o ligava à vida para voar até as alturas do seu ideal sublime. Cortou sua própria haste, e num incomparável impulso, entre pérolas de alegria, suas pétalas surgiram na superfície das águas... feridas de morte; porém livres e rutilantes, elas flutuam um instante ao lado de sua amorosa esposa. 
A união das duas flores se realiza, mas logo após o lótus-príncipe desmaia sobre as águas e morre, enquanto a brisa leva o seu corpo até a margem do lago. A estrela-flor, já fecundada pelo amor do lótus-príncipe, cerra suas pétalas, onde ainda pairavam os amantes eflúvios do lótus-príncipe, enrola seu pistilo e volta a descer até o fundo do lago, para chorar sua mágoa e amadurecer o fruto de um amor heróico e sem limites.
Existem homens que, tal como a estrela-flor, fazem descer os frutos do espírito até o lodo de sua vida inferior. Todo homem, e toda mulher, é uma estrela...
Akhnaton calou-se. Seus olhos sonhadores estavam fixos no horizonte, onde brilhavam os raios divinos do Sol.

Rumi*A musica do Sama












Com a maré da manhã surgiu no céu uma lua.
De lá desceu e fitou-me.
Como o falcão que arrebata o pássaro,
Essa lua agarrou-me e cruzou o céu.
Quando olhei para mim, já não me vi:
Naquela lua meu corpo se tornara,
Por graça, sutil como a alma.
Viajei então em estado de alma
E nada mais vi senão a lua.
Até que o segredo do saber divino
Me foi por inteiro revelado:
As nove esferas celestes fundiram-se na lua
E o vaso do meu ser dissolveu-se inteiro no mar.
Quando o mar quebrou-se em ondas,
A sabedoria divina lançou sua voz ao longe.
Assim tudo ocorreu, assim tudo foi feito.
Logo o mar inundou-se de espumas,
E cada gota de espuma
Tomou forma e corpo.
Ao receber o chamado do mar,
Cada corpo de espuma se desfez
E tornou-se espírito no oceano.
Sem a majestade de Shams de Tabriz
Não se poderia contemplar a lua.
Nem tornar-se mar Jalaluddin RumiRumi

"Sou as partículas de pó à luz do solSou o circulo polar
Ao pó digo: “Não te movas”
e ao sol: “Segue girando.”


Sou a névoa da manhãe a brisa da tarde.Sou o vento na copa das árvorese as ondas contra o penhasco.Sou o mastro, o leme, o timoneiro e a quilhae o recife de coral em que naufragam as embarcações.Sou a árvore em cujo galho tagarela o papagaio.Sou o silêncio e pensamento e também todas as vozes.Sou o ar pleno que faz surgir a música da flautaa centelha de pedra, o brilho do metal.Sou a vela acesa e a mariposa girando louca ao seu redor.Sou a rosa e o rouxinol perdido em sua fragrância.Sou todas as ordens de seresa galáxia girante,a inteligência imutável,o ímpeto e a deserção.Sou o que é e o que não é.Tu, que conheces Jalal ud-DinTu, o Um em tudoDiz quem souDiz eu souTu." Jalaluddin Rumi





Há uma libertação que vemQuando você deixa de comer restos gordurososA passa a comer alimentos mais nobres e belos.Um tipo de comida lhe traz flatulência e diarreia,Um peso no estômago. O outro lhe mantém leveEnquanto você cavalga o oceano. Jejue e observe o que surge.Uma pessoa materialmente cheia não está alertaPara pratos que degradam.Não coma sempre o que é oferecido.Seja altivo. Recuse o primeiro prato.Espere e o anfitrião mandará comida melhor. Erga sua cabeça como a montanha mais alta no escuroQue o amanhecer torna vermelhae então dourada.

________________________


Quando está frio e chovendo,Você é ainda mais lindo.

E a neve traz-me ainda mais pertoDos seus lábiosO segredo interior,aquilo que ainda nem nasceu,você é aquele frescore eu estou com você agoraNão posso explicar as idas ou as vindas.Você entra de repente,E estou novamente em lugar nenhumDentro da majestade
.__________________________
Há um beijo que desejamos toda a nossa vida,O toque do espírito no corpo.A água do mar implora á pérolapara que ela rompa sua concha.E o lírio,quão apaixonadamente ele precisade algum querido companheiro selvagem.À noite, abro a janelae peço para a luavir e apertar seu rosto contra o meu.Respirar dentro de mim.Feche a porta da linguageme abra a janela do amor.A lua não usará a porta,somente a janela.
_________________________________________
Você pode encontrar um outro mercado como este?Onde com sua única rosa você pode comprar centenas de jardins?Onde com uma semente pode conseguir toda a selva?Em troca de uma respiração fraca,um sopro divino?Você tem tido medo de ser absorvido pelo chãoe tragado pelo ar.Agora, seu pingo se rende cai no oceano de onde ele veio.Ele já não tem mais a forma que tinha,mas ainda é água.A essência é a mesma.Essa rendição não é um arrependimento.É honrar profundamente a si mesmo.Quando o oceano vier a você como um amante,case de imediato, rapidamente,pelo amor de Deus. Não adie!A existência não tem presente melhor pra dar.Não há busca suficiente que encontre isso.Um falcão perfeito, sem motivo nenhum pousou no seu ombroe tornou-se seu.


Jalaluddin Rumi
por Ricardo Melito







Sama III/IV"Viemos girando do Nada, espalhando estrelas como pó. As estrelas puseram-se em círculo e nós ao centro dançamos com elas. Como a pedra do moinho, em torno de Deus gira a roda do céu. SEGURA UM RAIO DESSA RODA E TERÁS A MÃO DECEPADA!! Girando e girando essa roda dissolve todo e qualquer apego. - Não estivesse apaixonada, ela mesma gritaria - BASTA! até quando há de seguir esse giro? Cada átomo gira desnorteado, mendigos circulam entre as mesas, cães rondam um pedaço de carne, o amante gira em torno de seu próprio coração. Envergonhada diante de tanta beleza, giro ao redor de minha vergonha. Vem! Ouve a música do Sama. Vem unir-te ao som dos tambores! aqui celebramos: Somos todos a verdade! Em êxtase estamos. Embriagados, sim, mas de um vinho que não se colhe na videira; O que quer que pensem de nós em nada parecerá ao que somos. Giramos e giramos em êxtase. esta é anoite do Sama Há luz agora - Luz! Luz! Rumi









O Sonho de Osho


O Sonho De Osho

Minha confiança na existência é absoluta.
Se houver alguma verdade naquilo que estou dizendo,isso irá sobreviver...
As pessoas que permanecerem interessadas no meu trabalho irão simplesmente carregar a tocha,mas sem imporem nada a ninguém...


"Permanecerei uma fonte de inspiração para o meu povo,e é isso que a maioria dos Saniásins sentirá.Quero que eles desenvolvam por si mesmos qualidades com o Amor,à volta do qual nenhuma igreja pode ser criada;como consciência,que não é o monopólio de ninguém;como celebração,deleite;e que se mantenham rejuvenescidos,com os olhos de uma criança..."



"Quero que as pessoas conheçam a si mesmos,que não sigam as expectativas dos outros.E a maneira é indo para dentro."



"Deixo a vocês o meu sonho."

Osho

Juramento de Hipócrates e o Terapeuta


A Atitude do Terapêuta
Aquele que se ocupa em cuidar dos seres
vê sempre
Abrirem-se as portas das almas.

SOMOS PARTE DE UM TODO:

Um dia estava trabalhando no campo e feri meu dedo. Podia ter ignorado o fato, mas limpei o ferimento e coloquei um curativo.

Se tivesse ignorado o ferimento e o dedo infeccionasse, todo meu corpo teria sofrido.

Da mesma forma, se sentimos que somos parte do corpo cósmico, do Universo todo, como podemos deixar de amar todas as partes.

Quando sentimos que somos partes de um todo, que pertencemos ao todo e que o mundo todo nos pertence, esse mesmo sentimento faz-nos amar, e esse amor dá origem à cura...

Nenhum curador pode curar sem o amor universal.

SWAMI SATCHIDANANDA(escritor indiano 1914-2002)



Atitude Interior

   É fácil entender que tratamentos voltados para os corpos sutis exigem de quem os dispensa o alinhamento de seus atos, pensamentos e palavras, a fim de que, como sucede com um vaso de cristal, as energias que o atravessam não sejam limitadas e até mesmo obstruídas por escórias que só fariam retardar a passagem da luz.

     A qualidade do tratamento dispensado vai depender da nossa qualidade enquanto seres no momento da nossa ação, pois ninguém pode atuar como terapeuta se não tentou trabalhar a si mesmo e purificar-se das próprias escórias.

     Isso não significa, de modo algum, que é preciso ser perfeito para poder dispensar esse tipo de tratamento. Seria muita pretensão de minha parte julgar ter resolvido todos os meus "problemas", mas é certo que, de vida em vida, um dos meus objetivos foi sempre o de conseguir que meus diferentes corpos estivessem suficientemente sintonizados entre si para servirem de canal às energias de luz que sempre presidem qualquer tratamento.

     Embora antes da época dos essênios eu já tivesse conhecimento dos tratamentos, refiro-me aos de dois mil anos atrás porque os ensinamentos dessa época são de grande precisão e Jesus, um dos meus maiores professores.

     Jesus fazia uma grande diferença entre os mágicos e os enamorados do Amor. Os "milagres" realizados por estes e por aqueles pareciam idênticos, mas nos planos sutis a diferença era grande, pois a compreensão da Vida estabelecia-lhes a qualidade. Ele nos dizia, com relação à materialização de objetos, basicamente o seguinte:

     "Existem duas maneiras de realizar os fatos a que nos referimos... Para a maioria dos seres, a diferença é nula, pois seus olhos de carne não captam senão os efeitos... Os mágicos projetam os raios de sua alma até o objeto de sua avidez, fazem-no sofrer uma transformação e trazem-no para o lugar onde se encontram... Eu porém dos digo: aquele que cria o faz por amor, aquele que se apropria do já criado opera pelo desejo.

     "O desejo vos destruirá se não estiverdes atentos. Ele vos força a tomar sem dar nada em troca. As leis do Sem Nome são inversas às que vós estabelecestes sobre a Terra, meus Irmãos; aquele que colhe sem nada distribuir não pode senão empobrecer-se inexoravelmente... Assim, eu não vos proponho o poder, mas a compreensão. Compreender é amar. "

     Se faço menção a essas palavras no capítulo das atitudes é para que se entenda melhor o que pode ser o "desejo" do terapeuta e para que não sejamos mágicos-terapeutas, mas orientadores amorosos.



O Desejo

     Freqüentemente, e de forma sutil, infiltra-se em nós o desejo de aplicar um tratamento, e está aí muitas vezes a pedra de tropeço em nosso caminho. Todos nós desejamos que a pessoa que nos procura se cure e, mais ainda, que "nós" possamos curá-la, proporcionar-lhe o alívio que ela veio buscar junto de "nós". Isso parece de uma lógica absolutamente inevitável. Entretanto...

     Um ser que sofre não sofre por acaso. Através da provação por que passa, ele aprende e cresce, pois as provações são, freqüentemente, "presentes" que damos a nós mesmos, para irmos mais longe em nós e para além de nós. O sofrimento não é uma fatalidade, e certos mundos não o conhecem mais. Um acidente ou uma doença são sinais para nos fazer entender que uma parte de nós está em desacordo com a outra. São encontros impostos pela nossa vida supraconsciente que se tornarão trampolins assim que os tenhamos compreendido e resolvido. Pode acontecer, é claro, que um grande sofrimento nos faça fechar-nos como um tatu-bola sobre nós mesmos e torne mais lento o nosso caminhar. Conheço perfeitamente isso, por experiência própria, mas sei também que há sempre uma "luz no fim do túnel", mesmo que este pareça terrivelmente escuro no momento em que o atravessamos. Não quero dizer com isso que o terapeuta não possa fazer nada. Pelo contrário, ele pode nos levar a considerar o nó do "problema" que nos coube de uma perspectiva mais elevada; pode igualmente trazer os tijolos e o cimento que vão nos permitir reconstruir-nos; mas ele não poderá jamais construir no nosso lugar, percorrer o nosso caminho, porque isso somente nós podemos fazer.

     Para o terapeuta, o desejo de curar freqüentemente está ligado ao fato de querer ser indispensável. Saber que sem nós uma pessoa não pode sair da situação em que se encontra, ou antes que nós podemos tirá-la dessa situação, é uma questão de orgulho. Queremos ser, nesta terra, indispensáveis, úteis, ou seja, valorizados, e se achamos que não temos capacidade para tal, preferimos tornar-nos marginais, no sentido relativo do termo, que para mim significa, neste caso, ser contra a sociedade, porque não encontramos nela o nosso lugar. Eu, particularmente, defendo uma outra forma de marginalidade, principalmente interior, e que nos deixa a possibilidade de dizer "sim" ou "não" por genuína escolha.

     Pelo "desejo" nós existimos, mas não "somos". Sejamos nós mesmos no mais profundo do nosso ser, e estejamos bem certos de que ninguém cura ninguém. Essa afirmação pode parecer a você ousada ou fora de lugar, mas vidas e vidas passadas tratando das pessoas permitiram-me compreender isso tudo profundamente. Podemos aliviar, ajudar, trazer elementos que contribuem para a cura, mas a Cura propriamente dita, a Vida e a Morte não dependem de nós.

     Certos doentes não querem se curar; desejam-no, é claro, superficialmente, mas a doença apresenta-se a eles como uma proteção e, embora ilusória, parece dar sentido à existência. Outros não vêem como sair do "impasse", que nunca existe de fato, e no mais profundo de si mesmos, muitas vezes inconscientemente, preferem morrer. São muito numerosos também os que partem curados para outros mundos, pois o nó que existia neles dissolveu-se afinal. Não temos dados suficientes para saber o que é bom ou justo neste ou naquele caso e, se desejarmos dar o melhor de nós mesmos a quem pede a nossa ajuda, isso nos levará a uma grande humildade.

     A luz que passa através de nós no momento dos tratamentos, a qualidade do amor que vamos poder dar, esse é o nosso "trabalho".

     O "desejo" toma muitas vezes a aparência de amor, da mesma forma que se confunde freqüentemente a emoção, que parte do terceiro chakra, com o amor, que parte do quarto; confunde-se também afeição com amor. Evidentemente, pode haver diferentes formas de amor e algumas podem ser coloridas por outros sentimentos, mas o Amor com A maiúsculo não tem família nem fronteiras, nem obrigações nem coloração. Ele E, e freqüentemente quem o pratica nem mesmo sabe que o pratica porque está mergulhado nele; ele é Amor. Isso é exigido de nós como algo fundamental.



O Julgamento

     Esse amor total não pode admitir julgamento. Neste ponto, também a fronteira é sutil entre julgamento e opinião. Emitir uma opinião, dar um parecer sobre alguma coisa ou sobre alguém é uma atitude neutra e está mais próximo de unia constatação. Emitir um julgamento é implicar-se pessoalmente na opinião, tomar partido segundo a nossa experiência, sem nos colocarmos na pele do outro. A neutralidade é uma qualidade indispensável, mas neutralidade não significará jamais indiferença ou frieza. Nós trabalhamos o amorterapeuta e devemos fazer florescer a confiança e a paz nos seres sofredores que nos procuram.

     Numa aldeia dos índios hurons, li esta frase que ficou gravada em minha mente:

"Grande Manitu, não me deixes criticar o meu vizinho por tempo muito prolongado, da mesma forma que eu não usaria seus mocassins durante uma lua inteira. "

     Isso nos leva a uma outra qualidade que devemos desenvolver como terapeutas.



A Compaixão

     É a chave indispensável que abrirá todas as portas, mas é também a chave que temos de procurar, pois a perdemos há muito tempo!

     Por ocasião da minha aprendizagem, na época essênia, os Irmãos ensinaram-me como respirar no ritmo do ser que sofre. Eu sabia que poderia, dessa forma, pouco a pouco, identificar-me com ele e, sem adquirir o seu mal, vivê-lo interiormente. Essa etapa é indispensável, pois vai permitir captar a fonte do mal, depois desviá-la para o nosso corpo de luz antes de transmutá-la com toda a força do nosso coração e da nossa vontade.

     Ter compaixão não significa naufragar com o outro, mas amá-lo suficientemente para saber o que ele sente. E compreender o que ele é sem julgá-lo; é sentir o que ele sente sem a emoção que o invade. Cada um de nós pode encontrar múltiplas definições para a palavra "compaixão". Na verdade pouco importa sua definição, desde que se saiba durante alguns minutos ser Ele, esse outro eu que sofre e nos chama.     "Aquece o teu coração, faz brilhar as tuas mãos e não haverá nem dor que possa desenvolver a sua espiral, nem mal que continue a tecer a sua teia...", ensinavam ao pequeno Simon os irmãos do Krmel.



A Transmutação

     "Não se destrói o mal... "

     Diante da doença existe uma lei universal que aprendi na época de Jesus e que ponho sempre em prática: não se destrói o mal. É nossa alma que permite a sua existência por causa das suas próprias fraquezas; devemos, então, não aniquilá-lo ou afastá-lo, mas substituí-lo pela luz que, ao tomar o seu lugar, transmutará a sombra.

     Essa noção deve estar sempre presente quando praticamos, pois, ao utilizar o tipo de método ensinado aqui, nosso estado de espírito assemelha-se àquele do alquimista que vai transformar o chumbo em ouro. Nosso intuito não é destruir, arrancar, retirar o que quer que seja; operamos no amor e por amor, e é a luz que o compõe que deverá, pouco a pouco, substituir as zonas de sombra que deixamos instalarem-se em nós. Pode acontecer de certos terapeutas, e mesmo certos doentes, odiarem o mal que carregam ou que pensam que devem combater. Trata-se de um erro grosseiro, mesmo que compreensível, humanamente falando. Também neste caso é preciso impregnar-se das leis cósmicas que, invariavelmente, continuam sua trajetória para além de nossa compreensão. Quanto mais enviarmos pensamentos de ódio, de cólera, de rancor a quem nos machuca, tanto mais reforçamos a ação dessa pessoa e enfraquecemos a nossa. Lembrando o itinerário de viagem das formas-pensamento, fica mais fácil compreender como um pensamento de ódio vai atrair para nós outros pensamentos do mesmo tipo e nos embrutecer consideravelmente, obscurecendo por um momento a luz com que poderíamos nos reconstruir interiormente. Além disso, essa forma-pensamento vai alimentar e entreter o mal contra o qual lutamos muitas vezes sem muita habilidade.

     Lembro-me da época da guerra do Golfo. Os pensamentos de ódio disparavam na direção de Saddam Hussein e, nessa ocasião, as pessoas com quem costumamos trabalhar nos diziam: "Se vocês envolverem esse ser em ódio, esses pensamentos reforçarão a ação dele no sentido da maldade. Se vocês lhe enviarem pensamentos de paz, a ação dele será por eles enfraquecida, pois não encontrará mais o alimento que a compõe... "

     Cabe a nós, portanto, saber o que queremos; e se nem sempre podemos, num primeiro: momento, agradecer à doença pelo caminho que nos obriga a percorrer, evitemos ao menos alimentá-la.



Atitude Exterior

     "Boa vontade não basta... "     Considero difícil estabelecer uma separação entre atitude interior e atitude exterior. As duas estão estritamente ligadas e se sustentam, mas é necessário abordar o lado mais técnico, ao menos para quem está começando. A técnica não é, na verdade, senão um suporte para alguma coisa que está além de nós e que aos poucos há de instalar-se em nós. Entretanto, vi muito freqüentemente pessoas animadas de enorme boa vontade fazerem qualquer coisa a pretexto de ouvir o coração. Somos feitos de diversos elementos e não devemos negligenciar um deles em proveito de outro. O estado psicológico está a nosso serviço, nossa vontade também está e nós devemos utilizá-los como tais.

     "De boas intenções o inferno está cheio" - é um ditado popular de muito bom senso. Aqui também reforço o meu alerta: para tornar-se um bom terapeuta, boa vontade não basta! Mesmo que todo o Amor do mundo esteja latente em você, é preciso ainda fazê-lo florescer e aceitar humildemente a aprendizagem necessária e os conhecimentos dos mundos sutis que impossibilitam virmos a transgredir certas leis sem sofrer ou provocar conseqüências.

     Atualmente, os habitantes da Terra, em sua grande maioria, funcionam no nível do terceiro chakra. Isso significa que muitas vezes o nosso modo de amor é humano demais e perpassado de emotividade. Esse amor, por mais válido que seja, não nos vai proporcionar o necessário distanciamento, a ponto de nos isentar de aprender. Da mesma forma que um excelente pianista pode improvisar com sucesso, se quiser, porque antes estudou suas escalas, assim também cada terapeuta poderá ir além das técnicas para proclamar o que sente profundamente, desde que tenha algo a ultrapassar, isto é, desde que tenha, ele também, "estudado suas escalas".

     É sempre muito curioso ouvir pessoas que pensam que podem fazer qualquer coisa a pretexto de alcançar planos mais sutis do que aqueles nos quais costumamos "trabalhar". Buscar o "sutil" não significa caminhar ao acaso, ou agir conforme o humor ou a disposição do momento. Temos em nós todas as capacidades e podemos despertá-las, mas o "abandonar-se" é algo que se aprende, a "neutralidade" também, assim como a "compaixão". Certamente não aprendemos a desenvolver isso tudo da mesma forma que aprendemos matemática ou história. As lições são sempre muito práticas e a vida se encarrega de colocá-las no nosso caminho até que tenhamos compreendido o que tínhamos para aprender... Mas trata-se sempre de um aprendizado e não podemos deixar de considerá-lo; da mesma forma que, para aprender a ler e a escrever, precisaremos de um pouco de tempo e de perseverança, mesmo fazendo dessa atividade algo agradável, o que é o ideal.

     Depois desse alerta, passo a lhe propor alguns "pontos de referência" no tocante à posição a assumir por ocasião dos tratamentos.

     Particularmente, prefiro, hoje em dia, realizar o tratamento usando um colchonete colocado diretamente sobre o chão; mas algumas pessoas, terapeutas ou pacientes, podem ter dificuldade para se movimentar nessa posição. Nesse caso, uma mesa de tratamento dará conta plenamente da tarefa.

     O paciente deverá estar em trajes íntimos, ou pelo menos vestindo roupas de algodão para evitar interferências, e não deve cruzar pernas ou braços a fim de não cortar os circuitos de energia. Deve também, pelas mesmas razões, tirar relógio e jóias. Não há nisso nada de excepcional ou esotérico; é fácil compreender que o cruzamento das pernas pode dificultar a circulação do sangue, acontecendo o mesmo com relação às energias nos planos mais sutis.

     Quem administra o tratamento deve estar de pé junto do paciente, se este estiver deitado em um leito ' ou mesa de tratamento, e sentado na posição de lótus ou de joelhos, se o paciente estiver deitado sobre um colchonete apoiado diretamente no chão. A coluna vertebral do terapeuta deverá estar o mais reta possível para que as energias com que trabalha circulem mais facilmente.

     Depois de ter-se deixado envolver pela calma e pela neutralidade, o terapeuta, pode e deve dirigir-se ao paciente para que este se sinta confiante e invadido por uma benfazeja serenidade. A beleza e a simplicidade do lugar poderão sem dúvida contribuir para que se instale esse oportuno bem-estar. A partir desse instante preciso, tem início a verdadeira preparação para os tratamentos, de que falarei detalhadamente a seguir.
Artigo retirado do Livros dos Essênios



juramento de Hipócrates

Neste documento, guardado pela National Library of Medicine, nos Estados Unidos, o Juramento de Hipócrates encontra-se em grego na coluna da esquerda, com tradução para o latim na coluna da direita. Hippocrates. Ta euriskomena … Opera omnia … (Francofurti: Apud Andreae Wecheli heredes, 1595). Estima-se que o texto original do Juramento tenha sido escrito no Século 4 Antes de Cristo. 


Juro por Apolo, o médico; e  por Esculápio, Higéia, Panacéia, tendo todos os deuses e deusas como minhas testemunhas que, de acordo com minha habilidade e julgamento, manterei este Juramento e este contrato:

Eu vou nutrir a mesma afeição que tenho para com meus pais àquele indivíduo que me ensinou esta arte, ser dele um parceiro na vida e preencher suas necessidades quando requisitado; considerar os filhos dele como iguais aos meus próprios irmãos, e ensinar-lhes esta arte caso desejem aprendê-la, sem pagamento ou contrato; e que através das regras, aulas e todos os demais métodos de instrução pré-estabelecidos, transmitirei um conhecimento da arte para meus próprios filhos e para os filhos de meus professores, e para os estudantes presos a este contrato e que proferiram este Juramento à lei da medicina, mas não a outros.

Também prescreverei regimes de estilo de vida que beneficiem meus pacientes, de acordo com minha melhor capacidade e julgamento, E EU NÃO VOU LHES CAUSAR MAL ou causar-lhes maus tratos.

Eu não darei droga letal para ninguém, caso isso me seja solicitado, nem aconselharei tal procedimento; e similarmente, não darei a uma mulher um pessário que lhe provoque um aborto.

Na pureza e de acordo com a lei divina, cumprirei minha vida e minha arte.

Eu não utilizarei a faca, nem mesmo naqueles que sofrem de cálculos, mas deixarei essa tarefa para aqueles que foram treinados nesta arte.

Em qualquer casa que eu vá, entrarei pelo benefício do doente, evitando qualquer ato voluntário de impropriedade ou corrupção, incluindo a sedução de mulheres ou homens, sejam eles livres ou escravos.

Qualquer coisa que eu veja ou escute nas vidas de meus pacientes, seja em conexão com minha prática profissional ou não, e que não convenham ser comentadas do lado de fora, eu manterei secretas, considerando todas essas coisas como privativas.

Contanto que eu mantenha este Juramento fielmente e sem corrupção, que me possa ser permitido partilhar plenamente da vida e da prática de minha arte, ganhando o respeito de todos os homens por todos os tempos. No entanto, caso eu transgrida e viole este Juramento, possa o contrário ser meu destino.

Agora, analisemos o conteúdo deste Juramento de Hipócrates.

Logo de início, o Juramento invoca uma série de personagens da mitologia grega (e mais tarde romana). E é sobre esses personagens que o médico está jurando. Veja por que isso faz sentido:

Até hoje, quando se faz um juramento, jura-se sempre por alguma coisa, ou alguém, ou alguma coisa que representa algo de caráter sagrado. E esse alguém é, quase sempre, um ancestral (vivo ou morto) ou uma entidade divina. Comumente ouvimos dizer hoje em dia: – “Juro pela alma de …” (ancestral falecido), ou – “Juro pela minha mãe” (ancestral vivo), ou até mesmo – “Juro por Deus” (alguém de caráter sagrado). Nos tribunais dos Estados Unidos, o réu e as testemunhas juram pela Bíblia, (coisa que representa o sagrado para a civilização judaico-cristã). Mas o Juramento de Hipócrates consegue abranger tudo: ao invocar personagens da mitologia grega, etrusca  e romana, estão na verdade sendo invocados nossos ancestrais de tempos imemoriais, do berço da civilização ocidental, a quem devemos não apenas nossa herança genética, mas também de conhecimento, e que por sua vez criaram esses personagens mitológicos (deuses, portanto sagrados para nossos remotos ancestrais) através de sua vivência e sabedoria há muito, muito tempo atrás. Esses personagens sempre foram simbólicos e representavam uma série de fenômenos até hoje inexplicáveis pela lógica.


Apolo. Alto relevo fotografado no Parthenon
Assim, a palavra Apolo (que em grego pronuncia-se algo como Apólon) dá origem às palavras redimir/salvar/resgatar (ἀπόλυσις), assim como purificação (ἀπόλουσις). Apolo é um personagem mitológico, filho de Zeus (rei dos deuses do Olimpo). Apolo é um dos mais importantes deuses do Olimpo, sendo conhecido como deus da luz e do Sol, da verdade e da profecia, da medicina e da cura, das artes, da poesia e da música, entre outras coisas. A medicina e a cura eram associadas a Apolo, e também pela mediação de seu filho, Esculápio.
Fonte
Medicina do Estilo de Vida - 
Dr. Alexandre Feldman